Gestão e Negócios
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Fundada em 1994, a Fhom Alimentos, de Marisa Castaldelli Vidoz é auditada há pelo menos 12 anos. “Começamos a fazer marcas próprias para duas redes de supermercados e a realização de auditoria anual – é exigência desses clientes”, conta.
A empresária diz que a auditoria contábil é feita por empresa terceirizada, por ser um trabalho minucioso, que segue muitas leis, dificultando que seja realizado internamente.
“Além disso, a legislação muda com frequência, complicando ainda mais o processo. Já aconteceu de mandarmos mercadoria para Minas Gerais e os produtos retornarem porque havia mudado a tributação do Estado e ninguém nos avisou. Às vezes, em um mesmo Estado as regras variam conforme a atividade da empresa. É tudo muito complexo.”
O fato de ser um processo intrincado, porém, não pode desencorajar pequenas empresas a adotar essa prática. “A auditoria é uma forma de conferir se o que a empresa está fazendo na esfera contábil e fiscal está correto”, diz o diretor da Direto Contabilidade, Gestão e Consultoria, Silvinei Toffanin.
Segundo ele, o resultado pode apontar tanto a oportunidade de restituição de impostos quanto constatar pendências e obrigações que não estão sendo cumpridas corretamente.
O consultor afirma que a empresa pode correr risco tributário por não cumprir coisas simples. Como exemplo, cita um problema comum que ocorre na área trabalhista e está relacionado à alimentação da equipe.
“Para não ter problemas, basta que o empresário faça um comunicado no site do Programa de Alimentação do Trabalhador, do Ministério do Trabalho, informando que está aderindo a este programa. Caso não faça, todo o investimento feito com refeitório ou vale refeição será considerado salário e irá gerar base de cálculo para o INSS. São detalhes desse tipo que a auditoria ajuda a identificar”, explica.
Por meio dos resultados obtidos com auditoria é possível criar cenários para a empresa, fazer projeção futura e melhorar o resultado, ressalta Toffanin. “Além disso, é uma forma de implantar governança transparente nas empresas que estão crescendo e um requisito para atender empresas de grande porte.”
Líder de auditoria da Grant Thornton, Daniel Maranhão acrescenta que o descontrole financeiro e contábil pode levar uma empresas a fechar as portas. “Por outro lado, o controle financeiro adequado produz informações confiáveis e ágeis que são essenciais para a gestão e tomada de decisão.”
Segundo ele, realizar auditoria pode criar bases para a empresa sobreviver em um mercado cada vez mais competitivo, além de facilitar o acesso às instituições financeiras e dar mais segurança na prestação de informações tributárias ao Fisco.
Maranhão afirma que ter dados confiáveis das áreas financeira e contábil, também agiliza o processo para receber investimento ou para vender o negócio. “A transparência e credibilidade são valores indispensáveis para qualquer organização, independentemente de seu porte.”
Passar credibilidade a potenciais investidores foi um dos motivos que pesaram na decisão dos fundadores da Mais Energia Soluções Energéticas de fazer auditoria a partir de 2015, após o primeiro ano de atividade.
“Nosso objetivo foi aumentar a credibilidade do negócio perante fornecedores, clientes e potenciais investidores”, diz o diretor, Fábio Cabral.
O empresário ressalta que a prática proporcionou a implantação de processos e controles voltados à organização e rastreabilidade de movimentações financeiras e de documentos. “Isso facilita a conferência ao final de cada exercício. Também inserimos boas práticas do mercado, sugeridas pelos auditores.”
Segundo ele, no final deste ano a empresa vai implantar rotina bimestral para a realização de auditoria interna, com o objetivo de corrigir eventuais erros durante o exercício e facilitar o trabalho da auditoria anual.
Toffanin conta que ao término da auditoria é gerado um balanço com os dados de antes e depois da conclusão do trabalho. “Se o empresário seguir as orientações dadas pelo consultor externo, no ano seguinte poderá realizar auditoria interna sem a necessidade de contratar uma empresa especializada, basta que siga atentamente as alterações na legislação para fazendo as adaptações.”
Ele afirma que a pessoa que for destacada para fazer auditoria interna deve se dedicar somente a esta função. “No máximo, essa pessoa pode cuidar também da área de compliance, por regra de controle, porque esse funcionário precisa manter a isenção total sobre as demais áreas”, explica.
