Gestão e Negócios
“Venha para a floresta, pois aqui está o descanso”, escreveu John Muir, naturalista escocês-americano do século 19 que foi um dos primeiros defensores dos parques nacionais dos EUA. Muir passou grande parte de sua vida explorando Yosemite e Sierra Nevada e escreveu muito sobre sua crença no papel espiritualmente gratificante da natureza, dizendo. “Todo mundo precisa de beleza e pão, de lugares para ter prazer e rezar, onde a natureza pode curar e fortalecer o corpo e a alma”, afirmou em um de seus textos.
E parece que Muir tinha descoberto algo importante: há cada vez mais indícios de que passar tempo na natureza nos deixa mais saudáveis e felizes.
Isto é algo que muitas pessoas sentem instintivamente. Mas muitas vezes estamos ocupados no trabalho, distraídos pela tecnologia ou moramos em centros urbanos distantes de espaços naturais. Em alguns países, como nos Estados Unidos, onde os invernos são severos, as pessoas saem pouco. O americano, por exemplo, gasta cerca de 90% de sua vida em ambientes fechados.
Mas o que aconteceria se passássemos uma hora por dia ao ar livre? Será que importa aonde vamos? E qual é o valor de se encaixar uma caminhada externa na ocupada jornada de trabalho?
O que a natureza faz por você
Existem alguns benefícios óbvios de sair para o ar livre. Você terá de se levantar e se mover, o que já é benéfico se a maior parte do seu dia envolve sentar-se na frente de uma tela.
Pesquisas mostram que intervalos curtos podem aumentar a produtividade no trabalho e mesmo um rápido intervalo sob luz natural proporciona uma boa dose de vitamina D.
Mas não é tão simples assim. Pesquisas têm mostrado que o tipo de ambiente a céu aberto que se procura também é importante: espaços verdes e azuis são mais benéficos que as movimentadas ruas da cidade.
“Geralmente, a pesquisa nos diz que quando as pessoas estão expostas ao ambiente natural, elas tendem a ter uma redução do estresse. Na natureza, a pressão arterial é mais baixa, a variabilidade da frequência cardíaca é mais controlada, até o humor é melhor”, diz Lisa Nisbet, professora associada do Departamento de Psicologia da Universidade Trent, do Canadá.
“Também há vários trabalhos sobre os benefícios psicológicos de se estar na natureza para o bem estar e funcionamento cognitivo. Em geral, as pessoas são mais felizes na natureza. A felicidade é um conceito muito amplo e, por isso, medimos coisas como emoções positivas e negativas, a sensação de vitalidade e de energia das pessoas e o quanto elas estão satisfeitas com a vida”, explica a pesquisadora.
“Quando as pessoas estão imersas em ambientes naturais, mesmo na natureza urbana, elas tendem a ter mais vitalidade e emoções mais positivas do que quando estão dentro de casa.”
A ideia de que a natureza faz bem à saúde vem se fortalecendo desde os anos 1980. Primeiro, disseminou-se a hipótese da biofilia, segudo a qual os humanos têm um desejo inato de se conectar com a natureza; em seguida, popularizou-se o shinrin-yoku, conceito japonês de que absorver a “atmosfera das florestas” pode trazer benefícios ao organismo.
Pesquisadores do shinrin-yoku identificaram uma série de vantagens fisiológicas e psicológicas. Já estudos globais sugerem que o tempo na natureza pode, por exemplo, restaurar nossa capacidade de concentração, aumentar a criatividade, diminuir o risco de depressão e até nos ajudar a viver mais.
Claro que muitos de nós vivemos em cidades sem acesso imediato às florestas. Mas, como explica Nisbet, não é preciso que a experiência seja em uma floresta. Vários estudos mostraram que os ambientes verdes no meio das cidades também têm efeitos positivos.
Uma dose de cinco minutos
Jo Barton, da Escola de Esporte, Reabilitação e Ciências do Exercício da Universidade de Essex, no Reino Unido, pesquisa o “exercício verde”, a ideia de que fazer atividades na natureza traz benefícios para a saúde. Em um estudo, ela analisou a “dose” de natureza necessária para proporcionar uma melhora, por exemplo, da saúde mental.
Quanto mais tempo, melhor, você pode supor. Mas no estudo com 1.252 participantes envolvidos em atividades como caminhada e jardinagem, Barton descobriu que, quando se tratava de autoestima e humor, o maiores benefícios ocorreriam nos primeiros minutos de exposição à natureza.
“Claramente notamos efeitos positivos para qualquer período ao ar livre, mas, para a saúde psicológica, esses efeitos ocorrem principalmente nos primeiros cinco minutos”, diz ela.
Ela acredita que essa rápida melhora é impulsionada pela transição para um ambiente verde; e pela maneira como a natureza nos ajuda a mudar a atenção voluntária, que requer foco e energia, para atenção involuntária, que requer esforço mínimo, permitindo-nos recuperar da fadiga mental . “A exposição à natureza facilita essas mudanças muito rapidamente”, diz ela.
Barton também descobriu que os resultados eram comparáveis entre ambientes urbanos verdes, rurais e florestais, e que a presença de água trazia ainda mais benefícios. O recado aos moradores de grandes cidades é que, se você não conseguir se dirigir a um idílio rural para uma caminhada, uma pequena ida ao parque local já trará resultados.
Esse também pode ser um truque de produtividade. Um estudo finlandês publicado em 2017 no Journal of Environmental Psychology examina como as atividades na hora do almoço ajudam os trabalhadores a se recuperar do estresse no trabalho e sugere que um curto período na natureza pode melhorar o desempenho.
