Gestão e Negócios
“Você se lembra das suas últimas férias?”, pergunta Shantanu Narayen, CEO da Adobe a um auditório com 12 mil pessoas. Analistas, profissionais de marketing e funcionários de empresas parceiras estão lá para saber o que a empresa prepara para o futuro. E ainda assim, o presidente da companhia quer falar sobre sua última viagem (que, por sinal, foi a Nova York, com sua esposa, para encontrar o filho que mora lá). Mais do que nunca, explica ele, é importante falar sobre experiências. A viagem durou 48 horas e foi planejada com pouquíssima antecedência – o que só foi possível por causa de várias plataformas online para comprar entradas para um musical, reservar o quarto de hotel, comprar a passagem aérea – mas apesar do pouco tempo lá, a experiência foi marcante, diz.
“Quando você lembra das experiências mais importantes da sua vida, pode não se lembrar dos detalhes, mas é a experiência geral que fica”, afirma Narayen. E apesar de o resultado final – a plataforma para reservar o hotel – parecer simples, há muito trabalho por trás disso. “Antes, os produtos eram a base da diferenciação, mas não mais. E para cada experiência positiva criada, houveram várias experiências ruins, que podem danificar o seu negócio”.
Shantanu Narayen, CEO da Adobe
Durante a abertura do Adobe Summit 2018, em Las Vegas, ele afirmou que todos os negócios hoje precisam ter como base criar experiências para os usuários. E defende que todas as companhias podem fazer isso, inclusive aquelas que fornecem produtos e soluções para outras empresas (B2B). Afinal, diz ele, a expectativa das pessoas não muda quando vão para o escritório.
Brad Rencher, vice-presidente executivo da Adobe, ressaltou a importância de melhorar cada vez mais a experiência dos usuários. Recentemente, contou, ele começou a receber mensagens da companhia aérea Delta assim que a sua mala é colocada no avião – e quem já teve uma mala perdida sabe o valor dessa simples mensagem. “Parece simples, mas é muito difícil de realizar uma coisa dessas”, afirma.
Segundo uma pesquisa realizada pela Adobe, as empresas líderes em criação de experiência, independentemente do ramo de atividade da empresa, têm uma percepção de marca 1,6 vez maior, têm 1,7 vez mais a retenção de novos clientes, e o crescimento da receita é 36% o mais rápido, além de reportarem também em maior satisfação dos clientes.
E para melhorar a experiência dos usuários, os principais executivos da empresa falaram sobre a necessidade de uma “hiper-personalização em escala” para o marketing.
Para isso, diz Rencher, um grande desafio que as empresas enfrentam é a falta de unidade dos perfis dos consumidores. Diversas áreas da empresa recolhem determinados dados sobre um consumidor e têm visões diferentes sobre ele, explica. Quem nunca recebeu propagandas sobre um produto depois de tê-lo comprado? Além de ser ineficaz para a emrpesa, isso gera uma frustração no cliente, afirma Rencher. Para lidar com isso, a Adobe lançou hoje o Experience Profile, uma plataforma desenhada especificamente para unificar os dados de cada cliente. “Além de colocar todos os dados em uma caixa única, é preciso criar um sentido para essas informações”, afirma Rencher. A ferramenta de perfil dos consumidores também se integra ao programa de inteligência artificial da Adobe, o Sensei. Outras soluções mostradas durante o evento facilitam a segmentação da publicidade online e criação mais ágil de peças publicitárias que se encaixam nos diferentes formatos online, de banners nos sites a emails.
“O machine learning nos ajuda na segmentação, na previsão da jornada do consumidor e permite uma experiência segmentada”, diz Rencher. “É uma forma de usar de uma forma prática aqueles dados que você coletou”.