Maranhão, no entanto, afirma que para realizar esse trabalho é ideal que a pessoa tenha independência em relação à empresa e seus acionistas. “Mas o empresário pode, alternativamente, buscar uma melhoria de seus processos e controles internos contratando um profissional com experiência na área de auditoria contábil, para que seja responsável pela adoção e revisão das melhores práticas de controles e processos internos.”
O pequeno empreendedor que ainda tem dúvidas quanto à importância de realizar auditoria contábil e financeira deve consultar o site da organização de fomento ao empreendedorismo Endeavour. Na área de pesquisa, basta digitar a palavra ‘auditoria’ para ter acesso a um grande volume de informações sobre o tema.
OS RESULTADOS
Vantagens
Melhora do comportamento de governança corporativa e aumento da transparência entre parceiros, sejam eles acionistas, fornecedores ou clientes
Real
As decisões são baseadas em dados concretos, respeitando-se e beneficiando-se das melhores práticas contábeis e tributárias
Antecipação
Riscos e contingências são identificados previamente, evitando perdas de capital
Agilidade
Facilita a entrada de novos acionistas ou investidores, além de tornar mais ágil transações de fusão, aquisição e venda
Fonte: O Estado de S.Paulo - 20/06/2017
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A telefonia é uma das portas de entrada da empresa. O cliente externo, quando efetua uma ligação telefônica, quer ser muito bem atendido, isto é, imediatamente, de maneira amável, tendo o seu pedido atendido ou seu problema resolvido. Quando o cliente liga, ele gostaria de ser atendido rapidamente e não ter que aguardar. Afinal de contas, ele deseja falar com alguém, e ter o seu pedido atendido!
Ao atender uma ligação telefônica:
- Atenda a ligação até o terceiro toque (no máximo);
- Atenda de modo amável: "Empresa X, bom dia!!", com um "sorriso" na voz: as pessoas percebem quando não estamos bem. Você é a imagem que as pessoas vão ter da empresa;
- Procure ser objetivo(a). Certifique-se de que você entendeu perfeitamente o nome, endereço, telefone etc. Repita as informações para o cliente, sempre que necessário;
- Registre e organize as informações em formulário próprio. Identifique a pasta ou livro, de modo que possa ser encontrado imediatamente;
- Defina que informações e orientações serão passadas para o cliente.
Citando Claus Möller: "A mesa telefônica, por exemplo, é uma boa área para se iniciar este tipo de trabalho (fatores de Qualidade Departamental, aqueles que servem para se avaliar e inspecionar o funcionamento de todos os pontos de cada setor): devem ser definidos quantos toques serão dados antes do telefone ser atendido, qual será o tempo de resposta, quais serão as informações e orientações corretas a serem passadas etc. Bem estruturada, a mesa telefônica pode desempenhar um papel de Relações Públicas, onde a telefonista atua como sendo a sua própria gerente de Qualidade".
"Qualidade é investir nas pessoas, dar continuidade às ações definidas e atuar com o espírito de um “double bagger” (empacotador duplo – aquele que se preocupa em colocar uma sacola de supermercado dentro de outra, reforçando-a, de modo que as compras do cliente não caiam no chão...). Para consegui-la, também é importante fazer sempre bons contatos, especialmente nos primeiros minutos do encontro, quando se determinará as horas, os meses e os anos de uma relação: bem atendido, o cliente certamente voltará".
Lembre-se de que você pode contribuir muito para as áreas de sucesso da empresa: Produtividade, Relacionamento e Qualidade!
Fonte: Matthias Rembert Reinold
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O avanço tecnológico e a mudança de comportamento do consumidor estão transformando o setor de varejo. Para sobreviver nesse ambiente tão competitivo, as empresas precisam inovar como nunca. É o que disseram curadores e especialistas do Grupo GS& Gouvêa de Souza, que acompanharam as apresentações no NRF Retail´s Big Show 2018, em Nova York.