Os pesquisadores pediram a algumas pessoas que caminhassem por 15 minutos no parque e a outras que fizessem exercícios de relaxamento em ambientes fechados por duas semanas na primavera e no outono. Enquanto isso, um grupo-controle continuava com intervalos de almoço normais. Os resultados da intervenção do outono foram interessantes. “Para nossa surpresa, os passeios no parque foram tão eficazes quanto os exercícios de relaxamento”, diz Kalevi Korpela, professor de psicologia na Universidade Tampere da Finlândia.
Ambos os grupos apresentaram níveis mais elevados de concentração e mais baixos de tensão no período da tarde. Ambas as atividades, concluiu o estudo, “podem ajudar os funcionários a reabastecer a carga necessária para um bom desempenho no trabalho”.
Porém, enquanto o grupo que caminhou no parque sentiu-se mais relaxado e desconectado do trabalho e aproveitou mais o intervalo, o grupo de relaxamento experimentou apenas um pequeno aumento dessa sensação.
Subestimando o poder da natureza
Mas parece que a ideia de que a natureza tem um efeito positivo na qualidade de vida não está chegando a todos: uma pesquisa recente dos EUA descobriu que apenas 35% dos funcionários de escritório passam pelo menos 15 minutos ao ar livre a cada dia.
Lisa Nisbet sugere que o desconhecimento do quão a natureza por ser benéfica é só parte do problema. Ela realizou um estudo na Universidade Carleton, em Ottawa, Canadá, onde os alunos atravessavam o campus no inverno através de um túnel. Os participantes foram convidados a fazer uma pequena caminhada, em trajetos do lado do canal ou pelo túnel.
“Descobrimos que as pessoas ficavam significativamente mais felizes quando andavam ao ar livre, mesmo que por 15 minutos”, diz Nisbet. Mas isso levantou uma questão: por que não tornavam isso um hábito? Por que as pessoas ainda usavam os túneis em dias quentes, mesmo que o trajeto tivesse a mesma distância? Nisbet, então, analisou as expectativas das pessoas em relação a caminhadas em diferentes ambientes, pedindo que tentassem prever como se sentiriam ao final da experiência.
“Quando perguntamos às pessoas depois da caminhada como elas se sentiam, elas tinham subestimado o quão felizes ficariam na caminhada ao ar livre. Em outras palavras, as pessoas achavam que seria bom, mas foi significativamente melhor do que esperavam”, ela descobriu.
Ela acredita que, se começarmos a procurar a natureza, ela pode rapidamente se tornar uma parte importante de nossas vidas: “Se estamos vivenciando coisas que nos fazem felizes, então ficamos mais motivados a buscar por esses lugares”.
Andar e falar?
Então, quais são as maneiras mais simples para tornar a natureza parte de uma rotina de trabalho? Se você trabalha em uma gigante de tecnologia, o problema está resolvido: a Microsoft construiu áreas de reunião sob árvores; a Amazon tem a The Spheres, três cúpulas repletas de plantas onde 800 funcionários podem “pensar e trabalhar de forma diferente”; e a Adobe criou uma pista de corrida no telhado de seu escritório em Londres.
Mas existem opções mais baratas. “Promovemos reuniões que são feitas durante caminhadas”, diz Barton. “Isso não prejudica o horário de trabalho, apenas muda o local de encontro, para que as pessoas estejam ao ar livre.”
Barton acrescenta que janelas com vista para a natureza melhoram a produtividade e o bem-estar, mesmo efeito conseguido com plantas no local de trabalho. Algumas empresas também estão construindo salas de reunião ao ar livre – como a rede varejista americana LL Bean, que atraiu a atenção ao montar, no ano passado, tendas para o trabalho de funcionários.
Mas os trabalhadores também devem se esforçar para introduzir exposições curtas e regulares de acesso à natureza para que isso se torne um hábito – como estacionar mais longe do trabalho e caminhar por um espaço verde, ou almoçar no parque. “Isso significa dividir o hábito em partes menores em vez de separar uma hora inteira de uma só vez”, diz Barton.
Korpela observa que intervenções curtas – como caminhar em um parque por duas semanas – proporcionam benefícios de curto prazo; para ganhos de longo prazo, a atividade precisa fazer parte da rotina. Pesquisas indicam que, para o bem-estar de longo prazo, realizar uma atividade física na natureza traz mais benefícios do que apenas ter acesso a um espaço verde ou vista para a natureza do trabalho.
Mas ele diz que mesmo efeitos de curto prazo podem ser importantes para se evitar o acúmulo de estresse a longo prazo. “Exposições de curto prazo são como cortar os efeitos do estresse por um tempo e isso por si só pode ter efeitos positivos de longo prazo. Mais estudos sobre isso são necessários.”
De qualquer forma, fica claro que vale a pena procurar locais naturais em meio ao concreto da vida moderna. Ou, como John Muir colocou: “Mantenha-se perto do coração da natureza. Liberte-se de vez em quando. Lave seu espírito”.
Fonte: Época Negócios - 30/05/2019
Chegar ao supermercado e se sentir perdida em seus corredores – e totalmente incapaz de decidir qual macarrão levar. Foi assim que a empreendedora Rafaela Cappai, de 40 anos, percebeu que algo sério acontecia. “Foi o ápice da confusão mental. Resultado de toda a pressão que eu me colocava. Toda a minha energia era só voltada para o trabalho. Aquilo foi criando um casulo”, disse.
“Eu continuava ‘entregando’ (resultados), mas estava deprimida, cínica, pessimista, engordei 30 quilos e tinha dificuldade para delegar tarefas.” O que Rafaela teve foi um esgotamento profissional, a síndrome de burnout – que será incluída na próxima revisão da Classificação Internacional de Doenças, segundo anúncio feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta segunda-feira, 27.
