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O inverno chegou na noite de domingo. Depois de mais de dois anos de espera e muita especulação sobre quem vai se sentar no Trono de Ferro, estreou ontem (14) o primeiro capítulo da última temporada da série Game of Thrones, na HBO.

A sofisticada trama, repleta de personagens e regada a vinho, sangue, reviravoltas mágicas e, muitos, muitos conflitos, começa a se aproximar do desfecho, a sete temporadas anteriores não economizaram na produção de insights sobre o comportamento humano no que diz respeito à capacidade (ou falta de) de liderança de cada personagem cotado ao trono.

“A série possui excelentes e péssimos insights em liderança, no que se fazer em situações de gestão. Podemos entender as empresas como os reinos e seus gestores como os lideres representados na série, como reis ou personagens que representam um papel de liderança”, diz Mário Cunha, professor de MBA da Saint Paul nas áreas de liderança e estratégia.

Segundo explica o professor, um dos pontos mais valiosos para um líder é sua visão estratégica, e ao longo das sete temporadas expectadores puderam observar personagens utilizando esse pensamento.

Especialistas indicaram algumas situações, fatos e acontecimentos na série que poderiam embasar discursões sobre habilidades e desafios de liderança e pensamento estratégico em um curso de MBA, por exemplo. Se você ainda não assistiu a todos os capítulos anteriores é melhor parar por aqui porque há SPOILERS:

  1. Promessas cumpridas

O lema da família Lannister é, logo no começo da série, proferido por Tyrion Lannister. Ele diz: Um Lannister sempre paga suas dívidas.

“O exemplo dessa frase se aplica quando pensamos que uma empresa sempre deve cumprir o prometido. A falta do não cumprimento, faz você perder a credibilidade. Por isso, empresas devem prometer e traçar metas que são palpáveis, mesmo que a longo prazo”, diz Cunha.

  1. Previsão de riscos

O lema da Casa Stark (o inverso está chegando) é um lembrete para a necessidade constante de previsão de riscos futuros. “Se eles não se preparassem, possivelmente não conseguiriam sobreviver. Por isso, víamos os governantes do Norte analisando, criando estratégias sempre alinhados com o real cenário”, diz Cunha.

Por outro lado, alguns dos acontecimentos mais marcantes e nefastos das temporadas anteriores foram consequência direta da falta de análise de risco, segundo Felipe Costa, consultor de recrutamento da Robert Half.

A morte de Ned Stark após a sua ida para o Sul, o derramamento de sangue no Casamento Vermelho, a captura de Jamie Lannister, a morte de Karl Drogo e a morte de Doran Martell são consequência de atitudes carregadas impulsividade aliadas à negligência na análise de riscos.

Todo líder, antes de colocar um plano novo em ação, deve fazer análise prévia dos riscos envolvidos e evitar agir por impulso. “Muitos acontecimentos ali ocorreram e poderiam ser evitados, seja por ímpeto dos personagens ou falta de mensuração destes riscos também”, diz Costa.

As lideranças das empresas devem se atentar aos seus pontos crise e ter sua estrutura montada para aguentar eventualidades. “Pois como na série, se ela é pega de surpresa, seu caminho de retomada será ainda mais difícil”, diz Cunha.

  1. Construção de alianças

Se nenhum homem é uma ilha, nenhum líder sobrevive sem fazer alianças e influenciar pessoas a trabalharem em prol de objetivos comuns.

“A construção de alianças confiáveis pelos gestores devem ser pautadas em interesses genuínos e na relação de ganha-ganha”, diz Costa. Quando a relação ganha-ganha existe em uma negociação, ninguém sai com sentimento de que está perdendo alguma coisa.

Na série duas alianças estabelecidas em diferentes temporadas merecem atenção para os fatores, objetivos e desejos dos seus envolvidos: a primeira entre as casas Lannister/Tyrell/Bolton (enquanto funcionou) e a mais recente entre a casa Targaryen e Stark.

4. Conheça seus oponentes/ competidores

A Guerra dos 5 reinos e a “morte” de Jon Snow pela mão de seus próprios comandados da Patrulha da Noite é um momento dramático citado por Costa para reafirmar a importância de conhecer os potenciais inimigos/ competidores para conseguir antecipar eventuais ameaças ou ataques.

Ao seguir seus valores sem flexibilidade, o Lorde Comandante Snow deixou de ouvir os seus liderados e acabou sendo traído, mesmo tendo ideais nobres. Muitos outros acontecimentos ligados a Jon Snow, na série, trouxeram esse aprendizado ao personagem. Com as lições aprendidas, Jon voltou e puniu seus traidores, para em seguida reconquistar o castelo da família Stark, Winterfell, e se declarar Rei do Norte.

5. Ousadia e empatia

“Se um líder quiser fazer algo de extraordinário ele deve ser destemido e ter coragem”, diz Costa. Jon Snow e Danny Targaryen, com todas as suas conquistas, deram mostras de que têm essas características de sobra e são dois dos personagens que mais evoluíram na prática de liderança ao longo das temporadas anteriores.

Com a coragem de criar e comandar três dragões, Danny pode não ser uma líder natural, o que fica evidente com a necessidade da participação de outras pessoas em suas decisões, mas isso pode ser muito bom, segundo o professor de liderança e estratégia da Saint Paul. “Daenerys mostra que o líder precisa ser preparado, ter pessoas de confiança ao seu redor para ajudar na tomada de decisão. Aqui, vemos o que acontece com os conselhos administrativos”, diz.

A “Mãe dos Dragões” tem, no entanto, uma característica que faz toda a diferença no sucesso com líder: a empatia. Com essa virtude, ela conquista a confiança dos seus comandados.

“Daenerys adota uma postura em que ela convence o soldado a lutar por ela, por este ser o melhor caminho. Ao contrário de outros que obrigam seus soldados e seguidores”, diz o professor da Saint Paul nas áreas de liderança e estratégia.

O especialista vê semelhanças com o dia a dia atual das empresas. ”O que vale mais? Um profissional motivado e com valores e objetivos alinhados ao da empresa? Ou um profissional desmotivado, desalinhado à missão e valores da empresa?”

6. Não se lidera a ferro e fogo por muito tempo

“Cersei Lannister é tão segura de si, que ignora muitas vezes a opinião de pessoas mais experientes e preparadas. Ela não se importa com os demais e nem com o que será feito para alcançar seu objetivo”, diz Cunha.

Seu estilo de liderança “ferro e fogo” é falho embora possa até dar resultados em curto prazo. “Essa forma de gerir é complicada, gera consequências a longo prazo e muitas vezes pode ser efetiva sim, mas também gerar crises, pois não olhará a 360º toda situação”, diz o professor.

 

Fonte: Exame.com - 15/04/2019