Gestão e Negócios
Trabalhar está ficando cada vez mais perigoso. E não porque as pessoas exercem mais funções de risco, mas porque são pressionadas de diferentes modos que resultam em um cenário profissional comum: elas estão mais estressadas e com a saúde piorando a cada dia. Essa é a visão de Jeffrey Pfeffer, professor da Escola de Negócios de Stanford, na Califórnia, exposta em seu mais recente livro “Morrendo por um pagamento” (Tradução livre de Dying for a Paycheck. A obra ainda não tem uma edição brasileira).
Em entrevista à Época NEGÓCIOS, o professor afirmou que grande parte das empresas está ignorando completamente o bem estar de seus funcionários por achar que tal fator não é essencial para seu desempenho econômico. “Há horas extras demais, demissões em massa que geram insegurança econômica, trabalhadores temporários que não sabem quantas horas vão conseguir trabalhar na semana seguinte e quanto vão ganhar”, diz.
O resultado, segundo Pfeffer, é que a força de trabalho está cada vez mais estressada, recorrendo a medicamentos e desenvolvendo distúrbios psicológicos, que, por não mostrarem sinais claros como as doenças físicas, acabam sendo ignorados. “As pessoas estão realmente morrendo pelo pagamento”. Pior: as inovações tecnológicas e a robotização das funções geram uma pressão ainda maior sobre os trabalhadores. Há formas de reverter esse processo, mas elas também vêm sendo ignoradas pelas companhias, segundo o professor.
O título de seu livro é bem claro: estamos “morrendo pelo pagamento”. Mas o que especificamente está acontecendo? Estamos trabalhando demais, sendo maltratados no trabalho, ou ambas as coisas?
Um pouco de tudo. O que acontece é que a maior parte das companhias em todo o mundo está priorizando retorno econômico em relação ao bem estar de quem trabalha para ela. Quando você trabalha em uma empresa, confia seu bem estar físico e psicológico a ela. E muitas empresas estão fazendo mal uso dessa confiança. Há horas extras demais, demissões em massa que geram insegurança econômica, trabalhadores temporários que não sabem quantas horas vão conseguir trabalhar na semana seguinte e quanto vão ganhar. Também há, na maioria das empresas, a ausência de acomodações para que você possa cuidar da sua vida particular, como ligar para seus parentes mais velhos ou crianças.
Como isso afeta diretamente a saúde dos trabalhadores?
As pessoas estão perdendo o controle sobre o que estão fazendo, e todos esses exemplos, junto com outros, geram um aumento do estresse. O resultado é uma epidemia de estresse causado pelo ambiente de trabalho, que leva a problemas psicológicos e também a comportamentos nocivos como fumar mais, beber mais e comer mais.
Todo esse cenário leva a uma piora nos índices de saúde e de mortalidade. O Fórum Econômico Mundial estima que algo perto de 75% dos gastos com saúde no mundo todo são para tratar doenças crônicas, e elas em grande parte vêm do estresse, que por sua vez é gerado no trabalho. As pessoas estão realmente morrendo pelo pagamento.
O que seriam consideradas boas práticas para reverter esse cenário?
Em primeiro lugar, as empresas precisam se preocupar com o bem estar dos seus funcionários, para então medir de forma objetiva o que eles precisam e criar ações concretas. Há empresas como a Patagonia que têm uma estrutura para as crianças, e então as mulheres podem ir trabalhar sem passar o tempo todo preocupadas com seus filhos. A DaVita [um laboratório de saúde especializado em função renal] possui um fundo para o qual as pessoas doam voluntariamente dinheiro, e que ajuda os funcionários que estão com alguma dificuldade. E há outras companhias com benefícios mais simples que beneficiam suas equipes, ajudando no seguro saúde, por exemplo.
Mas não sai caro fazer isso?