Adobe Advertising Cloud, por exemplo, cria automaticamente novos tamanhos e formatos de uma peça publicitária – algo que atualmente toma muito tempo dos designers. Além disso, a ferramenta facilita a segmentação. Em um exemplo mostrado no palco, é possível alterar a foto e o texto de um anúncio em minutos, e destinar aquela comunicação a um público bastante específico (como pessoas de 18 a 24 anos que moram em Chicago, por exemplo). Assim, em vez de perder tempo criando vários formatos da publicidade e imaginando qual seria o resultado de determinada campanha, é possível colocar isso no ar rapidamente.
Transformação digital
O CEO da Adobe falou sobre a necessidade da transformação digital nas empresas e de uma mudança de mentalidade das companhias. Para conseguir criar uma experiência, as empresas precisam diversificar o design, diz ele, que não está mais apenas na criação de um site ou de uma peça publicitária. “O mundo é muito mais complexo que isso hoje, o design está em tudo, precisamos pensar em experiência em realidade virtual ou realidade aumentada, e é preciso criar engajamento também no mundo off-line”, diz Narayen.
As empresas também precisam aprender a usar os dados com inteligência, “para entender o que se passa na vida das pessoas, em tempo real, não atualizando uma vez por dia ou a cada semana”. Para lidar com a imensa quantidade de dados disponíveis, ferramentas de inteligência artificial e machine learning são cada vez mais importantes.
Por último, ele falou sobre as mudanças que precisam ser feitas na cultura das empresas. “Os processos das empresas foram feitos em outro mundo e para outro mundo. É preciso criar uma nova arquitetura dentro das empresas e prepara-las para a transformação digital”.
Fonte: Época Negócios - 28/03/2018
Se você está à procura de um modelo de sucesso para sua vida, você dificilmente poderia pensar em um melhor do que o criado por Bill Gates. A empresa que fundou, Microsoft, não apenas criou toda uma indústria como, através dela, ele conseguiu realizar um sonho: levar um computador pessoal ao maior número de pessoas possível. Se hoje ele acumula uma fortuna da ordem de mais de US$ 90 bilhões, ele também não economiza em filantropia e novos projetos.
Mas o que levou Gates ao sucesso? Ele certamente estava no lugar certo na hora certa com o conceito certo para um produto. Mas ao longo dos anos, ele próprio chamou a atenção para algumas das atitudes que ele acredita que o ajudaram nessa trajetória. A revista INC selecionou alguns desses conselhos. Confira abaixo:
- Saiba como dizer não
Esse conselho Bill Gates ganhou de Warren Buffett e é algo extremamente útil a qualquer um, independente da riqueza ou sucesso. É preciso ter em mente que sempre haverá inesgotáveis oportunidades, coisas para fazer, causas para se preocupar e assim por diante. Neste mundo ocupado, sabendo como e quando dizer não para o desenvolvimento de novos projetos, convites sociais e pessoais, e outros pedidos que usam seu tempo, você verá que esta é a maior habilidade que você precisa. Permitirá a você descobrir o que é realmente importante e, assim, o que exige-se sua atenção.
- Esteja aberto à críticas
Bill Gates já escreveu lá no seu livro The Speed of Thought (A Empresa na Velocidade do Pensamento): “Aceite as notícias ruins para aprender onde você deve focar em melhorar”. Embora nunca seja agradável ouvir alguém dizer-lhe como você errou, sem esse tipo de feedback, seu processo de aprendizagem poderá ser muito mais lento. Claro que, algumas críticas não são úteis e é aí que entra o seu julgamento para notar a diferença. Isso tendo em mente que da próxima vez que alguém lhe criticar, não pense que essa pessoa quer te destruir. Pare, respira e reflita.
- O otimismo tem valor
É difícil sim ser otimista em um mundo no qual tantas coisas parecem estar indo no caminho errado. Mas, sem otimismo, ninguém abre uma nova empresa, investe em uma nova ideia e tenta buscar um novo produto ou nicho de mercadio. Gates sempre apreciou o valor que o otimismo tem e, nesse sentido, seu trabalho também tem um direcionamento para resolver algumas das questões mais desanimadoras, como tráfico sexual, pobreza e fome. “O otimismo é muitas vezes descartado como falsa esperança”, disse ele em um discurso de formatura de Stanford em 2013. “Mas há também falsa falta de esperança.”