A lista, elaborada pelo órgão, tem por base as conclusões de especialistas de todo o mundo. A classificação é utilizada para estabelecer tendências e estatísticas de saúde. A nova versão da CID começa a valer em 2022.Segundo pesquisa da Isma-BR (representante da International Stress Management Association), 72% dos brasileiros que estão no mercado de trabalho sofrem alguma sequela ocasionada pelo estresse. Desse total, 32% sofreriam de burnout. E 92% das pessoas com a síndrome continuariam trabalhando.
“Embora o burnout represente um nível exacerbado de estresse, as pessoas continuam em seus postos de trabalho pelo medo do desemprego. Um trabalhador nesse estado está mais propenso a cometer erros graves”, comentou a psicóloga e presidente do Isma-BR, Ana Maria Rossi. Para ela, a decisão da OMS terá um efeito prático. “Pode dar um embasamento maior para os juízes decidirem questões trabalhistas relacionadas com a saúde mental.” O burnout foi incluído no capítulo de “problemas associados” ao emprego ou ao desemprego e descrito como “uma síndrome resultante de um estresse crônico no trabalho que não foi administrado com êxito”.
Ele se caracteriza por três elementos: “sensação de esgotamento, cinismo ou sentimentos negativos relacionados a seu trabalho e eficácia profissional reduzida”. “Hoje (ontem, segunda-feira) foi o dia mais feliz da minha vida”, disse a jornalista Izabella Camargo, já diagnosticada com burnout. “Isso (o reconhecimento) vai trazer mais entendimento e respeito para as pessoas que estiverem passando por isso”, completou a jornalista – que teria sido demitida da emissora que trabalhava após ser diagnosticada.
A médica e escritora Renata Corrêa apresentou os diversos sintomas do burnout. “Sou oftalmologista. Trabalhava em um clínica em que eu não vi a luz do sol. Uma vez, atendi 20 pacientes das 7h às 9h da manhã”, contou. “Neste dia, quando vi quantos pacientes em ainda tinha para atender, caí no choro e não consegui mais trabalhar”, completou. Para o especialista em recursos humanos Marcelo Braga (fundador da Reachr), a pressão nas organizações e o ritmo de trabalho tem aumentado muito.
“Com o reconhecimento da síndrome, os departamentos de RH vão precisar entender mais do tema. E contribuir para mudar essa cultura de que estresse oriundo do trabalho é apenas frescura”, completou. O diretor dos ambulatórios do IPq (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas ), Rodrigo Martins Leite, disse que o reconhecimento da OMS deve representar uma mudança de cultura mesmo entre os profissionais. “Há 12 anos, tentei fazer uma pós-graduação em burnout, mas não pude porque a psiquiatria não aceitava esses diagnósticos.”
Perguntas e respostas
1.O que é burnout?
É um quadro de esgotamento profissional caracterizado por três sinais clássicos: 1) esgotamento físico e psíquico (a sensação de não dar conta das tarefas); 2) indiferença e perda de personalidade (não se importar mais com o próprio desempenho profissional, cinismo e apatia); e 3) Baixa satisfação profissional. Para além desses sintomas, podem aparecer sintomas físicos, como ressalta a coordenadora do Serviço de Psicologia e Experiência do Paciente do Hospital Israelita Albert Einstein, Ana Merzel Kernkraut. “Os primeiros sintomas podem ser físicos, como dor de cabeça, dor de coluna e distúrbios musculares.”
2.Quais são as causas?
O quadro está sempre associado a fatores de estresse crônicos no ambiente de trabalho, como longas jornadas, pressão e alta competitividade, entre outros. Segundo o Ministério da Saúde, a síndrome é comum em profissionais que atuam diariamente sob pressão e com responsabilidades constantes, como médicos, enfermeiros, professores, policiais, jornalistas, dentre outros. “Não é algo que acontece após um ou outro dia de trabalho estressante. É um quadro que vem de uma rotina constante de estresse ao longo da vida profissional”, explica João Silvestre da Silva Junior, diretor da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamat) e perito médico do INSS.
3.Que outros sintomas podem aparecer?
De acordo com o Ministério da Saúde, são sintomas do burnout cansaço excessivo (físico e mental), dor de cabeça frequente, alterações no apetite, insônia, dificuldades de concentração, sentimentos de fracasso e insegurança, negatividade constante, sentimentos de derrota e desesperança, sentimentos de incompetência, alterações repentinas de humor, isolamento, fadiga, pressão alta, dores musculares, problemas gastrointestinais e alteração nos batimentos cardíacos.
4.Quantas pessoas são atingidas no Brasil?
Não há dados precisos sobre isso, mas, segundo a representação brasileira da Associação Internacional de Manejo do Estresse (ISMA), 72% dos brasileiros que estão no mercado de trabalho sofrem alguma sequela ocasionada pelo estresse. Desse total, 32% sofreriam de burnout. De acordo com João Silvestre da Silva Junior, diretor da Associação Nacional de Medicina do Trabalho e perito médico do INSS, cerca de 20 mil brasileiros pedem afastamento médico por ano por doenças mentais relacionadas ao trabalho.
5.Como tratar o burnout?
O tratamento da síndrome é feito principalmente com psicoterapia, mas também pode envolver medicamentos (antidepressivos e/ou ansiolíticos). Em alguns casos, o tratamento requer afastamento temporário do emprego e também mudanças nas condições de trabalho.
6.Como é possível prevenir a doença?
Algumas condutas reduzem o risco, como negociar limites de trabalho e de jornada com o empregador e dedicar-se a outras atividades além do trabalho, como exercícios físicos, relacionamentos familiares, atividades de lazer, entre outras. Também é importante evitar jornadas excessivas com frequência, alimentar-se bem e tentar dormir cerca de oito horas diárias. (Com agências internacionais).