Não, não é caro. Dar às pessoas mais autonomia em seu trabalho não custa nada. Sinalizar para os funcionários que ele está em um ambiente em que as pessoas se importam umas com as outras não custa quase nada, porque as evidências são claras: quanto mais as pessoas trabalham, menos produtivas elas são. Diversas pesquisas mostram que pessoas muito estressadas estão mais sujeitas a ficar doentes ou pedir demissão. Turnover sim sai caro para as empresas. O que as empresas criaram é uma situação de perde-perde, em vez de ganha-ganha, porque seus empregados não se beneficiam e elas também não.
A revolução tecnológica e os avanços nos meios de comunicação contribuem com esse processo?
Em grande medida, torna tudo pior. Mas o maior problema relacionado à tecnologia é a insegurança econômica, a automação que gera perda de empregos, as demissões de pessoas pela robotização das funções. Há empresas no varejo que usam um software que agenda as horas de trabalho das pessoas, e elas não sabem que horário trabalharão na próxima semana. Então muitas das inovações que surgem pioram o problema não porque são ruins, mas porque são usadas de forma que aumentam a insegurança das pessoas. Elas estão cada vez com mais medo de perder seus empregos para a automação, e se você olhar para relatórios recentes como o da McKinsey apresentado no do Fórum Econômico Mundial, vai ver que elas têm razão.
Você comentou que medir esses problemas pode ser um caminho para tratá-los da melhor maneira. Mas como fazer isso de forma objetiva?
Questionários regulares sobre como as pessoas estão se sentindo no trabalho são um primeiro passo. Mas há outras formas: você pode medir em que quantidade as pessoas da empresa estão recorrendo a remédios como antidepressivos, por exemplo. Se você tem uma força de trabalho que os usa com frequência, isso te diz algo importante. Mas praticamente não há companhias fazendo isso. Elas poderiam, mas não fazem. Basicamente, as empresas estão dispostas a trocar a saúde das pessoas por alguns dólares a mais.
E os governos, deveriam cuidar disso e alguma forma? É possível regular esse comportamento?
Sim. Anos atrás, os governos decidiram fazer algo sobre os perigos físicos no trabalho. Então a maioria dos países passou a ter algum órgão que crie regras de segurança ocupacional, para tornar o ambiente de trabalho seguro. Você não pode ficar exposto a agentes químicos, tem que usar alguma proteção se trabalha em grandes alturas. Então, se fizermos isso com relação ao espaço físico, algo poderia ser feito também com relação aos fatores psicológicos que geram estresse. Acho bastante plausível que eles poderiam ser regulamentados.
Fonte: Época Negócios - 30/07/2018
Alguns traços de personalidade influenciam diretamente não só em como nos correspondemos com os outros, mas como trabalhamos. É fácil de reparar, em um ambiente profissional, em como alguns atuam mais em conjunto com a equipe e outros preferem trabalhar sozinhos. Claro, embora isso tenha a ver com a função que se exerce, também tem relação com o tipo de personalidade de cada um. Mais especificamente, se você é introvertido ou extrovertido (ou ambivertido!), seu perfil de trabalho é diferente.
Por isso, o autoconhecimento pode trazer vantagens ao desenvolvimento também profissional. Neste caso, saber onde você se encaixa na escala introversão-extroversão pode beneficiar a sua produtividade. Isso porque essas são características que, na realidade, tem a ver com energia. A relação do rendimento com a personalidade é assunto de um texto do Evernote, aplicativo de notas que ajuda na organização.
Cunhados pelo psicólogo Carl Jung nos anos de 1920, os dois tipos se definem, basicamente, por como você recarrega as suas energias e que atividades fazem se sentir energizado ou esgotado. No meio da escala, existe o ambivertido, pessoas que concentram quantidades equilibradas de características dos dois outros tipos.
Você é introvertido ou extrovertido? Ou ambivertido?
Antes de entender como trabalhar melhor de acordo com sua personalidade, é importante saber se você é introvertido ou extrovertido ou ambivertido. Existem vários testes disponíveis online, e o Evernote recomenda o do Ted. Mas segue uma visão geral de quem se encaixa em cada categoria.
Introvertidos
Os introvertidos recarregam sua energia passando tempo sozinhos. Segundo estudo do psicólogo e especialista Jonathan Cheek, existem quatro níveis de introversão.
