Por Diogo Arrais, professor de português
Acima dos critérios gramaticais, um texto assertivo (respeitoso em relação aos direitos de outrem) obedece a determinados valores: a empatia, o humanismo, o planejamento do que será exposto, a revisão, a clareza. Tudo isso para evitar ruídos que possam comprometer uma carreira, um legado.
Com o advento das mídias sociais, muitos textos simples poderão ser lidos daqui a 50 anos ou mais. Apesar de assustadora a ideia, nossa palavra (falada e escrita) estará exposta – em tese – às próximas gerações.
Quando o produtor de uma mensagem tem carreira pública, o peso de sua palavra é bem mais expressivo. A produção de uma “ingênua” frase, por exemplo, pode ganhar – em poucas horas – ares mundiais.
Quantos líderes, atletas, celebridades, comunicadores, youtubers, empresários e executivos já sofreram com a falta de critério no momento de uma publicação? Quantas pessoas passaram dias terríveis, porque expressaram “construções frasais ofensivas”? Inúmeras!
Atire a primeira pedra quem nunca se arrependeu de uma declaração infeliz. Pois bem: o que fazer? A resposta exige um longo treino em nossas almas: humildade e revisão. Separei alguns passos muito úteis à escrita de uma mensagem pública:
A raiva custa caro
Escrever no momento raivoso gerará o famoso “Essas palavras não representam – de fato – minha imagem, meus valores.”
Mesmo estando muito cobertos de uma aparente razão, saibamos que a publicação com ira pode custar, por exemplo, o fim de uma amizade, o fim de uma admiração ou o fim de um emprego.
Desvios gramaticais
Desvios gramaticais podem gerar ambiguidades, confusões na compreensão: a intenção do escritor corre o risco de não ser revelada. Tendo condições, conviva com um revisor textual. Esse profissional tem a capacidade de deixar um texto muito mais elegante.
Não hesite: telefone
Em vez de registrar uma vida toda em aplicativos de mensagem urgente, telefone, marque um bom encontro: gestos, entonação, sorrisos e um discurso bem planejado garantirão o sucesso no ato de comunicação.
Havendo necessidade, crie um pedido de desculpas
Ninguém é perfeito. Somos errantes e feitos de “carne, osso e emoções”. Reconhecer publicamente um erro, um desvio de conduta e agir para o aperfeiçoamento é (e sempre será) nobre.
Na dúvida, peça ajuda, pois a palavra cautelosa (polida e humilde) faz um bem enorme.
Fonte: Exame.com - 10/06/2019