Fonte: Época Negócios - 29/05/2019
Muita gente diz que não inova pela falta de capital, ou ainda, diz que faltam profissionais ou até mesmo oportunidades para trazer a inovação para dentro da empresa.
Em tempos onde um blockbuster sobre super-heróis está prestes a se tornar a maior bilheteria da história do cinema mundial, resolvi nomear os cinco maiores vilões da inovação nos negócios.
Nada que infelizmente possa ser eliminado em um estalo, mas que pode ajudar você a reconhecer e combater um desses vilões que possa estar atacando sua empresa.
A Zona de Conforto: uma perigosa ilusionista, seus truques e ilusões fazem as pessoas acreditarem que o tempo não passa, se distanciando cada vez mais da realidade de seus consumidores e de seus negócios. Quando acordam do transe, para a maioria das vítimas já é tarde demais.
O Cotidiano: e-mails e reuniões desnecessárias, falta de foco, falta de tempo, baixa produtividade. Essas são algumas armas do sagaz Cotidiano, que prende suas vítimas em um redemoinho de atividades, impedindo que elas enxerguem alternativas ou oportunidades. Esgotadas, suas vítimas acabam sendo literalmente engolidas pelo ardiloso vilão.
O Sabotador Interno: na maioria das vezes um (fiel) comparsa da Zona de Conforto e do Cotidiano, ele tende a esconder em sua gaveta mágica todas as boas oportunidades que a empresa tem de decolar. Com o tempo, os projetos são totalmente esquecidos, principalmente se a empresa estiver sendo atacada também pelo Cotidiano ou pela Zona de Conforto. O sabotador interno tem facilidade para se disfarçar em qualquer área da empresa. Todo cuidado é pouco.
O Centralizador: o Centralizador é um anti-herói. Ao mesmo tempo em que diz que está do lado dos mocinhos buscando a realização dos objetivos, fazendo o melhor para todos, ao absorver novos projetos ou atividades, tende a criar um campo de força ao mesmo tempo invisível e impenetrável, impedindo que qualquer outra pessoa possa ver ou se aproximar dos projetos.
A inércia: com o poder do atrito, a inércia tende a emperrar qualquer movimentação de projeto ou objetivo da empresa. Seus poderes também envolvem a manipulação mental de suas vítimas, fazendo elas acreditarem que nada é possível, ou que precisará de mais gente, tempo ou recursos do que tem disponível.
Você não precisa de superpoderes para combater nenhum deles, mas precisará de muita determinação e, principalmente, trabalho em equipe para derrotá-los.
Avante!
Fonte: Mercado & Consumo - 29/05/2019
Robert Pozen diz que aprendeu a ser mais produtivo porque não tinha outra alternativa. “Venho de uma família de baixa renda. Aprendi a ser produtivo, porque tinha que conseguir dinheiro suficiente para financiar minha educação. Quando estava no ensino médio, tinha dois empregos, praticava esportes e fazia as coisas que os jovens dessa idade fazem, como se divertir, ir a festas”, diz Pozen.
Com um tempo disponível limitado, Pozen pensou em como administrar da melhor forma possível as horas do dia para dar conta de tudo isso – e tornou-se um especialista no tema.
Pozen fez carreira nos setores financeiro, público e acadêmico. Foi presidente do Fidelity Investments, um dos maiores fundos de investimentos do mundo, e da gestora de fundos MFS Investment Management. Também presidiu o Comitê Consultivo de Relatórios Financeiros da Comissão de Valores Mobiliários e Câmbio dos Estados Unidos.
Hoje, é professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês) e autor de Produtividade Extrema: Melhore seus resultados, reduza suas horas. É considerado no mundo empresarial uma espécie de “guru da produtividade”.
Pozen argumenta que não há por que uma pessoa sentir orgulho de trabalhar todos os dias até as 10h da noite ou dormir menos de sete horas. Afinal, o que conta “são os resultados”.
“Não existe uma emergência a ser resolvida todas as noites, não há uma razão para ficar constantemente até tarde no trabalho”, diz ele.
Conheça a seguir os setes passos que ele recomenda seguir para se tornar mais produtivo no trabalho.
- Elabore um ranking de objetivos e priorize seu tempo
Uma vez definidos seus objetivos, crie um ranking para a semana e outro para o ano. Poucas pessoas fazem isso, e é muito importante, diz Pozen.
Separe seus objetivos em relação a oferta e demanda. No lado da oferta, faça as seguintes perguntas: seus objetivos refletem o que você gosta e no que você realmente é bom? Qual é o propósito por trás de cada objetivo e das atividades necessárias para atingi-los?
Do lado da demanda, se pergunte: em que medida seus objetivos incluem o que sua empresa ou organização necessita?
- Meça os resultados, não as horas
Não foque na quantidade de horas trabalhadas, porque isso não quer dizer que você tenha sido mais produtivo, ou seja, que criou mais valor para sua empresa em relação ao tempo investido.
Ainda que existam empresas onde prevalece essa lógica, o problema é que muitas companhias seguem valorizando a presença física dos funcionários no local de trabalho.
Então, o desafio é convencer seu chefe de que o que realmente importa são os resultados. Para isso, o melhor é estabelecer desde o início do que é esperado de você, em quanto tempo e como vão ser medidos os resultados.
- Não dê atenção às coisas pequenas
Há muitas coisas que consomem nosso tempo e não são importantes como, por exemplo, a avalanche diária de e-mails. Muitas pessoas checam sua caixa de entrada a cada cinco minutos, quando é melhor fazer isso a cada uma hora ou duas.