Nível 1 – Introvertidos sociais
Preferem ficar sozinhos ou socializar com grupos pequenos em vez de grandes, mas não são tímidos e não se sentem ansiosos ao se relacionar com os outros.
Nível 2 – Introvertidos pensativos
Não têm aversão a eventos sociais, mas tendem a se perder em seus próprios pensamentos. São introspectivos, pensativos e autorreflexivos.
Nível 3 – Introvertidos ansiosos
Procuram a solidão porque tendem a se sentir desajeitados ou autoconscientes em relação aos outros. E essa ansiedade nem sempre desaparece quando estão sozinhos.
Nível 4 – Introvertidos contidos
Pensam sempre antes de agir. Movem-se em um ritmo um pouco mais lento, garantindo que cada ação seja intencional.
Extrovertidos
Os extrovertidos sentem-se energizados ao estarem perto de muitas pessoas. Eles não se importam em ser o centro das atenções, mas passar muito tempo sozinho pode drená-los mentalmente. De acordo com um estudo publicado na revista especializada Cognitive, Affective, & Behavioral Neuroscience, os extrovertidos se dividem em dois grupos.
Extrovertidos agentes
Os que vão atrás dos objetivos com afinco. Eles são assertivos, persistentes e impulsionados pelo sucesso. Eles se sentem confortáveis em estar no centro das atenções e assumir posições de liderança quando surge oportunidade.
Extrovertidos afiliados
São as "borboletas sociais". Amigáveis, afetuosos e conseguem "quebrar o gelo" facilmente. Relacionamentos próximos significam muito para eles e eles tendem a ter um grupo muito grande de amigos.
Ambivertidos
Ambivertidos compõem a maior parte da população. Há a estimativa, por exemplo, de que 68% da população mundial seja de ambivertidos.
De modo geral, os ambivertidos são pessoas que se sentem confortáveis socialmente, além de serem bastante interativos. No entanto, valorizam o tempo que têm para si mesmos e para ficarem sozinhos.
Neste caso, sustentar uma das duas alternativas por muito tempo não faz tão bem a eles, por isso o ideal é ter equilíbrio entre o contato e o tempo sozinho. Sua preferência por introversão ou extroversão se alterna de acordo com as situações.
Dicas de trabalho para introvertidos, ambivertidos e extrovertidos
Não existe um tipo de personalidade certo ou errado, mas entender se você é um introvertido ou extrovertido (ou ambivalente) pode ajudá-lo a ser mais eficiente.
Introvertidos
1 – Controle seu ambiente
O conceito de open space foi criado para promover a colaboração, mas não funciona para todos, por isso não se sinta preso a sua mesa. Se você precisar de um tempo sozinho, procure um canto ou um tire uma pausa para o café.
Se quiser ir mais longe, sugira que os responsáveis designem salas silenciosas especificamente para momentos que exigem mais concentração.
2- Concentre-se em interações particulares
Dependendo do seu papel, talvez você nunca consiga escapar das grandes reuniões ou dos trabalhos em grupo, mas ainda pode arranjar tempo para conversas mais íntimas e significativas.
Convide seus colegas e quem mais você sentir que precisa se conectar com mais naturalidade para conversas one-on-one.
3 – Desacelere
Ainda que o mundo corporativo atual glorifique a agilidade, os introvertidos se destacam quando conseguem se aprofundar mais em um assunto ou tomar tempo para pensar em um problema.
Porém, sua equipe nunca saberá disso se você não se manifestar. Certifique-se de que seus colegas (especialmente com os quais você tem relação direta) saibam o estilo de trabalho em que você funciona melhor. Você pode fomentar o entendimento coletivo comunicando sua preferência, primeiro, ao seu gerente.
Além disso, tome iniciativa para participar de projetos que se alinham com sua tendência.
4 – Prepare-se para as reuniões
Para se sentir mais motivado e preparado para participar das reuniões, analise a pauta com antecedência e anote algumas coisas que você quer dizer.
