Nos últimos quatro anos, assalariados que foram demitidos e experimentaram a passagem para o trabalho autônomo – transição essa que tende a se tornar cada vez mais frequente no atual mundo do trabalho – estão engordando as estatísticas de trabalhadores sem carteira assinada, cuja atuação vem contribuindo significativamente para a recuperação da atividade econômica no País.
Marcelo Treff é professor da PUC
Os dados do IBGE revelam que somando-se os trabalhadores sem carteira assinada (11,1 milhões) e os que trabalham por conta própria (23,1 milhões), o total (34,2 milhões) é maior que o número de trabalhadores registrados (33,1 milhões). Ou seja, o trabalho informal superou o formal. E as perspectivas não são animadoras para quem pretende retornar ao formalismo. Com as constantes mudanças no contexto empresarial, as exigências em termos de competências que vão além do diploma e da experiência profissional tornaram-se um pesado desafio para um número cada vez maior de profissionais que deseja ingressar ou manter-se no mercado.
Na visão de Joel Dutra, um dos expoentes no assunto, “há uma tendência de as pessoas mais competentes serem demandadas a encarar desafios e, na medida em que se saem bem, receberem desafios ainda maiores”, o que está relacionado, segundo o especialista, ao conceito de complexidade. No livro Competências: conceitos, instrumentos e experiências, Dutra afirma que “nas organizações contemporâneas, em ambientes em constante transformação, a complexidade não está na situação em si, mas no que ela exige da pessoa”.
Trabalhador mais autônomo
Nesta perspectiva, em função das tendências e dos desafios impostos aos trabalhadores, está surgindo uma novo perfil profissional, formado por trabalhadores mais autônomos do ponto de vista dos vínculos trabalhistas e cuja atuação envolve flexibilizações dos contratos trabalhistas, terceirizações, trabalho intermitente ou por projetos e, é claro, a abertura do negócios próprio.
Porém, independentemente do tipo de inserção no mundo do trabalho, formal ou informal, é muito importante ter visão ampliada, conhecimento de mercado, iniciativa, espírito empreendedor, persistência, responsabilidade, entre outros. E, somado a esses skills, o protagonismo na carreira torna-se condição sine qua non para a sobrevivência profissional.
Fonte: Estadão - 02/04/2018