Não é raro empresas ministrarem treinamentos para lideranças mais pessimistas, como forma de evitar que esse sentimento contamine a equipe e prejudique o desempenho. Mas os autores Henry Evans e Colm Foster, em seu livro Step Up, fornecem uma visão diferente desse tipo de personalidade negativa: uma postura mais crítica muitas vezes colabora para que não se tomem decisões erradas, baseadas em ilusões otimistas.
Pessimistas muitas vezes se concentram mais em problemas do que em soluções. Um exemplo clássico é o de um engenheiro da Nasa, que, em 1986, alertou para o risco de explosão em componentes da Challenger: ninguém o ouviu e a nave acabou explodindo, matando sete astronautas durante a decolagem.
O otimismo soa muito simpático e sedutor, mas oculta três características perigosas, alertam os autores.
A primeira: tomada rápida de decisões, sem querer ouvir argumentos contrários ou alertas, para evitar polêmicas ou mal-estar. A segunda é valorizar apenas os chamados “yes men”, aqueles que sempre dizem sim ao chefe e nunca acrescentam nada diferente, enquanto os pessimistas não hesitam em questionar propostas.
E, por fim, o otimismo acarreta despreparo para enfrentar resultados negativos, barrando eventuais alternativas, porque o otimista acha que tudo vai dar certo. A contribuição do pessimista, porém, precisa ser bem administrada para não envenenar o ambiente: ele deve expressar suas reservas uma única vez, evitando-se o debate prolongado que não leva a lugar nenhum e pode minar a produtividade de toda a equipe.
Fonte: Época Negócios - 20/06/2017