- Esteja disposto a falhar
“O sucesso é um péssimo professor. Ele seduz as pessoas inteligentes a pensar que elas não podem perder”, escreveu em seu livro The Road Ahead (A Estrada do Futuro). Segundo Gates, é importante ter em mente que você pode criar um produto hoje que pode se tornar absolutamente obsoleto amanhã já. Você pode encontrar mais sucessos do que fracassos agradáveis, mas são as falhas que vão te ensinar mais e dar as melhores oportunidades para crescer. Tenha em mente na próxima vez que você cair e der com a cara no chão.
- Desenvolva a habilidade de focar um objetivo e mantenha-se progredindo nesta direção
Em uma carta anual da Fundação Bill e Melinda Gates, Gates tirou algumas lições da história da máquina a vapor. “Você pode conseguir um progresso incrível se você definir uma meta clara e encontrar uma medida que irá impulsionar o progresso em direção a esse objetivo”, escreveu ele. Lembrou, contudo, que encontrar o objetivo correto e a métrica certa para acompanhar seu progresso é algo surpreendentemente difícil. Então, novamente, se fosse fácil, todo mundo estaria fazendo isso. Não custa tentar.
Fonte: Época Negócios - 27/03/2018
A maneira como você enxerga inteligência tem tudo a ver com dois aspectos muito importantes: seu sucesso como profissional e as notas do seu filho na escola. Pense bem: você costuma encarar inteligência como um talento inato ou como uma habilidade desenvolvida ao longo da vida?
Sobre esse tema, a psicóloga Carol Dweck, da Universidade de Stanford, conduziu alguns estudos que mostram justamente o impacto de enxergar a inteligência dessas duas maneiras diferentes. Em um deles, ela mostrou como jovens estudantes tendem a obter uma performance melhor quando confiam mais no próprio esforço do que em elogios sobre o quanto são inteligentes.
Durante certo período monitorando esses jovens em exames escolares, ela levantou dados que comprovaram que aqueles alunos elogiados sobre o esforço que estavam fazendo para completar uma tarefa se saíram melhor do que aqueles que eram elogiados por serem inteligentes. De um modo geral, os primeiros se sentiam mais motivados a se desafiarem e a aceitarem a dificuldade como uma forma de tentar novamente e insistir até conseguirem resolver um problema. Aqueles que eram elogiados pela inteligência, por outro lado, tinham mais dificuldade de sair da zona de conforto e tinham medo de perder a reputação, caso errassem um exercício. Portanto, desistiam de desafios maiores com mais facilidade.
Um estudo da Universidade New South Wales, da Austrália, chegou às mesmas conclusões, porém analisando o ambiente corporativo. De acordo com o estudo, gerentes com um pensamento fixo sobre inteligência, ou seja, que acreditavam nela como um dom em vez de algo desenvolvido ao longo da vida, tinham mais dificuldade para aceitar feedbacks sobre seus desempenhos. Em contrapartida, aqueles que encaravam a inteligência como uma habilidade desenvolvida ao longo do tempo tiveram mais abertura para feedbacks. Enquanto os primeiros ficaram presos na ideia de que um feedback era uma forma de confrontar suas competências, os demais encaravam o feedback como uma ferramenta necessária para evoluírem como profissionais.
Acreditar no seu esforço ajuda a trazer um senso de realidade e humildade que permite que você esteja aberto e motivado para crescer cada vez mais. Seguindo essa linha de raciocínio, seu crescimento será sempre uma trajetória em desenvolvimento e você terá mais condições de chegar mais longe.