Certifique-se de falar o quanto antes para que o assunto não mude e você sinta que não há abertura.
Extrovertidos
1 – Procure atividade
Para os extrovertidos, dependendo de qual grupo pertencerem, o silêncio pode ser prejudicial para a produtividade. Se esse é o caso, quando se sentir sem inspiração, faça uma pausa. Vá até uma cafeteria ou dê uma volta no quarteirão. Às vezes, uma mudança simples de cenário é o bastante para motivar os membros desse grupo.
2 – Abrace a agenda cheia, mas com cuidado
Enquanto muitos podem ficar estressados com uma lista de afazeres infinita, ou reuniões intermináveis, os extrovertidos tendem a apreciarem esse tipo de desafio.
Utilize isso para sua vantagem se oferecendo para participar de projetos maiores, com várias partes "móveis". Mas, lembre-se de tomar cuidado e não exagerar na carga de trabalho, ou se comprometer com mais coisas do que você dá conta. Defina limites para não se esgotar.
3 – Planeje momentos de socialização
Reserve tempo no seu dia para se conectar intencionalmente com outras pessoas. Por exemplo, almoçar ou tomar café com alguém novo a cada semana.
Isso é realmente importante para os extrovertidos – grupo que se energiza com as interações – que não contam com momentos de socialização no trabalho.
4 – Separe um tempo para reflexão
Você trabalha bem sendo multitarefa e tirando tarefas da sua lista, mas isso geralmente significa pular de uma atividade para outra sem refletir sobre o que foi realizado.
Então, depois de um tempo de trabalho (e várias tarefas cumpridas), marque 20 ou 30 minutos no seu calendário para pensar no que funcionou, no que não funcionou e analisar seus resultados.
Ambivertidos
1 – Aproveite sua flexibilidade
Por terem um pouco de introversão e de extroversão, os ambivertidos conseguem se adaptar facilmente a ambientes sociais, barulhentos, mas também aproveita o contrário – lugares calmos e momentos de reflexão.
Para otimizar sua própria produtividade, considere os estilos das pessoas com as quais você interage e permaneça flexível para que você possa atender às suas próprias necessidades sem comprometer as delas.
2 – Teste e descubra o que funciona para você
Dependendo de onde cai no espectro entre introvertido e extrovertido, você pode achar que algumas das dicas acima fazem mais sentido. Ou, assim como seu humor, você pode alternar entre os dois tipos dependendo do dia.
Avalie e escolha, entre as dicas dos dois grupos, o que mais funciona para você. Na dúvida, vale a pena experimentar um pouco dos dois mundos antes de decidir.
Introvertido ou extrovertido: isso não é tudo (e você sempre vai precisar ser flexível)
As dicas do Evernote são projetadas para ajudá-lo a otimizar a produtividade, mas não são fixas e permanentes. Não importa onde você se encaixe, é sempre interessante e enriquecedor sair da zona de conforto – e até fazer coisas que parecem intimidantes à primeira vista. Por exemplo, os introvertidos podem achar que um pouco de socialização no escritório contribui muito para forjar melhores relacionamentos e aumentar sua visibilidade para a liderança da organização. E não tem problema algum nisso, pelo contrário.
Embora tenhamos a tendência a se identificar mais com um lado ou outro, poucos são completamente introvertidos ou extrovertidos. No ambiente de trabalho, a classificação não pode ser levada ao pé da letra. Os introvertidos nem sempre podem se dar ao luxo de reflexões profundas e os extrovertidos podem ter que trabalhar em projetos individualmente. Ambos os lados precisam se comprometer às vezes.
Se no seu emprego você sente que passa mais tempo em uma situação menos que ideal para o seu tipo de personalidade, o Evernote indica aproveitar o tempo de folga para recarregar sua energia da forma que precisa (e quer).