As tendências foram discutidas também durante a reunião Retail Executive Summit, realizada na quarta-feira (17), no Mandarim Oriental Hotel, em Nova York. Confira a seguir os principais pontos destacados pelos especialistas:
Consumidor
“Em um ambiente tão competitivo e complexo como esse que atuamos, essa conexão entre pessoas e marcas é muito importante. […] Quando temos valores semelhantes aos dos nossos clientes, é mais fácil se conectar a eles.” – Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da GS&MALLS
“O consumidor começou a exigir do varejo mais compartilhamento, inovação e conveniência. […] O papel do varejo está tendo de ser repensado para se aproximar mais do consumidor.” -Alexandre van Beeck, sócio diretor da GS&Consult
Tecnologia
“Para os próximos dois anos, não acreditamos que haverá um varejo que não trate direito seus dados, o seu data base, que não alimente o seu algoritmo.” – Jean Paul Rebetez, partner na GS&Consulting
“Em todos os cases, de todas as principais palestras, abordou-se a informação, a tecnologia e os dados. O que mais importa não é se você tem os dados, mas sim como vai usá-los. […] A gente precisa entender que a pirâmide inverteu. As informações existem e a gente precisa saber interpretá-las rapidamente. Precisamos parar de investir dinheiro em mídia sem coletar dados. Todo esse investimento que a gente faz gera mais informação para ser interpretada e usada da melhor maneira para entendemos o que o consumidor está falando, para gerar mais receita.” – Fábio Sayeg, fundador e CEO da ZOLY
Inovação
“Vemos o fim do ponto de venda como a gente conhece. Agora, o PDV começa a ter um comportamento parecido com o site. São lojas que se modificam por períodos, horários, movimento e nos fim de semana. A publicidade também mudou, agora é basicamente feita com influenciadores.” – Jean Paul Rebetez, partner na GS&Consulting
“Inovação é exploração com sucesso de novas ideias. Quando a inovação não tem sucesso, ela é uma invenção. Vimos nos últimos tempos a questão do Google, que chegou e criou esse novo modelo de inovação com seus escritórios, parecia que toda empresa precisaria pensar diferente. A maioria das empresas teve um pouco de dificuldade para adaptar essa inovação. Da noite para o dia, transformar uma empresa de 50 ou 100 anos em um negócio como o Google não é fácil para ninguém. A chance das empresas hoje de pensar fora da caixa é talvez terceirizar por meio das startups.” – Caio Camargo, sócio diretor da GS&UP.
Fonte: Época Negócios - 18/01/2018
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Por Álvaro Machado Dias, pós-doutor e professor livre-docente da Universidade Federal de São Paulo
Confrontado com o ceticismo de um jornalista, Roberto Goizueta, icônico CEO da Coca-Cola por 17 anos, respondeu “eu não poderia estar mais seguro”.
O ano era 1985. Há uma década, seu maior concorrente havia iniciado o “desafio Pepsi”, uma campanha de marketing extremamente eficiente, em que pessoas faziam um teste cego das duas bebidas e, reiteradas vezes, apontavam preferência por Pepsi.
A própria Coca-Cola havia replicado o teste, registrando mais de 10% de preferência em sentido à Pepsi. A situação não parecia deixar opções, senão a mais radical: mudar a fórmula secreta mais famosa da história da indústria. A primeira mudança em 99 anos.
Seguro da inevitabilidade dessa conjuntura e amparado pela opinião das 200.000 pessoas que participaram do maior e mais cuidadoso estudo de marketing até então, em 23 de abril daquele ano, a Coca-Cola contra-atacava com a New Coke, uma fórmula mais doce e leve do refrigerante, acompanhada por pequenos ajustes no layout da lata, para adaptá-la ao estilo da moçada que compunha a base de entusiastas da Pepsi.
O resto da história é de conhecimento geral. A New Coke foi um fiasco absoluto, levando ao retorno triunfante da fórmula original 79 dias depois, inicialmente como Coca Clássica, um produto paralelo, até o sepultamento definitivo da New Coke, em 2002.
Uma das coisas que essa história mostra é que avaliações de preferência são profundamente enganadoras. Malcom Gladwell, autor do delicioso Blink, tem uma hipótese para este caso: a experiência de alguns goles difere bastante da experiência de uma lata inteira. Bebidas mais doces são mais marcantes no começo, ocasião em que são preferidas; porém, elas vão perdendo apelo ao longo do tempo, uma vez que se tornam enjoativas.