Em contrapartida, prender-se à premissa de que a inteligência é algo fixo acaba por te deixar engessado em uma posição. Para não perder o status-quo que lhe foi admitido, você evita sair da zona de conforto, teme encarar desafios e cometer erros. Em suma, em vez de encarar os tropeços como uma forma de crescimento, acaba enxergando-os como uma forma de se sentir diminuído, como se estivesse sendo desmascarado.
Como vimos aqui, esses condicionamentos não se limitam às notas escolares. Prender-se à vaidade dos elogios pode impedir que você alce voos maiores em sua vida profissional. Valorize seu esforço e permita-se errar para poder crescer de verdade.
Fonte: G1 - 26/03/2018
O dia a dia de um presidente de empresa costuma ser, no mínimo, corrido. Eles têm rotinas malucas, acordam cedo e são bombardeados por demandas, além de carregarem nas costas a responsabilidade que vem com liderar uma companhia. Por isso, ter truques para aumentar a produtividade é fundamental. CEOs brasileiros revelaram o que fazem para ser mais produtivos.
Confira as principais dicas:
Frederico Trajano
Frederico Trajano, CEO do Magazine Luiza
O que faz para ser mais produtivo: Faz parte do grupo de presidentes que tenta tornar as reuniões mais eficientes. Uma dica? “Fazer reunião em pé.”
Cristina Palmaka
Cristina Palmaka, presidente da SAP Brasil
O que faz para ser mais produtiva: Disciplina com horários e agenda, além de saber priorizar. Tentar fazer reuniões curtas, muitas vezes remotas — até mesmo de dentro do carro.
Marcelo Castelli
Marcelo Strufaldi Castelli, presidente da Fibria
O que faz para ser mais produtivo: Diz seguir a ideia de “get things done” — não deixa para depois o que pode ser feito em um ou dois minutos. Busca manter a caixa de e-mails vazia e acha importante “perder” cinco minutos para planejar o que vai fazer.
Fábio Coelho
Fabio Coelho, presidente do Google Brasil
O que faz para ser mais produtivo: Assim como os colegas, tenta sempre fazer reuniões mais rápidas.
Rodrigo Galindo
Rodrigo Galindo, presidente da Kroton
O que faz para ser mais produtivo: Usa o e-mail como se fosse uma to-do list. “Nunca deixo nenhuma mensagem na caixa sem resposta”, diz. “Tudo que ainda está lá é porque sei que tenho uma ação para tomar sobre aquilo.”
Marco Fishben
Marco Fisbhen, CEO da Descomplica
O que faz para ser mais produtivo: Tenta marcar reuniões curtas, para que as pessoas sejam mais objetivas, com “baixíssima tolerância a atraso” e sem celular. Gosta de usar a hora do almoço para fazer reuniões.
Fonte: Época Negócios - 22/03/2018
Excelentes profissionais queixam-se de seus resultados empresariais insatisfatórios, durante processo de crescimento da empresa, quando é necessário adotar medidas e processos gerenciais e comportamentais, fundamentais para o desenvolvimento sustentável da empresa.
Empresários que se veem somente como profissionais comprometem a sobrevivência do negócio. Para reverter esse quadro, existe ferramenta para implantar gestão por competência, conhecida pelas siglas CHA (Conhecimento, Habilidades e Atitudes).
Reginaldo Andrade Santos é consultor do Sebrae-SP
Ela é indispensável, sobretudo nos pequenos negócios, nos quais a figura do empreendedor está envolvida diretamente na maioria dos processos. “No dia a dia da empresa, o empreendedor deve praticar estas competências no trato com fornecedores, colaboradores, parceiros, prestadores de serviços bem como com clientes”, diz Reginaldo Andrade Santos, consultor do Sebrae.