Fonte: Época Negócios - 23/07/2018
O mundo do trabalho tem se transformado a uma velocidade cada vez mais intensa. Com o avanço das tecnologias, a tendência é que esse cenário se intensifique — e, com isso, teremos de lidar com muitas atividades profissionais que sequer existem ainda. Mas não se assuste: você pode começar a se preparar para isso desde já. O Institute For The Future (IFTF) mostrou, no estudo Future Skills ,divulgado pela Fast Company, cinco habilidades especiais que serão exigidas para que você permaneça relevante no mercado de trabalho do futuro, independentemente da sua área de atuação.
Marca pessoal
De acordo com as projeções da Organização das Nações Unidas (ONU), a população mundial chegará a 8,6 bilhões até 2030, o que representa um aumento de 1 bilhão de pessoas em 13 anos. Sendo assim, tornar-se conhecido em um mundo com bilhões de habitantes será um desafio e, por isso, a construção de uma marca pessoal é tão importante.
Segundo o estudo, tudo o que você faz terá de ser feito “em culturas diferentes e em um palco global”. Esse, portanto, deve ser o seu ponto de partida: um futuro que começa com quem você é e quem você quer se tornar. Esse cuidado deve ser tomado também nos endereços de e-mail e na presença nas redes sociais.
Dominar a complexidade
Um dos principais desafios do futuro, segundo o estudo, será o exercício de conectar muitos pontos de vista e histórias vindas de diversas partes do mundo. Esse nível de complexidade da informação pode beirar o caos, mas será uma oportunidade para quem tiver flexibilidade suficiente para se adaptar a esse cenário. Para o IFTF, será preciso ter imaginação e criatividade, além de “uma vontade de saber o que você não sabe”.
Colaborar com as máquinas
A quantidade de robôs com os quais nós teremos de nos relacionar só tende a crescer, conforme a transformação digital se expande em todos os setores. Desse modo, a habilidade de se relacionar com as máquinas será bastante relevante. Elas têm uma linguagem própria e, se você quiser trabalhar com elas, será preciso aprender a estabelecer essa relação da melhor forma possível.
Saber como montar equipes que integrem humanos, robôs e bots e os fazer trabalhar em conjunto será uma tarefa comum no futuro. “Seus assistentes de inteligência artificial prometerão a você conveniência e eficiência, mas você terá de saber como tocar sua inteligência, para que eles façam mais e realizem coisas que você nunca poderia fazer antes”, afirma o estudo.
Resiliência
A perspectiva é que o futuro seja uma época de grandes riscos — desde furacões de categoria 5 até cenários políticos incontroláveis, segundo o IFTF. Além de ser uma habilidade importante para a sua vida pessoal, a resiliência também será um traço relevante no ambiente profissional. O futuro vai exigir mais do que inteligência artificial e soluções tecnológicas: será preciso ter inteligência emocional e social, empatia e estratégias claras que mostrem comprometimento com o coletivo.
Construir a sua tribo
Em um futuro com metamorfoses constantes e conceitos como crowdsourcing e gig work — ou seja, uma economia baseada em pequenos empreendedores —, será um desafio criar um grupo próprio. Para o IFTF, os profissionais terão de aprender a lidar com diferentes tipos de mercado. Construir uma rede de contatos própria será uma tarefa fundamental e abrirá caminhos para a sua carreira.
Fonte: Época Negócios - 23/07/2018
O último episódio do programa Carreiras do Mercado abordou uma questão que desperta o interesse de muitas pessoas e pode ser polêmica no ambiente de trabalho: “Como pedir um aumento?”. O convidado Renato Villalba, gerente sênior da Michael Page, consultoria de RH, apresentou a “fórmula mágica” para você conseguir o “sim”.
Mas claro que é preciso se preparar – e pensar bem – antes de efetivamente marcar uma reunião com o seu chefe sobre o aumento de salário. “Uma avaliação própria sobre o alinhamento de expectativa é mais importante do que a decisão de pedir um aumento ou não”, afirma Villalba.
Listamos para você as principais perguntas que você deve se fazer e as reflexões que deve desenvolver antes de querer ganhar mais, segundo as orientações do especialista em RH. Se concluir após tudo que ainda vale a pena pedir um aumento, marque a reunião. Confira:
- a) “Você está completamente convencido de que merece um aumento?”
