A inclusão de mulheres no mercado de trabalho deixou de ser diferencial entre empresas globais. Hoje, as companhias também têm o dever de contribuir para que elas atinjam cargos de liderança e sejam protagonistas de mudanças dentro do ambiente corporativo.
A missão é clara. A prática, porém, é bastante complicada. É o que mostra a pesquisa “Alavancando Mulheres na Liderança”, realizada pela consultoria Lee Hecht Harrison (LHH), em parceria com a HR People + Strategy: 28% das empresas norte-americanas que possuem políticas de inclusão de mulheres não estão satisfeitas com o número de executivas que se tornam líderes e querem aumentá-lo.
Das entrevistadas, 82% acreditam que promover mulheres é uma questão crucial para o setor empresarial.
Apesar de os dados parecerem contraditórios, Mara Turolla, gerente de desenvolvimento de talentos da LHH, explica que as empresas reconhecem a importância da inclusão. No entanto, a dificuldade está em fazer com que as mulheres cheguem, de fato, a cargos de liderança. “Há um viés inconsciente, como o preconceito, nos critérios de promoção e contratação de gestores que deixa as mulheres no meio do caminho”, diz Mara.
De acordo com a consultoria, 51% das trabalhadoras atuam na base da pirâmide profissional. Quando o cargo sobe para média gerência, a participação feminina cai para 25%. No caso de CEOs, a queda vai para 4%.
No Vale do Silício (EUA), por exemplo, apenas 5% das startups são comandadas por mulheres — “uma barreira para o própria desenvolvimento da região”, na opinião da gerente da LHH.
Entre as habilidades femininas levantadas pela pesquisa, resiliência, confiança e autoridade são as competências que mais precisam ser desenvolvidas pelas profissionais. Mas, para que isso ocorra, o gestor direto deve participar e também passar por treinamento, adverte Mara. “O mercado precisa entender que inovação só se desenvolve em um ambiente com diversidade de gênero e geração. Um caldeirão misturado cria uma resposta mais assertiva para problemas que envolvem negócios e a própria sociedade”, diz Mara.
Fonte: Época Negócios - 24/10/2018