Segundo ele, reconhecendo a importância do comportamento empreendedor para o êxito da atividade empresarial, o Sebrae-SP aplica há mais de 20 anos no Brasil o Seminário Empretec, desenvolvido pela Organização das Nações Unidades (ONU), voltado a trabalhar o desenvolvimento do comportamento empreendedor, extraído dos empreendedores de sucesso, são eles: busca de oportunidade e iniciativa; persistência; correr riscos calculados; exigência de qualidade e eficiência; comprometimento; busca de informações; estabelecimento de metas; planejamento e monitoramento sistemáticos; persuasão e rede de contatos e independência e autoconfiança. “O empresário deve desenvolver competências comportamentais e realizar gestão competitiva, alinhada com suas habilidades profissionais para ter negócio de sucesso”, finaliza Santos.
Fonte: Estadão - 21/03/2018
Ocorreu no último dia 7 de março, o Red Insights, um evento Pós NRF 2018: Retail’s Big Show. O encontro organizado pela Red Lemon Agency, agência de comunicação, field marketing e promo&live do Grupo NVH, foi um sucesso. A palestra foi comandada por Edmour Saiani, professor da FGV-SP e Fundação Dom Cabral, que esteve no NRF desse ano e apresentou aos cerca de 150 participantes as principais tendências do varejo para o futuro.
Segundo o especialista, o mercado varejista vem mudando muito, e tudo isso se deve, sobretudo, ao comportamento do consumidor. O modo que as pessoas encaram as compras mudou junto com os seus valores sociais. “Os desavisados podem atribuir esse tipo de comportamento às vendas online, porém 90% dos consumidores preferem comprar em lojas físicas. As compras online ainda representam apenas 9% das compras, e isso se deve, principalmente, ao que se busca na compra”, desmistifica Saiani.
De acordo com as pesquisas, as pessoas, hoje em dia, buscam comprar experiências, não apenas produtos. Por isso a tecnologia é um fator tão fundamental. O que se compra pela internet são coisas comuns, como alimentos de supermercado e outros itens cotidianos. Na compra de gadgets, por exemplo, se busca experimentar. “O consumidor quer aproveitar para curtir, compartilhar, viver aquela compra”, defende André Romero, diretor da Red Lemon.
Um exemplo interessante é o da Amazon, um dos maiores players do comércio online do mundo, que recentemente abriu uma loja física. Isso se deu justamente pela compreensão que eles possuem do comportamento de seu cliente, além de fomentar a relação no PDV, e captar informações sobre o mesmo. Esses dados são usados, posteriormente, para vender mais, justamente por eles conhecerem melhor para quem estão vendendo.
O comportamento do consumidor muda, e é preciso entender suas motivações para acompanhá-lo. Quando o pensamento muda, o varejo deve estar adequado a dar uma resposta à altura. O que faz a diferença é o que proporciona a experiência de venda. É o atendimento, as opções de interatividade, o uso de tecnologia para imersão e a compreensão do que o cliente quer experimentar. “É ai que está a chave para vender mais”, completa Romero.
Os nativos digitais, e tantos outros que se adaptaram ao longo dos anos, não são atraídos por lojas comuns. A loja é mídia, ela ocorre em qualquer lugar em que o cliente esteja, e é fazendo algo imersivo que se ganha o mesmo. “Por isso, o desafio do varejo é a ação de seus vendedores no PDV, que atrai e mantém”, explica o palestrante.
Para tanto, é preciso ir a campo, estudar o cliente, se preparar para melhor atender às suas expectativas. “O consumidor quer amar o produto, quer manter relações positivas com a marca. A personalização, a transparência, o compartilhamento, são fatores chave para ele. As marcas que expuseram no NRF mostraram bem isso”, garante.
Segundo Saiani, para encarar o futuro do varejo é preciso ser Phigital. “Antes o consumidor queria comprar um produto que o atendesse, hoje ele quer viver experiências que fiquem em sua lembrança. O Phigital é a união da loja física e digital, é onde se gera o Big Data, o analisa e o aplica”. As relações começam em um dos dois lados, mas se mantém no outro, em uma relação que se retroalimenta. “Por fim, é preciso valorizar quem está na ponta do processo, quem se relaciona diretamente com o cliente”.