Em choque após replicar os resultados da concorrente, a equipe da Coca-Cola não conseguiu perceber e levar isso à público de maneira convincente, o que ocasionou um dos maiores prejuízos financeiros e de imagem da história do capitalismo moderno.
Uma coisa que pouca gente sabe é que o Desafio Pepsi não é apenas um marco para o marketing, como o é também para as neurociências, que a partir da virada do milênio começaram a flertar intensamente com o marketing. Foi uma replicação do Desafio Pepsi, enquanto os sujeitos tinham seus cérebros escaneados em uma ressonância magnética, em 2004, o responsável pela popularização do chamado neuromarkerting, área em que a atividade cerebral é utilizada para perscrutar desejos e preferências.
Ali teve início uma verdadeira corrida em busca da melhor maneira de se revelar os segredos mais mundanos da alma humana, secundado por um outro fenômeno, o surgimento de uma legião de comunicadores, especializados em botões de consumo escondidos em zonas reptilianas do cérebro humano e outras noções extravagantes, do ponto de vista da ciência.
Rastreamento ocular, ondas cerebrais, ressonância magnética, espectroscopia infravermelha, variabilidade cardíaca, hormônios, tudo entrou.
Quinze anos depois, o que se observa é que as ferramentas das neurociências encontraram um espaço no universo da pesquisa de marketing, onde aprofundaram tendências e instauram novas. O aprofundamento é sobretudo do rigor, essencial para a coleta de dados fisiológicos, enquanto a principal ideia nova é a de que gostar e preferir são estados cerebrais, que podem ser sistematicamente definidos.
O que pouca gente parece ter percebido é que a maneira como estas verdades foram incorporadas criou uma espécie de generalização das premissas do Desafio Pepsi, da tendência a se tomar a consistência dos dados como evidência de consistência da hipótese subjacente aos mesmos.
Consideremos na prática. Um comercial televisivo tende a ser uma peça curta, voltada à valorização de uma marca ou produto. A maneira mais simples de se fazer isso é expondo as qualidades mais atraentes, durante toda a exibição. Assim, este tipo de narrativa tende a colocar os expectadores em uma postura contemplativa e a gerar um de dois efeitos: experiência positiva ou indiferença.
Seguindo essa lógica, para comparar diferentes versões do mesmo comercial, ou ainda comparar comerciais de diferentes produtos, tudo o que preciso é saber qual produz a experiência mental mais positiva, ao longo de sua exibição – um raciocínio irretocável a ponto de fundamentar um mercado, que hoje em dia transcende o marketing e envolve a indústria do audiovisual como um todo.
O grande problema é que nem todo roteiro é contemplativo ou procura despertar um contínuo de sentimentos positivos. Grande parte deles explora o humor, que depende de momentos menos efusivos para abrir espaço para o riso, bem como a culpa, o mistério, o senso de absurdo e muitos outros.
De todos, nenhum ilustra melhor essa questão do que a dupla terror/suspense e sua versão publicitária atenuada, a narrativa de susto. A qualidade de um filme de terror é determinada pela capacidade de despertar sensações que, fora deste contexto, são consideradas negativas. Se o caso fosse o de usar alguma dessas metodologias de mercado, a recomendação seria apontar as conclusões contra um espelho.
A boa notícia é que a miopia que paira sobre este assunto está sendo tratada. Acabou de entrar no prelo da prestigiosa revista Frontiers in Human Neuroscience, um artigo que traz o primeiro conjunto de experimentos voltados à diferenciação da natureza interna da preferência por filmes contemplativos, de aventuras e comédias.
O artigo sintetiza a pesquisa de doutorado de Henrique Teruo Akiba, meu ex-aluno, e possui tudo para colocar o Brasil em um lugar de destaque nesta área, até porque disponibiliza livremente um tipo de conhecimento que costuma ser patenteado.
É interessante notar como as narrativas engraçadas têm uma dinâmica neurológica a meio caminho entre as de susto, em que o timing é contado em milissegundos, e as contemplativas, em que os elementos cenográficos determinam a experiência, ou como a aventura é um gênero particularmente difícil, que precisa trabalhar com o fato de que a atividade neurológica que faz as pessoas se prenderem às cenas mais eletrizantes, também as torna incapazes de prestar atenção, quando não intercalada por períodos de descanso. Há também o fato de que as preferências variam ao longo do dia, e se relacionam à personalidade.