Quando o fizer, dê atenção à mensagem só quando o assunto ou a pessoa que o envia são relevantes. Ao abri-las, decida rapidamente se requerem uma resposta e, se assim for, o faça imediatamente. Guardar e-mails para responder mais tarde costuma ser improdutivo.
- Comece a pensar no final já no início
Não espere até o final de um projeto para escrever as conclusões. É melhor fazer uma pesquisa preliminar rápida e formular conclusões provisórias. Ao avançar, verifique quais são as corretas e escreva as conclusões finais.
Muita gente demora seis ou sete semanas para reunir toda informação que necessita e, só ao final, tenta chegar às respostas-chave.
Isso é uma forma ineficiente de lidar com um projeto – você verá que grande parte das informações que levantou não é útil para seu objetivo.
- Reserve tempo para pensar
Deixe um momento do dia reservado para pensar. Em vez de ter reuniões em excesso, preserve um espaço aberto na agenda para analisar as coisas.
Às vezes, ao dar atenção a algo uma segunda vez, pode apreciar isso por outro ângulo.
- Não tema ser entediante
Não perca tempo com coisas que são pouco relevantes. Por exemplo, o ex-presidente americano Barack Obama usava ternos azuis para não ter que pensar em como se vestir.
Então, uma das chaves da produtividade é eliminar as variáveis de sua vida diária que te fazem perder tempo.
Quer tomar café da manhã? Escolha o que mais gosta de comer nesta hora do dia e repita todos os dias. Isso pode parecer entediante, mas não importa. A ideia é transformar decisões em coisas previsíveis, para que tenha mais tempo livre para o que realmente importa.
- Vá para casa
Em muitos casos, não há uma razão para alguém ficar no trabalho e não estar em casa na hora da janta. Pare de trabalhar em um horário razoável e passe tempo com as pessoas que são importantes na sua vida.
Neste momento, não responda e-mails nem atenda ligações. É um tempo diário para desfrutar da companhia de pessoas com quem tem uma relação próxima.
Com frequência, as pessoas ficam com vergonha de sair mais cedo do trabalho, porque pensam que os outros vão julgá-las. No entanto, muitos dos colegas perderam seu tempo ao passar todo o dia em reuniões ou fazendo coisas improdutivas.
Se você trabalhou intensamente, vá cedo para casa.
Fonte: Época Negócios - 28/05/2019
"Ele era tecnicamente brilhante, mas sem nenhuma inteligência emocional." É assim que a advogada Jordana Paiva, de 42 anos, descreve um dos líderes com que trabalhou durante um ano em um escritório de advocacia de médio porte em São Paulo.
Ela perdeu as contas de quantas vezes o viu se descontrolar e usar o poder para subjugar e ameaçar os profissionais, inclusive ela.
"Sempre que algo não saía como ele queria, ameaçava me despedir e me colocava em uma situação inferior, deixando claro que não daria boas referências de meu trabalho", diz. Segundo Jordana, a cultura que permeava na empresa era a do medo. "O doutor vai chegar, senta e silêncio!", era a frase habitual de todos quando estava perto da hora do gestor aparecer.
O tal chefe chegou a colocar câmeras nas salas (dizendo que era para segurança), mas, na verdade, seu principal intuito era vigiar a equipe quando estivesse ausente. "Se via algo que não gostava, ligava imediatamente para uma das secretárias e dizia: 'Por que fulana está de pé? Pergunte se ela não tem mais o que fazer' ", afirma Jordana.
Apesar de a tendência ser diminuir esse tipo de liderança, ainda há muitos gestores tóxicos, no estilo de Miranda Priestly, no filme O Diabo Veste Prada, ou Annalise Keating, na série How to Get Away with Murder, por aí.
Uma das frases preferidas de Annalise, "me ligue quando ele estragar tudo", por exemplo, mostra bem uma das características dos chefes tóxicos, que acham que apenas eles são bons o suficiente para tocar os projetos. Mas há outras. Eles são agressivos, narcisistas e até violentos.
Jordana lembra que, certa vez, o líder jogou o laptop no chão, pois não gostou de um acordo que ela havia feito. "A tensão era diária", diz.
O espaço para esse tipo de chefia é reflexo do cenário atual. Com a instabilidade econômica, algumas companhias apenas buscam resultados no curto prazo para se manter competitivas, sem olhar a gestão de pessoas.
"O chefe tóxico prospera em organizações que permitem que o gestor faça qualquer coisa para bater as metas", diz Rafael Souto, presidente da Produtive, consultoria de planejamento e transição de carreira. Segundo ele, geralmente são empresas em que o presidente ou os acionistas têm esse perfil e não estão preocupados com o ambiente, mas com os números.
Apesar de estarem presentes em negócios de diferentes setores e portes, é mais comum encontrá-los em mercados tradicionais e nos segmentos mais atingidos pela desaceleração, como mídia e indústria automobilística. "A crise é o motor do tóxico. Quando a economia começa a melhorar, as pessoas têm mais opções e saem da companhia", afirma Rafael.
O preço do problema
Os reflexos dessa gestão, cedo ou tarde, chegam à empresa. O ambiente fica pesado e a competição ganha força, o que começa a gerar conflitos entre os profissionais e resulta em pedidos de demissão dos melhores talentos. Isso sem falar no absentismo: com tanta pressão, os funcionários começam a ficar doentes e faltam mais.
"Dificilmente, as pessoas toleram uma liderança assim quando têm mais oportunidade", diz Maria Candida Baumer de Azevedo, sócia da People & Results, especializada em carreira e cultura empresarial. É o que mostram, mesmo, os números. Uma pesquisa da consultoria americana BambooHR revela que 44% dos profissionais pediram demissão por causa de um chefe tóxico.