“Isso faz parte de uma autoavaliação como profissional em relação a resultados, números e influência”, afirmou Villalba.
- b) “Se você fosse seu funcionário se daria um aumento?”
Um aumento é uma negociação. Se ponha como chefe e pense se você se daria um aumento – é um exercício prático de empatia que pode elucidar algumas coisas para você mesmo.
- c) “As pessoas que mais aprendem são as pessoas que mais ouvem e não as que mais falam”. Você é assim?
O gerente sênior afirma que é muito importante que a pessoa, quando pense em pedir um aumento, ouça a opinião de profissionais que ela admira e que são influentes. É preciso ouvir o que essas pessoas pensam sobre ela e seu trabalho. A partir disso, começa a entender o momento dela e se está bem posicionada para de fato querer ganhar mais.
- d) “O momento da empresa, da sua equipe e do seu setor é bom o suficiente para pedir um aumento?”
Para além de querer um aumento, é necessário que você avalie a situação de maneira mais global. “Há outros fatores que devem ser levados em consideração como resultados da divisão, momento da companhia, o setor que ela se encontra, Líderes pensam de maneira ampla, entendem que todo tipo de variação na estrutura organizacional faz parte de uma grande engrenagem. Então, aumentar o salário para uma pessoa impacta em uma serie de outras coisas”, diz Villalba.
- e) “Você se comporta como um líder?”
Ao ganhar mais a pessoa provavelmente será mais cobrada e terá mais responsabilidades. Dessa maneira, é muito importante se comportar como alguém de uma posição mais alta. “Não se trata de promoção, mas de exposição. Essa pessoa se comporta como um líder? Se comporta como alguém que é influente? É visto como futuro gestor, diretor ou presidente?”, questiona o especialista.
- f) “Você está se preparando para fazer a reunião?”
Todo tipo de aumento que você for pedir deve ser muito bem embasado com números, dados, fatos, acima de tudo comprovando porque você merece ganhar mais de forma estatística. Comece umas semanas antes a reunir informações e dados, olhe para seu histórico. É como se você fosse reescrever seu currículo pensando nos resultados que entregou”, explica.
Além disso, seu chefe certamente precisa saber que é algo importante. Não pode ser uma conversa feita repentinamente, deve ser bem planejada. Marque a reunião com antecedência e em um momento que seu gestor tenha tempo para ouvir o que você tem a dizer. Tudo deve ser bem apresentado de forma concreta.
- g) “Sua empresa tem uma cultura dinâmica que aprecia promoções e aumentos de salários?”
Como parte de uma análise mais global, avalie se sua empresa tem uma cultura suscetível a aumentos e promoções. “Culturas mais meritocráticas, mais dinâmicas tendem a ser mais flexíveis e incentivadoras em relação ao aumento salarial. Enquanto, que outras valorizam mais a estabilidade das pessoas do que essa progressão de carreira. Há pessoas que pensam de todas as maneiras, que se encaixam em ambos os lugares”, explica Villalba.
Fonte: InfoMoney - 20/07/2018
A criatividade ganha papel central no mercado de trabalho e, ao menos no curto prazo, é a característica que irá sustentar muitos empregos frente à automação e aos avanços tecnológicos. A opinião é de Yuval Harari, professor da Universidade Hebraica de Jerusalém e autor do best-seller Sapiens – Uma Breve História da Humanidade.
Em entrevista à CNBC, Harari defendeu que carreiras que valorizam o aspecto criativo do ser humano serão as menos afetadas por cortes ou substituição por robôs. “É certeza que muitos empregos desaparecerão, especialmente aqueles mais monótonos ou repetitivos. Mas trabalhos que demandam um certo grau de criatividade estarão a salvo — ao menos no curto prazo”, afirmou o israelense.
O estudo de 25 anos de Harari sobre a humanidade, aliás, rendeu dois livros best-sellers que entraram nas listas de leitura de Bill Gates. O ex-presidente dos EUA, Barack Obama, também recomendou publicamente a leitura do trabalho de Harari.