Muita gente tem perguntado se essa nova linha de estudos vai elevar a qualidade de nossas produções audiovisuais ou, ao menos, de nossos comerciais televisivos.
Difícil saber. Se servir de lembrete de que dados e tecnologias são apenas meios para investigar aquilo que só uma visão nuançada da arte e da técnica pode revelar, sim. Porém, se servir para reafirmar, numa base ampliada, a ideia de que a preferência tem uma assinatura neurológica independente da natureza daquilo que se coloca sob comparação, aí certamente não. Não apenas isso está errado, como a beleza da arte e o interesse da técnica estão em sua capacidade de questionar entendimentos e nos oferecer o inclassificável.
Fonte: Época Negócios - 07/03/2019
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No domingo (24), a cerimônia de entrega do Oscar teve uma abertura bem diferente do convencional. Em vez de mestres de cerimônias fazendo piadinhas sem graça ou números musicais sobre os filmes indicados, a banda Queen e o cantor Adam Lambert, seu atual vocalista, subiram ao palco para tocar sucessos do grupo retratado no filme Bohemian Rhapsody. Ao final da noite, Rami Malek levou a estueta de melhor ator. O filme ainda foi premiado nas categorias: edição; edição de som e mixagem de som.
Tratou-se de uma tentativa clara de alavancar a audiência do show, em queda acelerada desde 2014. Afinal, nesse momento, nenhuma banda do mundo é tão popular quanto o Queen. Recentemente, Bohemian Rhapsody conquistou o título de cinebiografia mais bem-sucedida da história do cinema, com uma bilheteria mundial de US$ 850 milhões – o custo do filme foi de US$ 52 milhões.
Ao mesmo tempo, a música-título tornou-se a canção mais tocada de todos os tempos em serviços de streaming (1,6 bilhões de vezes). Por fim, dois álbuns da banda ocuparam o Top 10 no final do ano passado: a trilha do filme e a coletânea Greatest Hits I & II: The Platinum Collection.
Para o público leigo, a impressão que dá é que estamos testemunhando um renascimento da banda britânica, que retornaria das cinzas para voltar a ganhar dinheiro com seus antigos hits. Mas a verdade é que a marca Queen nunca foi embora. Muito pelo contrário: nas últimas três décadas, a empresa Queen Productions, que controla as finanças da banda e de seus membros remanescentes, se transformou em uma máquina de fazer dinheiro.
Estima-se que a empresa movimente hoje algo em torno de 355 milhões de libras, ou US$ 463 milhões. Parte desse dinheiro vêm da venda de discos – são mais de 300 milhões de álbuns comercializados em todo o mundo. Outra fatia vêm de direitos autorais: as músicas de Freddie Mercury, Brian May, Roger Taylor e John Deacon já foram usadas em mais de 375 longas-metragens e incontáveis anúncios.
Há ainda a renda proveniente do espetáculo teatral We Will Rock You, dos shows da banda cover Queen Extravaganza, dos games Queen: The eYe, Guitar Hero e Rock Band. Desde 2012, outra receita importante é a proveniente das turnês milionárias que a banda fez ao lado do cantor Adam Lambert – uma delas incluiu o Rock in Rio, em 2015.
Diante dos números, fica a pergunta: qual o segredo da longevidade do Queen? E o mais importante: como essas estratégias podem ser aplicadas ao mundo dos negócios? Conheça aqui cinco lições de negócios do Queen.
- Conheça seu público e toque para ele
Não há dúvida que grande parte do sucesso da banda se deve às suas canções. Aqui, não se trata apenas de inspiração. A banda fez um esforço focado para entender o que o público queria deles – e entregar resultados. “Nos shows, nós prestávamos atenção para ver que tipo de música, de sonoridade, de letras o público apreciava mais”, disse certa vez Brian May. Ao notar que o público gostava de cantar junto com a banda, o quarteto tratou de criar hinos, músicas épicas que podiam ser entoadas por estádios lotados. Entender o perfil do seu público e prever o que ele espera do seu produto está por trás do sucesso de muitas empresas.