É quem está no PDV quem tem maior chance de fidelizar pelo atendimento. Produtos podem ser copiados, melhorados, superados, mas os laços emocionais criados por um atendimento realmente personalizado, de relacionamento, são fatores que garantem a fidelidade do cliente. “Essa é a grande lição do NRF desse ano”, finaliza.
Fonte: Portal Newtrade - 21/03/2018
Em 1986, Steve Jobs conheceu o designer gráfico Paul Rand, responsável pelas marcas IBM, UPS e Westinghouse. Depois de ter sido expulso da Apple, Jobs pediu a Rand para criar um logotipo para sua nova empresa, a Next Inc. O designer aceitou o trabalho e o executivo aprendeu ao longo daqueles anos lições importantes com ele, que viveu em uma era de surgimento de empresas diferentes. Como construir a marca de uma startup e o que um logotipo pode — e não pode fazer — por uma empresa foram alguns dos aprendizados.
Jobs contou em uma entrevista em 1993 que não sabia muito sobre o Rand, mas ficou impressionado com seu trabalho, especialmente pelo desenho do logotipo "extremamente poderoso e emocional" do Eye-Bee-M. Com isso, o fundador da Apple não queria contratar nenhum outro designer — a não ser Paul Rand — para desenvolver o conceito da sua nova marca.
No entanto, o que ele sabia era que o lendário designer modernista não trabalhava para startups, apenas com empresas conceituadas, como IBM e Ford. Jobs também entendia que não era uma questão de dinheiro, afinal poderia facilmente pagar o preço de US$100 mil que Rand cobrava pelo seu trabalho. Na verdade, a posição dele estava relacionada ao seu primeiro princípio de design: "Um logotipo tem significado a partir da qualidade daquilo que simboliza, e não o contrário". Ou seja, o designer acreditava que um logotipo só pode ser tão bom quanto a empresa que representa. É como o nome de uma banda — se os Rolling Stones tivessem fracassado, todos fariam piada do seu logotipo. Mas, como eles fazem sucesso, o nome e icônico símbolo da língua são considerados incríveis.
Porém Rand acabou aceitando o convite, provavelmente devido a capacidade que Jobs tinha de convencer alguém a fazer qualquer coisa que ele quisesse. "Ele disse que adoraria fazê-lo", foi assim que Jobs explicou na entrevista. Depois de aceitar o trabalho, Rand fez muitas visitas aos escritórios da Next, lotado de ex-funcionários da Apple que seguiram seu estimado capitão — eles realmente se consideravam um grupo de piratas na época — haviam ido da divisão Macintosh da Apple para empreender esta aventura.
Segundo Jobs, Rand logo entendeu qual era o seu desejo. Ele não queria apenas um logotipo como qualquer outra empresa. Também queria um símbolo, uma "espécie de jóia", como ele gostava de dizer — e que os designers chamam de logomarca. Jobs conseguiu o que queria e, no processo, aprendeu algumas lições cruciais sobre a marca que influenciariam seu trabalho posterior.
O problema é que associar uma logotipo ao nome de uma marca requer muito dinheiro. Qualquer empresa que pretenda ter um símbolo, segundo Jobs, terá que "gastar 10 anos e US$ 100 milhões" para fazer a associação entre o símbolo e o nome da empresa no estilo de vida do consumidor, assim como fez a Nike.
Talvez a obsessão de Jobs de ter um símbolo forte veio do seu passado em Cupertino, na Califórnia. A logomarca da Apple era um símbolo poderoso e inconfundível, algo que incorporava seu trabalho e seu orgulho. Para Jobs, o símbolo da Apple representa o nome da própria empresa, por isso foi fácil para o público fazer a conexão sem gastar tanto dinheiro e tempo associando-os. Este pensamento foi repetido pelo designer da Apple, Rob Janoff, que diz que Steve não lhe deu nada, exceto o próprio nome. Janoff projetou o contorno da maçã e adicionou a mordida, de modo que as pessoas não conseguem confundi-la com uma cereja.