Entre as causas, o estudo aponta o roubo de crédito pelo trabalho sem reconhecer o empregado. Em seguida, outros motivos são: não manifestar confiança, ignorar o excesso de trabalho, contratar ou promover pessoas erradas, não permitir autonomia e ressaltar as fraquezas da equipe.
"Na primeira oportunidade que tive, pedi demissão. Não dava mais para viver naquela cultura de medo", diz a advogada Jordana. De acordo com ela, apesar de saber que a situação não era normal, aguentou em razão do aprendizado.
"Tinha pouca bagagem profissional e sabia que a experiência contaria muito em meu currículo. Além disso, o escritório possuía uma carteira de clientes que me interessava", afirma. Ela lembra que, por lá, elogios não existiam. "Podia ter feito melhor" e "da próxima vez estude mais" eram os estímulos dados à equipe.
A advogada saiu da empresa antes de pagar uma conta mais cara, que é a da saúde. "O profissional passa a duvidar do próprio talento e perde toda a motivação, o que, no longo prazo, pode desencadear uma crise emocional", diz Fabrício César Bastos, fundador da Flowan, consultoria de desenvolvimento humano.
Em alguns casos, até a vida pessoal é prejudicada, pois ele não consegue mais ficar bem nem mesmo com a família e os amigos.
A psicanalista Claudia Cavallini, consultora e professora na HSM Educação Executiva, conta que muitos já chegam ao consultório com questões psíquicas graves, como crises de ansiedade e estresse decorrentes de chefes difíceis. "É preciso estar atento aos sinais do corpo. Se começar a ficar doente com frequência, e sofrer de insônia e irritabilidade frequentes, é hora de pedir ajuda", diz. Nem sempre é necessário recorrer à terapia, mas é essencial observar esses sinais para não chegar ao limite e adoecer.
No entanto, segundo Claudia, deve-se ter cuidado ao rotular um chefe como tóxico, pois a questão pode estar no âmbito pessoal, como o fato de o empregado não estar num bom momento e se abalar com uma gestão mais agressiva, por exemplo.
Por isso, o primeiro passo é conversar com os colegas. Se todos observam e sentem o mesmo que você, provavelmente a gestão é realmente ruim.
"A liderança nefasta, que pode envolver todos os tipos de assédio, é recorrente e afeta mais de uma pessoa da equipe", diz Maria Candida. Segundo ela, os tóxicos não podem ser confundidos com líderes mais assertivos que, vez ou outra, são mais duros em um feedback. Ao contrário: os nocivos agem sempre assim.
Rota de fuga
Lutar contra essa cultura não é fácil, pois, se o gestor age dessa forma, provavelmente tem o aval da alta direção por entregar bons resultados. Além disso, a maioria não reconhece sua toxicidade. Acha que entrega resultados e as pessoas é que estão de "mimimi".
Mas há algumas formas de se blindar enquanto precisa do trabalho e, aos poucos, se movimentar no mercado — ou na própria empresa. Foi exatamente isso que Roger Carrara, de 34 anos, fez. Atualmente no Peixe Urbano, ele teve de lidar com uma chefe tóxica em outra companhia em que trabalhava.
Ao perceber o problema, Roger começou a reforçar o networking interno. "Mantinha conversas recorrentes com as outras áreas, mas sem falar da gestora. O objetivo era trocar ideias de projetos e da operação em geral", diz.
Aquele era, para ele, um momento muito desgastante, no qual tinha a sensação de que a ascensão profissional demoraria. Na época, todos os créditos das boas ideias ficavam com a chefe.
"Fazíamos muitas reuniões de brainstorming para resolução de problemas e precisávamos levar as soluções à gerência. Em várias situações, ouvíamos que a ideia era ruim, mas, no dia seguinte, ela estava apresentando a mesma ideia ao diretor, sem mudar nada", diz.
Um ano e meio depois de reforçar sua rede de contatos, veio o resultado: Roger foi chamado por um desses líderes para assumir uma nova operação. Aí tudo mudou. Ele ficou dois anos na nova área até ir para o Peixe Urbano. "Hoje me identifico muito com o modelo de gestão da empresa e estou feliz", diz.
A atitude de Roger é recomendada pelos especialistas, que acreditam ser importante assumir a gestão da própria carreira e começar a se movimentar, descobrindo caminhos e possibilidades para se livrar da liderança tóxica. "Se ficar preso nessa bolha e não fizer relacionamento, a probabilidade da situação mudar é muito baixa", afirma Rafael.
Além disso, dependendo da cultura geral da empresa e do perfil do RH, uma conversa franca pode valer a pena. Hoje em dia, há muitos profissionais de gestão de pessoas preparados para esse diálogo.
Mas, se a opção for falar diretamente com o gestor, seja cuidadoso. "Explique, com respeito, como se sente com algumas atitudes e de que forma isso influencia em sua produtividade", diz a coach Eliana Dutra, CEO da ProFitCoach. Segundo ela, é importante também perguntar como ele prefere que a comunicação seja feita e em quais pontos você pode melhorar. Nesse caso, humildade é a palavra de ordem.
O segredo é saber se colocar e não deixar que as palavras desmotivadoras e o perfil do líder o abalem.
Afinal, se ele age assim com todo mundo, o problema certamente não é seu. "A confiança vem com o tempo. Hoje, com a bagagem profissional que adquiri, teria me posicionado mais naquela época, não teria me calado", diz Jordana.
Pense se não está na hora de botar a boca no trombone — seja para solucionar a situação diretamente com o chefe, seja para falar ao mundo que você está disponível para uma mudança de rota.
