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A pandemia do novo coronavírus deve mudar hábitos de consumo, principalmente em setores ligados ao comércio e aos serviços, aponta levantamento do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) encomendado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Batizado de "Observatório Febraban", o levantamento ouviu entre os dias 1º e 3 deste mês mil pessoas, amostra considerada representativa da população adulta bancarizada de todas as regiões.

De acordo com a pesquisa: - 46% dos entrevistados disseram que devem reduzir a frequência a bares e restaurantes após a retomada das atividades; - 45% afirmaram que pretendem frequentar menos os shoppings centers, que já começaram a reabrir em algumas cidades do país, apesar do aumento no número de casos e mortes causados pela covid-19; - 30% dos entrevistados responderam que devem comprar mais pela internet no pós-pandemia; - 28% disseram que pretendem usar os serviços de delivery com mais frequência; - 37% responderam que devem viajar menos;

O comércio e os serviços estão entre os setores mais atingidos pela crise econômica causada pelo novo coronavírus. Juntos, os dois segmentos fecharam quase 779 mil vagas formais de emprego nos meses de março e abril, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Empresários da área de bares e restaurantes ouvidos pelo G1 relatam perdas de até 80% no faturamento, mesmo com a adoção do serviço de delivery ou de take out (retirada no local). Eles afirmam que estão sendo obrigados a reinventar os negócios para garantir a continuidade das atividades e reconquistar a confiança de clientes na futura reabertura.

A pesquisa também aponta cautela da população bancarizada em relação ao ritmo de retomada da atividade econômica. Para 43%, a economia do país só vai se recuperar dos efeitos da pandemia depois de dois anos. Na última segunda-feira, analistas do mercado financeiro reduziram pela 17ª vez consecutiva a previsão para a variação do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2020, para -6,48%.

Os organismos internacionais projetam recessões ainda mais profundas. O Banco Mundial prevê queda de 8% do PIB do Brasil. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) fala em um recuo de 7,4%, que pode chegar a 9,1% se houver uma segunda onda de surto da doença. O levantamento aponta, porém, um otimismo maior relação à situação financeira pessoal e familiar. Praticamente metade (49%) dos entrevistados acredita que as finanças particulares voltarão ao patamar pré-pandemia no prazo de até um ano.

 

Fonte: Abras - 12/06/2020