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Já se sentiu como uma bolinha de lã rosa em meio a um mar de homens engravatados no escritório? Se a resposta for não, vale a pena conferir o novo curta da Pixar, Purl. A animação foi lançada no dia 7 de fevereiro no YouTube e é o primeiro episódio da nova série “SparksShorts”, que vai dar destaque a novas narrativas e criadores.

O desenho mostra a nova funcionária da empresa B.R.O Capital, Purl, uma animada e amigável bola de lã rosa, chegando no seu primeiro dia no trabalho. “Acho inacreditável que realmente estou aqui”, ela diz para o funcionário de RH que a conduz para seu novo andar.

Na empresa, só há homens com ternos chiques e todos olham para a nova funcionária como se também não conseguissem acreditar que ela pertencesse à equipe.

Ela não é incluída nas conversas, suas opiniões são descartadas nas reuniões e ela não é convidada para almoços e outras atividades sociais pelos colegas.

A diretora e escritora do curta, Kristen Lester, se inspirou na experiência do seu primeiro emprego, segundo o site Inc. “No meio primeiro emprego, eu era a única mulher na sala. Para fazer o que amava, tive que me tornar parte dos ‘caras’”, conta ela.

É o que a personagem tenta fazer ao ser deixada para trás no escritório. Deixada para trás novamente, Purl vai ao banheiro com seu kit de tricô e se transforma em um quadrado engravatado.

Agora ela se veste, fala e age como todos os outros homens, se integrando com sucesso.

O que é um fracasso para a empresa, uma vez que uma das vantagens de possuir uma equipe diversa é ter múltiplos pontos de vista, que melhoram a capacidade de solução de problemas e a produtividade.

Muitas empresas ainda apresentam dificuldades para promover um ambiente mais equilibrado, com maior presença de negros, mulheres, pessoas com deficiência e LGBTs.

Na área de tecnologia, por exemplo, as mulheres representam apenas 12% dos profissionais, segundo pesquisa da Michael Page. O maior obstáculo para a entrada na carreira está na especialização de mulheres, que sempre foram minoria em cursos de programação e computação.

Além de ser um exercício de empatia, a animação mostra um erro comum do RH na hora de praticar a inclusão em escritórios onde a equipe é mais hegemônica.

No primeiro dia de Purl, nem mesmo o funcionário que faz sua recepção está pronto para acolhê-la. O personagem tem a atenção dividida entre seu celular e notícias sobre esportes no elevador, depois a abandona sem fazer apresentações ou encaminhá-la ao seu gestor.

Os outros funcionários também não estão prontos para a nova colega. De acordo com a VP de inclusão da Dow, Karen Carter, em entrevista para a Revista EXAME, a inclusão não funciona se parte dos funcionários fica fora do processo. “Direcionar a mensagem apenas para parte da organização não ajuda a criar um ambiente em que exista integração de verdade. É preciso criar um ambiente aberto a conversas que historicamente sempre foram difíceis”, comenta ela.

Segundo a executiva, para mudar a cultura da empresa, é preciso focar na média gerência. No entanto, de acordo com pesquisa do Vagas.com e o Talento Incluir, 60% dos profissionais de Recursos Humanos afirmam que suas empresas não possuem um programa de diversidade. E apenas 10% dos profissionais de RH consideram suas empresas prontas para lidar com a diversidade

“Nossa governança inclui um conselho de inclusão focado nesse público, selecionando líderes mais influentes em nossa empresa, os guardiões de nossa cultura. Além disso, temos desenvolvido cada vez mais, em nossa academia de líderes, cursos voltados para mudar o comportamento da liderança no sentido de criar uma cultura mais permeável a diferenças de opinião”, diz a VP.

No Guiabolso, todos são convidados aos “Diversicoffees”, encontros descontraídos dentro do expediente para discutir temas sobre diversidade. A conversa fica aberta, pertencendo aos funcionários e gerando ideias para mudanças dentro da empresa que acomodam demandas das minorias.

 

Fonte: Exame.com - 28/02/2019

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