Fonte: Exame.com - 27/05/2019
Persuadir não é coisa só de vendedor, político ou marqueteiro. Todo profissional enfrenta situações em que precisa lançar mão de argumentação e atitude. Ser ou não bem-sucedido na empreitada – em relação a um pedido de aumento ao chefe, à aprovação de um projeto, obter uns dias a mais na entrega de um trabalho ou mudar o comportamento desagradável de um colega – depende de quais estratégias você usa.
Uma coisa é certa: não há fórmulas prontas nem garantia de resultado quando se trata dos contextos profissionais atuais. “Nos modelos de trabalho mais modernos, em que as relações se dão mais na horizontal e as informações estão disponíveis a todos, o chefe já não é o único dono da verdade ou da decisão”, diz Vania Bueno, consultora da HSM Educação Executiva.
“Antes, a hierarquia bastava para convencer alguém a mudar de opinião; hoje, a colaboração e a confiança são valores imprescindíveis quando essa é a meta.” Ainda assim, há caminhos que devem ser percorridos (ou evitados) a fim de aumentar seu poder de influência.
Confira algumas práticas.
- Primeiro, escute
É o básico para gerar conexão com o interlocutor e trazê-lo para seu lado. Mas é preciso interessar-se de verdade pela visão do outro e não se mostrar aberto apenas para constar ou conseguir o que deseja.
“Dar atenção genuína, observando inclusive os sinais não verbais, como postura, expressões faciais e reações físicas, é chave para compreender o outro e definir ou modificar o rumo da conversa de modo a alcançar o objetivo estipulado ou, pelo menos, chegar a um acordo bom para todas as partes”, explica Jeferson Mola, professor na Trevisan Escola de Negócios e autor do livro Negócio Fechado! As Habilidades Comportamentais e o Sucesso das Negociações (Trevisan, 49,90 reais).
Perceber que isso funciona na prática foi uma virada na mentalidade de Aline Batah, de 25 anos, gerente de vendas da TheFork, plataforma de reservas em restaurantes do TripAdvisor.
Ela se destacou na empresa por conseguir vencer a resistência de clientes difíceis e fazê-los fechar negócio — tudo na base da escuta atenciosa e sem alguns vícios e preconceitos arraigados no processo.
Um cliente, em especial, já havia conversado com outros colegas da equipe e não estava satisfeito com a solução até então proposta. Quando o caso chegou a Aline, ela gastou mais tempo do que o usual na tarefa, mas acabou convencendo o parceiro.
“Cada um tem uma forma como gosta de ser tratado e tomar suas decisões, e isso só se descobre ouvindo. Focada nas metas da companhia, a maioria das pessoas acaba se fechando para essa etapa da negociação e desiste se não tiver uma resposta positiva logo”, explica Aline.
Segundo ela, dar ouvidos às necessidades e aos desejos reais do interlocutor é importante, inclusive, para formular as perguntas certas e direcionar a venda.
“Conversamos, cada um expõe seu lado e chegamos juntos a uma solução boa para os dois, mas que inicialmente não estava no radar de nenhum”, diz.
- Revele seu interesse
Comunicar claramente por que você gostaria que alguém mudasse de opinião ou deixasse de agir de determinada forma eleva a chance de sucesso, além de afastar mal-entendidos.
“Em uma argumentação, muitas vezes as posições são diferentes, mas o interesse que está por trás, não”, diz Carolina Nalon, coach, especialista em mediação de conflitos e fundadora do Instituto Tiê. Apesar de parecer óbvio, isso nem sempre é simples de ser colocado em prática.
Por mais de três anos, o psiquiatra Guilherme Moreira Machado, de 34 anos, teve problemas com a agenda de consultas em uma das clínicas particulares em que atende em São Paulo.
“Além dos usuais três pacientes por hora, o que já garante pouco tempo para cada um, muitas vezes a equipe marcava encaixes e acomodava pacientes que chegavam depois do horário, o que acabava atrasando a agenda inteira”, diz.
Depois de se estressar bastante, ele descobriu em uma aula de comunicação não violenta a estratégia para mudar aquele comportamento do time. Guilherme redigiu um longo e-mail detalhando, ponto a ponto, o que estava acontecendo, como aquilo era ruim para médico e pacientes e qual seria a solução ideal.
Foi uma forma de materializar as queixas e fazer com que as mudanças fossem compreendidas por quem não estava no lugar dele e, por isso, não se sentia prejudicado. “No dia seguinte, as coisas já estavam no eixo e nunca mais precisei reclamar”, diz.
- Inclua a visão do outro
Quando o objetivo é fazer a cabeça de alguém, é comum focar-se na defesa de argumentos construídos e acabar se fechando para a realidade do interlocutor. Mas saber lidar com a diversidade de personalidades é um desafio na hora de vencer uma discussão.
“É fundamental considerar a visão de mundo e o sistema de valores do outro e sopesar que nem sempre serão iguais aos seus”, diz Rhia Catapano, doutoranda em marketing comportamental na Escola de Negócios da Universidade Stanford, na Califórnia, e pesquisadora de temas como persuasão e bem-estar do consumidor.
“Por exemplo, se está argumentando com alguém conservador, basear a discussão em termos da mesma natureza provavelmente será mais efetivo do que apresentar ideias inovadoras para você, mas que têm pouca relevância para a outra pessoa”, afirma.
- Coloque-se como igual
Não é porque você é novo no emprego ou tem um cargo menor que não pode questionar e propor ideias e mudanças.
Desde que saiba do que está falando e conheça como as coisas funcionam em seu ambiente (naqueles mais conservadores talvez seja bom ter cautela), falar de igual para igual com os superiores pode contar pontos a seu favor.