- Fuja do convencional
No estúdio ou no palco, o Queen sempre primou pela originalidade, criando harmonias jamais vistas na música pop, misturando hard rock e ópera, usando sobreposições de canais para criar efeitos sonoros, ou ainda vestindo figurinos exuberantes no palco. Um líder deve ser capaz de surpreender sempre, sem medo de errar ou chocar seu público.
- Seja resiliente
No filme, fica claro como o grupo bancou até o fim o lançamento de Bohemian Rhapsody, mesmo quando executivos da indústria musical e da mídia ridicularizavam seu formato e duração de seis minutos. Como ninguém queria divulgar o single, eles levaram cópias piratas diretamente para os programadores das rádios. Assim que a canção começou a ser tocada, os fãs começaram a procurar o disco. Criar demanda por algo que o público nem sequer conhecia pode fazer toda a diferença em um mercado competitivo.
4. Dê espaço pra sua equipe brilhar
Os hits do Queen foram escritos por diferentes membros da banda. Freddie Mercury escreveu “Bohemian Rhapsody”, Brian May compôs “We Will Rock You”, Roger Taylor está por trás de “Radio Ga Ga” e John Deacon é o responsável por “Another One Bites the Dust” e “I Want to Break Free”. As melhores equipes são aquelas que combinam indivíduos com diferentes expertises e backgrounds, mas o mesmo potencial para brilhar.
- Não dê ouvidos aos detratores
Durante toda a sua carreira, o grupo britânico foi obrigado a lidar com críticos ferozes, executivos conservadores, mídia e fãs homofóbicos. Nos anos 70, quando a banda estourou, a crítica britânica chamava-os de rebuscados. Na década seguinte, parte do público reagiu com homofobia aos trajes de Freddie Mercury e às músicas mais dançantes da banda. Por fim, nos últimos 6 anos, Roger Taylor e Brian May foram criticados por voltar a tocar seus sucessos no palco, mesmo sem Freddie Mercury. Avesso a tudo, o grupo segue lucrando com suas bem-sucedidas turnês ao lado do cantor americano Adam Lambert. Nos negócios, ouvir opiniões diferentes é fundamental. Mas as críticas não devem ser um obstáculo para perseguir os objetivos reais da empresa e permanecer fiel às suas convicções.
Fonte: Época Negócios - 25/02/2019
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Nós geralmente valorizamos as pessoas que apresentam a resposta em vez de consagrarmos aqueles que se dedicam a fazer as perguntas certas
Com o passar do tempo, algumas frases se tornaram proibidas a todos que vivem o dia a dia nas empresas, pois os riscos decorrentes de tais manifestações são reconhecidos como muito elevados para quem pretende se manter no local onde trabalha.
Quando foi a última vez que você ouviu alguém afirmar "eu não sei" ou "o erro foi meu" em sua organização? Possivelmente, até tenha pensado que esta pessoa surtou momentaneamente ou então que se tratava de um profissional inexperiente e sem o mínimo senso de autoproteção.
No entanto, situações como esta precisam ser analisadas por outro prisma. A cultura organizacional da grande maioria das empresas brasileiras não valoriza a importância daqueles que dizem "eu não sei" ou mesmo quem faz questionamentos recorrentes, mas sim os profissionais que têm a capacidade de responder as questões elaboradas por outrem.
Você mesmo deve lembrar como era apreciado na escola quando conseguia responder a alguma pergunta do professor e os olhares de reprovação ou deboche que lhe eram dirigidos ao indagar algo que esclareceria o assunto a todos de uma única vez, mas ninguém arriscaria examinar publicamente.
Nós geralmente valorizamos as pessoas que apresentam a resposta em vez de consagrarmos aqueles que se dedicam a fazer as perguntas certas. Por conseguinte, também nas organizações, muitos dos colaboradores preferem ficar sem saber a questionarem o porquê das coisas.
Problema maior ainda existe em relação à outra frase destacada: "o erro foi meu". Estimo que inúmeras pessoas não tenham a coragem de reconhecer suas falhas, mesmo sabendo que esta seria a atitude correta, porque ao denunciarem os próprios erros ouvem apenas questionamentos de reprovação: "Como você pode ter deixado isto acontecer?" ou "Será que não vai aprender nunca?"
A lição que perdura para todos os demais trabalhadores que presenciam algo semelhante é: quando você cometer uma besteira fique quieto no seu lugar e, se necessário for, coloque a culpa em outro infeliz.