Paul Rand, a quem Jobs descreve como um rabugento de intelecto brilhante e coração de ouro, atendeu seu desejo e, como resultado, Jobs acreditava que ele abordava o projeto "como um problema que precisava ser resolvido, não como um desafio artístico". Ele encontrou a solução para este dilema incorporando o logotipo em um cubo preto que estava em um ângulo de 28 graus e ao mesmo tempo cumprindo com sucesso sua segunda regra de design: "O único mandato em design de logotipo é que ele seja distintivo, memorável e claro".
Rand entregou um livro de 100 páginas com os padrões da identidade da marca que desenvolveu e criou um mito para ela — "Apresentação é a chave", como prega sua terceira regra de design. Ele mudou a ortografia da empresa para NeXT, dando ao "e" minúsculo significado novo: excelência, experiência, excepcional ou emoção. Incluindo educação que era seu mercado alvo. Porém como não havia o hardware NeXT quando Rand o criou, o próprio símbolo se tornou uma representação da primeira estação de trabalho da NeXT, um cubo de magnésio preto que foi lançado dois anos depois por US$ 6.500.
Com essa experiência aprendemos que os bons logotipos não são feitos durante a noite — e marcas que contêm o nome de uma empresa, como NeXT ou ABC, os representam de maneira gráfica, como a Apple. Caso contrário, você precisará gastar uma década e US$100 milhões para conseguir o mesmo efeito.
Após décadas de trabalho, Rand desenvolveu "conclusões" muito claras sobre como a relação entre o designer e o cliente deveria ser conduzida. Jobs lembra: "Perguntei se ele apresentava algumas opções e ele disse: "Não, vou resolver o seu problema e você vai me pagar. E você não precisa se preocupar! Se você quer opções, vá falar com outras pessoas! Mas vou resolver o seu problema da melhor maneira que eu sei, aí você vai escolher se usa ou não, isso depende de você, você é o cliente. Mas você me paga".
Para Jobs, o processo de Rand teve uma "clareza que foi refrescante". É algo que todo cliente deveria se lembrar: não peça por várias opções. Você está contratando alguém que sabe como resolver esses problemas melhor do que você — assim como você contrataria um contador ou um especialista em marketing.
Graças a este processo — e à inteligência de Rand — o logotipo da NeXT é realmente um design brilhante. Ele exemplifica todas as quatro regras de design de Rand, incluindo a última: "Simplicidade não é o objetivo. É o subproduto de uma boa ideia e de modestas expectativas".
Entretanto, no final, a marca não fez a empresa. Para Jobs, a primeira regra de design de Rand — lembra dos Rolling Stones? — estava sendo usada de forma errada quando ele deu essa entrevista em 1993. Sua empresa estava falindo e sendo forçada a abandonar completamente o negócio de hardware — um processo que seus biógrafos dizem que o fez sofrer muito. E assim, o logotipo que Rand criou tornou-se sinônimo da queda do seu fundador e do fracasso dos computadores com preços baixos que ele tentou vender para universidades em todo o mundo. No final, a Apple comprou a NeXT e seu software tornou-se o coração de todos os Mac, iPhone, iPad e Apple Watch, embora a empresa tenha falido.
O logotipo, arquivado no MoMA, não deixa de ser bonito e impressionante. Mas, em última análise, foi inútil. E essa é talvez a terceira e mais importante lição dessa entrevista: não espere que seu logotipo faça sua empresa ou produto melhor. Não será assim, então não fique obcecado com isso. Claro, é importante pensar profundamente nisso. Mas se sua empresa falir, não será relevante. Nesse caso, você pode usar seus bilhões de dólares para aperfeiçoá-lo até o último pixel.
Fonte: Época Negócios - 20/03/2018