E não se trata de ser arrogante, passar por cima do chefe ou querer tirar a autonomia dele.
“Um liderado pode não só pensar com cabeça de líder como também transformar a cabeça de um líder”, diz Chris Melchiades, COO e sócia da consultoria em desenvolvimento humano Fellipelli.
“Apresentar seu ponto com algo na linha: ‘Quem decide é você, mas acho que seria uma boa ideia…’ demonstra autoconfiança, assertividade e maturidade”, afirma.
- Escolha o meio certo
Não há uma regra sobre qual meio — digital ou presencial — é mais certeiro quando a meta é persuadir, mas a escolha deve levar em consideração o conteúdo da mensagem que se pretende emplacar.
“Se o tema demanda racionalidade e reflexão, o ideal é criar um contexto que permita a argumentação sem obstáculos ao entendimento — o que é mais difícil conseguir no ambiente online”, diz Rhia.
Vale também considerar as descobertas de um estudo conduzido por um grupo de pesquisadores de ciência da informação da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, que analisaram quase dois anos de debates online e levantaram estratégias discursivas eficientes para persuadir. O experimento foi realizado em um fórum de rede social no qual os usuários postavam uma ideia e desafiavam os outros a discordar apresentando argumentos.
Os pesquisadores concluíram que não houve mudança de opinião na maioria dos casos, mas algumas lições ficaram claras.
A primeira é que não adianta insistir demais no debate virtual — se você não convenceu ninguém depois de quatro ou cinco trocas de argumentos online, provavelmente não vai conseguir. “É importante admitir quando fracassou na tentativa e, então, mudar de estratégia ou desistir”, afirma Jeferson, da Trevisan.
Outro achado foi que expor dados — estatísticas, exemplos concretos, opiniões de autoridades no assunto em questão — ajuda a embasar seu ponto e a gerar convicção no outro. As duas lições valem também para a comunicação presencial.
Fonte: Exame.com - 23/05/2019
Abraçar a novidade, surfar a onda de transformação do mercado, adaptar-se. Dificilmente uma pessoa sai de uma conversa ou palestra sobre futuro do trabalho sem escutar um conselho dessa natureza.
De fato, a resistência à mudança um problema sério dentro das corporações. Do chefe que fecha os olhos para as políticas de trabalho remoto e de jornadas flexíveis, ao funcionário que delega seu desenvolvimento de carreira à empresa para a qual trabalha, os exemplos de comportamentos de oposição não são raros.
Em campo ainda atuam lemas como “sempre foi assim”, “em time que está ganhando não se mexe” ou “aqui não vai mudar”. Para quem tem uma dessas máximas na mesa de trabalho, Ricardo Basaglia, diretor geral da Michael Page, explica que “resultado passado não é garantia de retorno futuro”.
Tendo em vista as principais mudanças no mercado de trabalho, Basaglia citou algumas atitudes que só comprometem a empregabilidade:
Atrelar sucesso profissional à formação acadêmica
O título, o diploma, o nome da faculdade não são mais os principais filtros usados pelos recrutadores. À exceção de carreiras que exigem certificação, como advocacia, medicina, engenharia, Basaglia vê menos peso para a graduação no direcionamento da atividade profissional. Os processos seletivos evoluíram e hoje o valor está nas entregas e no caminho percorrido até ela.
Não é mais tanto o que a pessoa acumulou de conteúdo mas como ela usa o conhecimento para entregar resultado. “O grande desafio das universidades é medir a capacidade de seus alunos de entregar resultado e de colocar o conteúdo em prática”, diz Basaglia. A ideia de comprar conhecimento por meio de título está ultrapassada, garante o executivo.
Esconder-se atrás de uma só área, processo ou até carreira
A abertura para responsabilidades inéditas começa em derrubar as fronteiras que ainda resistem em alguns escritórios.
As novas maneiras de se trabalhar avançam no sentido de equipes multidisciplinares, já que a diversidade de ideias comprovadamente traz resultados para o negócio. Basaglia não acredita que a rigidez na divisão por departamentos faça sentido no futuro do trabalho. “O profissional deve identificar onde ele atua melhor”, indica.
A ideia de um trabalho para a vida inteira também já é ultrapassada. À frente está o fenômeno das carreiras múltiplas, realidade para muitos brasileiros.
Está comprovado que atuar em mais de uma área, além de acelerar o desenvolvimento e consequentemente aumentar a empregabilidade também gera satisfação profissional.
Não querer aprender e nem desaprender
Para serem bem remuneradas, as pessoas terão que estudar mais e mais. Se a graduação e até pós-graduação não são mais tão diferenciais assim, cursos pontuais feitos ao longo da trajetória apontam para o futuro educacional.
A abertura para novos conhecimentos passa necessariamente pela capacidade de desaprender. “Muitas vezes o que nos atrapalha é o saber enraizado”, diz Basaglia. Desaprender é mais desafiador do que aprender, segundo o especialista.
É certo que no futuro do trabalho irão surgir novas tarefas para profissões que ainda estão por vir. E muitas outras atividades estão com os seus anos contados. “Estamos em um mundo em que profissões aparecem e deixam de existir cada vez mais rápido”, diz Basaglia.
A transitoriedade não deve agir desestimulante dentro de um contexto mais dinâmico como o que está porvir. “ É ter o interesse mesmo sabendo que vai deixar de existir como é”, afirma. Não adianta buscar segurança, melhor é lidar com a instabilidade. Uma mentalidade que valorize o ganho de resiliência entra em cena para ajudar o profissional a encarar o futuro de maneira sustentável, segundo afirmou a futurista Elatia Abate.
Fonte: Exame.com - 24/05/2019