Quando as pessoas não se sentem seguras nem estimuladas a externar seus fracassos e inseguranças, abre-se espaço para que o ambiente seja inundado por posturas nas quais "esconder os problemas debaixo do pano" e torcer para que ninguém perceba ou se posicionar como vítima transforma-se em regra geral.
Se você é gestor, sugiro que comece a olhar de forma especial para quem evita respostas prontas nem tampouco utiliza justificativas esfarrapadas para explicar o trabalho que deixou de concluir a tempo. É claro que tais atitudes não credenciam o profissional desde já a uma promoção, mas revelam senso de responsabilidade, requisito fundamental para quem amanhã poderá ocupar uma posição de liderança.
As empresas devem ter a consciência de que inevitavelmente alguns erros serão cometidos e não haverá pessoas com respostas satisfatórias para uma série de perguntas. Todavia, se cultivarem um ambiente que favoreça o aprendizado contínuo e seus colaboradores forem estimulados a correr riscos calculados será comum escutar pessoas dizendo "eu não sei" ou "o erro foi meu" e além disso poderão comprovar que haverá um comportamento proativo ou reparador logo na seqüência dos fatos.
E qual o primeiro passo para a mudança? As organizações precisam acompanhar de perto as atitudes de seus gestores. Quando os colaboradores percebem que os líderes diretos são os primeiros a encobertar erros ou se calar diante de determinada situação que requer posicionamento, eles compreendem que esta é a coisa certa a fazer naquele lugar. Ah, o contrário também é verdadeiro.
Fonte: Administradores, por Wellington Moreira – 01/04/2011
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“Eu não tenho que te provar nada”, diz a super-heroína Capitã Marvel na hora de encerrar com apenas um golpe a luta com o vilão.
Parece uma resposta certa para o filme que recebeu críticas antes mesmo de ser lançado e é o primeiro da Marvel com uma protagonista mulher. E também resume as características da personagem que pode servir de inspiração para sua vida profissional.
De acordo com Flora Alves, coach e especialista de treinamento e em design de aprendizagem, o filme mostra a busca por autoconhecimento, uma jornada que diversos profissionais traçam no mundo atual.
Interpretada pela atriz Brie Larson, a heroína começa o filme como parte de uma equipe dos alienígenas Kree lutando uma inacabável guerra contra a civilização Skrull. Ela não lembra nada do seu passado e até seu nome, Vers, foi dado por outros.
De volta ao planeta Terra, ela redescobre sua história e identidade: ela é Carol Danvers, uma ex-piloto de caças da Força Aérea dos Estados Unidos.
“Quando ela descobre quem é, ela se liberta e alcança seu verdadeiro potencial”, diz Flora.
Com uma bilheteria mundial que ultrapassou o marco de US$ 1 bilhão, o filme inspirou e agradou os fãs do universo Marvel. Para a coach, o filme é impressionante por costurar múltiplos temas em sua trama, mostrando desde a força da diversidade dentro de um time até a responsabilidade de conhecer seus pontos fortes.
“No final da história, o filme mostra que ninguém é capaz de fazer você chegar na sua melhor versão do que você mesmo. A personagem toma decisões de acordo com suas próprias convicções. Na vida profissional, muitos vão tentar mostrar que seu sucesso depende de forças externas, mas é justamente o contrário: o super poder está dentro de cada um”, diz a especialista.
As lições para o crescimento pessoal e profissional são muitas e a especialista fez uma leitura do filme com o foco no mundo corporativo.
Primeiro poder: Ignorar quem só diz “não”
Muita gente disse “não” para Carol Danvers. Em suas memórias da infância, seu pai dá bronca nela por querer participar de brincadeiras e esportes “de menino”. No exército, os colegas riem dela por cair e falhar no treinamento.
Com joelhos ralados e ossos quebrados, ela aparece perdendo e ouvindo que não é capaz repetidas vezes. E, em todos os momentos, ela se levanta e tenta novamente.
“Em termos de carreira, muito vão tentar te convencer de que não é capaz. Você precisa focar nas suas potencialidades, não no que dizem que você deveria ser melhor. A heroína é curiosa e rebelde, irreverente e sempre busca ultrapassar seus limites”, explica Flora.