Com base em sua pesquisa, o escritor isralense afirmou que não há “nada de errado” em acabar com trabalhos repetitivos e chatos. O que defende, porém, é que novos trabalhos sejam criados no lugar, acrescentando funções de mais valia e propósito para os profissionais.
No começo do ano, Harari já havia alertado em artigo para o The Guardian sobre o possível surgimento de uma ‘classe de pessoas inúteis’ até 2050. O acadêmico pede aos indivíduos e às instituições que se empenhem em garantir que as pessoas sejam capazes de aprimorar suas habilidades e assumir novas funções. “O que precisamos realmente proteger não são os empregos, são os humanos”, disse Harari. “Acho que o grande perigo do surgimento de uma classe de inúteis não é por conta da perda absoluta de empregos, mas pela grande dificuldade de treinar as pessoas e de elas se reinventarem”.
Na entrevista, ele comentou que se reinventar aos 50 anos, por exemplo, é uma tarefa, “embora não impossível, muito difícil de ser realizada”. “Exige muito de você e também do governo, que terá de apoiá-lo e treiná-lo novamente”.
Especialistas concordam que os avanços técnicos da automação e da inteligência artificial provavelmente levarão a perdas de empregos em massa nos próximos anos. No entanto, permanecem enormes as incertezas sobre a amplitude disto. Há quem defenda que os trabalhos manuais serão os mais cortados e também aqueles — como a escritora Alissa Quart — que argumentam que a classe média também sofrerá muito mais do que se imagina. O que parece ser unanimidade: todo mundo precisará, de alguma forma, reinventar-se.
Fonte: Época Negócios - 26/07/2018
Existem empresas que vão além dos benefícios “tradicionais” do mercado de trabalho e oferecem alguns que motivam os funcionários e os ajudam a equilibrar a balança vida pessoal versus emprego. Entre eles, como mostramos aqui, estão viagens, carros e “programas de fidelidade” dentro da própria empresa. Um levantamento recente do Glassdoor, entretanto, mostra que existem empregas que têm em comum um benefício muito desejado por pessoas de todo o mundo: auxílio financeiro nas viagens pessoais dos colaboradores. Esse benefício inclui descontos, reembolsos e até mesmo quantias pagas em dinheiro para serem gastas com a viagem.
Em sua maioria, essas são empresas que também oferecem oportunidades de emprego “flexíveis”, com a possibilidade de trabalhar de casa, meio período e que fogem do padrão do expediente de oito horas.
Confira a seguir quais são elas:
Airbnb
Uma das startups de turismo mais conhecidas no mundo – e que, inicialmente, se mostrou uma ameaça às tradicionais redes de hotéis. Segundo funcionários e ex-funcionários da companhia, ela dá a cada ano cupons de aproximadamente US$ 2 mil para os funcionários, a fim de que os usem em suas férias.
BambooRH
Ainda sem operações no Brasil, a companhia oferece soluções tecnológicas de recursos humanos para auxiliar os departamentos com a seleção de novos funcionários, acompanhamento, base de dados dos funcionários e gerenciamento de férias. Ela também oferece um bônus de US$ 2 mil ao ano para que seus funcionários usem em suas viagens, “de acordo com suas vontades”.
Evernote
O aplicativo é considerado um dos melhores para organização pessoal – organizar, capturar e compartilhar notas em um único local. Ela sai na frente das demais no quesito “férias”: oferece dias ilimitados de férias e também um bônus próximo de US$ 1 mil para serem gastados nas férias.
Expedia
Não é surpreendente que uma empresa de viagens incentive seus funcionários a viajarem. Funcionários da Expedia têm descontos em pacotes de viagens ou reservas de hotéis adquiridos através do site e também reembolsos que variam entre US$ 250 e US$ 750, a variar do quanto gastaram na viagem.
FullContact
Da lista, essa é a que oferece os melhores benefícios: cerca de US$ 7.500 ao ano para que seus funcionários viagem. A empresa também não tem operações no Brasil e tem como serviço uma plataforma que auxilia companhias e indivíduos a manterem contato e criarem relações de negócios.
