Durante o Adobe Summit, que acontece em Las Vegas nesta semana, Wang conversou com a analista da Adobe Tamara Gaffney sobre as principais tendências para o mundo digital, que vão moldar os próximos anos.
- O crescimento da economia vai impulsionar o dinheiro para os departamentos de marketing das empresas. “O destino mais fácil para essa verba a mais são as mídias tradicionais. Devemos ver um aumento nos preços da publicidade em televisão.”
- O grande buzz em torno das moedas virtuais no ano passado fez com que as pessoas tomassem conhecimento sobre o tema. Uma pesquisa recente feita pela Constellation Research mostrou que menos de 5% dos entrevistados nunca tinham ouvido falar em criptomoedas. Isso provavelmente não significa que todas as pessoas que conhecem passarão a usar bitcoin e investir na criptomoeda. Deve aumentar, contudo, o número de soluções usando o blockchain, a tecnologia por trás das criptomoedas. Segundo Wang, 52% das empresas estão buscando aplicações para essa tecnologia – sendo que 9% já têm soluções rodando.
- Fake news e redes sociais. Esse, segundo Wang, é um debate que vai continuar nos próximos anos. O fenômeno se agravou ultimamente: as pessoas deletam de suas redes sociais aquelas pessoas que emitem opiniões contrárias às suas. “Você só quer ouvir as pessoas que concordam com você”, comenta Wang. Isso faz com que internautas fiquem presos em suas “câmaras de eco” — acreditam em informações que confirmem sua opinião e não têm contato com quem pensa diferente. Isso empobrece o debate e cria um desafio também para as empresas: como estourar essa “bolha” em que as pessoas se prenderam?
- A automação é um caminho sem volta. Mas não é necessário automatizar todas as tarefas, explicou Tamara. Segundo ela, faz sentido usar robôs e algoritmos para tarefas de baixa complexidade ou de muito alta complexidade. Para as tarefas que ficam entre esses dois extremos, o melhor é usar ferramentas que facilitem o trabalho, mas que não o façam inteiramente. “É aquilo que é complexo demais a ponto de a automação não ser fácil, mas que também não é complexo o suficiente a ponto de os humanos não conseguirem lidar com a tarefa.”
- Percepção positiva. Apesar das discussões sobre a possibilidade de a automação e a inteligência artificial reduzirem o número de empregos, as pesquisas da consultoria indicam que a maioria das pessoas (63%) têm um sentimento positivo sobre a tecnologia. Além disso, o estudo demonstrou que, enquanto consumidores, as pessoas querem personalização dos serviços, mas aceitam que esse contato não seja intermediado por um ser humano.
- Rápido crescimento da realidade virtual. Nos Estados Unido, 43% das pessoas já experimentaram óculos de realidade virtual e 47% já usaram a tecnologia da realidade aumentada. “A demanda por esses tipos de conteúdo está crescendo rapidamente, e as empresas não estão conseguindo acompanhar”, diz Wang.
- Mídias tradicionais começam a se estabilizar. Após anos de queda acentuada, as mídias tradicionais parecem ganhar um fôlego, pelo menos por enquanto. Wang diz ter se surpreendido ao descobrir que mais de 50% da população americana ainda tem televisão a cabo.
- Podcast. O formato tem atraído principalmente os jovens e tem crescido como uma das principais fontes de áudio, atrás dos serviços de streaming de música. “E há uma oportunidade nesse segmento. Na China, o mercado de podcasts pagos gira mais de US$ 100 milhões”, diz Wang. Há, porém, pontos que precisam ser aperfeiçoados na tecnologia. Por exemplo, ainda existe muita diferença na busca por podcasts em telefones Android e iOS.
- Preferências mudam. Os consumidores estão aceitando melhor novos tipos de publicidade online. A preferência por vídeos publicitários, por exemplo, tem crescido. Na faixa etária entre 18 a 24 anos, esse é o formato preferido de 30% do público – enquanto ofertas por email são opção inicial para 29% dos entrevistados nessa idade.
- A importância dos influenciadores. Por mais segmentado que possa ser o marketing digital, as recomendações ainda são importantes para decisão de compra. Nesse sentido, é crucial que as marcas aprendam a lidar melhor com os influenciadores digitais. “As tentativas meia boca de usar a influência de personalidades das redes sociais não têm mais espaço. Os influenciadores precisam ser tratados como parceiros da marca”, diz Tamara.
Fonte: Época Negócios - 29/03/2018