Segundo poder: Inteligência emocional para tomar decisões
Yon-Rogg, interpretado por Jude Law, é o mentor Kree da Vers. No início do filme, enquanto treinam, ele fala que as emoções são o ponto fraco dela e que precisa encontrar um equilíbrio para ser uma grande guerreira.
“Para nós, o equilíbrio é encontrado através da inteligência emocional, assim você pode ter foco para ver um cenário com clareza e tomar as melhores decisões. Se deixar levar pelas emoções prejudica sua análise da realidade presente”, comenta a coach.
O conselho parece bom de primeira, mas o personagem coloca a si mesmo como quem vai ajudar Vers a resolver seu ponto fraco.
Já na Terra, Carol reencontra sua melhor amiga, Maria Rambeau, que aponta todos os seus pontos fortes. Ela mostra para a protagonista que ela tem os mecanismos para contornar suas falhas e vencer.
“Conhecer a minha reação às emoções, conversar com elas e depois usá-las a meu favor é o certo. Na carreira, se existe uma situação que causa um desconforto, você escolhe como reagir. Para isso, você deve compreender de onde veio o sentimento”, explica.
O mentor mostra o negativo e coloca a responsabilidade pelo crescimento dela do lado de fora. A amiga mostra como olhar para dentro de si. “Isso é chave para o profissional de hoje”, fala a coach.
Terceiro poder: O verdadeiro empoderamento
Quando percebe seu potencial, Carol reflete: estava lutando com uma mão amarrada nas costas, e agora, o que consigo realizar? “A partir desse momento, ela resolve tudo muito rápido. Ela vê quem é quem, toma decisões e faz em 15 minutos o que não fez no filme inteiro. Ela se empodera e assume a responsabilidade por fazer acontecer”, diz a especialista.
É como um aviso que lembra uma máxima do universo Marvel: com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades.
A personagem avança sempre, mas seus grandes feitos – salvar o mundo – apenas trazem desafios ainda maiores, como se tornar a protetora de diferentes galáxias. “Ela não pode pensar mais só em si mesma”, fala.
No trabalho, é necessário estar atento não somente aos benefícios, mas às responsabilidades implícitas em novos projetos e desafios. Um novo líder deve pensar e cuidar de todos em sua equipe.
Quarto poder: Transparência
“Vivemos um momento em que a transparência se mostra fundamental nas corporações. Em todos os níveis e planos, a prática desenvolve um clima de confiança, responsabilidade, respeito e cooperação nas empresas”, comenta Flora.
Em Capitã Marvel, e outros filmes de super-heróis, os personagens precisar colocar de lado os interesses individuais em favor do bem coletivo. Assim, momentos de transparência e testes de confiança são vitais para a trama se resolver.
Vemos isso no momento que o comandante Skrull se revela como uma vítima da guerra contra os Kree. Ele compartilha com a protagonista, até então sua inimiga, as informações que encontrou, seu passado e suas intenções e pede por ajuda para sua família.
Com a confiança estabelecida, um time inabalável se forma: os Skrulls, Danvers, Maria, Fury e um gato chamado Goose. Apesar de suas diferenças, cada membro se torna vital para missão final (sim, até mesmo o gato).
Quinto poder: Intuição
Quando seu inimigo pode ser qualquer pessoa, como reconhecê-lo? Essa que é questão que o personagem Nicholas Fury (que os fãs reconhecem de outros filmes da Marvel) coloca para Carol Danvers quando entende que os Skrull possuem a capacidade de imitar a aparência de qualquer pessoa.
A coach adorou a cena que mostra Carol vasculhando um vagão de trem em busca de um Skrull infiltrado. Ela olha nos olhos de cada pessoa com muito cuidado. Ela encontra seu inimigo no rosto de uma senhora idosa aparentemente inofensiva.
Sua intuição pode parecer um super poder, mas Flora Alves acredita que todos podem adquirir essa habilidade ao se permitirem ter atenção plena.
“Você precisa estar presente para ver os sinais ao seu redor, sem dividir sua mente com notificações do celular ou tarefas pendentes. Ao falar com as pessoas, você poderá ver o suficiente para reconhecer no olho do outro se está sendo verdadeiro”, diz.
Fonte: Exame.com - 18/04/2019