Travelzoo
Segundo o Glassdoor, funcionários da empresa recebem, além das férias remuneradas, três dias extras de descanso remunerado para que planejem a viagem, descontos exclusivos para os funcionários e reembolsos na casa dos US$ 1.500. Apesar do nome dar a entender que ela está relacionada com viagens, ela agrega descontos das mais diversas plataformas de entretenimento.
TripAdvisor
Tal como a Expedia, o TripAdvisor incentiva que seus funcionários viagem e tenham a experiência do que o site tem para oferecer. Todos recebem até US$ 250 de reembolso em viagens, valor que vai aumentando conforme o tempo que o funcionário trabalha na empresa. eles também têm descontos exclusivos no site.
Fonte: Portal Newtrade - 18/07/2018
Um bom profissional é influente, o que gera melhor aceitação de ideias, menos barreiras diante de tarefas árduas e visibilidade para os bons resultados. “Ter boas ideias que contribuam com a empresa é um passo muito importante para o sucesso profissional. Porém, há ideias que, por melhores que sejam, podem sofrer uma certa resistência. Compreender e utilizar-se do poder da influência é essencial para conseguir realizar seus objetivos, metas e conquistar mais espaço em seu ambiente de trabalho, ficando cada vez mais próximo da realização profissional”, afirma Lucas Oggiam, gerente sênior da Page Personnel, consultoria de RH especializada em cargos de nível técnico e suporte à carreira.
Essa qualidade só chega com um exercício de autoconhecimento. Confira as dicas do especialista em recrutamento sobre como construir o poder de influência:
Relacionamento à base de escuta generosa e foco no outro
Ter um bom relacionamento com as pessoas com as quais você precisará se envolver e, possivelmente, convencer de alguma forma é muito importante. O primeiro passo é levantar questões relevantes sobre suas vidas, famílias e interesses. Pessoas que se sintam mais conectadas a você e que te conheçam melhor são, normalmente, muito mais favoráveis às ideias que você possa vir a propor. “Estamos muito condicionados a falar, mas o respeito, admiração e boa parte da confiança numa relação interpessoal começa pela capacidade de ouvir generosamente o próximo”, explica Oggiam.
O potencial das ideias deve ser macro (é preciso atingir o todo)
Pense como a sua ideia pode beneficiar a empresa, o negócio – desde colegas até gestores e diretores. Quando conseguimos atrelar uma ideia com os interesses não apenas nossos, mas também daqueles que possuem voto de decisão, estamos a um passo mais perto de conseguirmos que ele seja aprovado. Pessoas que tem seus interesses contemplados em alguma mudança estão muito mais dispostas a ajudar a torná-la realidade. “Quando o todo está envolvido, é muito mais interessante para as pessoas e a para a organização. A ideia de influência jamais pode esbarrar em interesses particulares. Todos precisam se sentir parte de algo saudável ou minimamente interessante”, afirma Oggiam.
Apresente dados e exemplos coerentes com o mundo real
“Pode ser difícil provar que sua ideia dará certo e que ela é válida, no entanto, tente procurar exemplos de outros lugares que adotaram ideias parecidas e obtiveram sucesso. Muitas vezes apenas a argumentação pura e simples não é suficiente para ter a aprovação de todos. Por conta disto, provas analíticas, contábeis, como uma análise de custo e benefício, um estudo de risco, não necessariamente feitos por outras empresas, mas que possam ser feitos por você, são as provas necessárias para uma mudança de um não para um sim”, diz o recrutador.
Cultive a ética: o valor que sustenta o poder de influência
A questão da influência traz consigo um outro lado: o da ética. É essencial que o poder de influência seja utilizado de forma respeitosa e consciente, sem configurar manipulação ou extorsão dos colegas. Seja positivo e genuíno em sua persuasão e você provavelmente ganhará muito mais facilmente o respeito e suporte das outras pessoas. Tenha sempre em mente essas orientações para que na próxima vez que precisar de aprovação para alguma ideia, ela tenha mais chances de ser aceita.
Fonte: Época Negócios - 18/07/2018