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ideia 20 04

Empresas nas quais os colaboradores podem atuar como donos do negócio, apresentando soluções para as diversas áreas da companhia, estão estimulando o empreendedorismo interno. “Essa postura contribui para o crescimento do negócio em todos os aspectos, porque há uma relação ‘ganha ganha’ para os dois lados. Profissionais com esse perfil são cada vez mais demandados pelo mercado”, diz a consultora de recursos humanos, Sonia Garcia.

Na Ilegra – empresa global de tecnologia e negócios –, um exemplo de intraempreendedorismo vem da desenvolvedora Milene Lacerda, de 21 anos, que está na companhia há pouco mais de um ano. “Sugeri a criação de um robô para ajudar no processo de recrutamento e seleção, para resolve dores reais existentes no processo. Mas a solução ainda enfrenta alguns desafios técnicos para que possa evoluir”, conta a jovem.

Ela não se considera mais apenas uma profissional técnica, mas uma pessoa com diversas habilidades. “Além de atuar com desenvolvimento web, estou me direcionando para o segmento mobile e para experiência do usuário. Estou tendo oportunidade de descobrir o meu perfil e de conhecer o mercado. Além disso, tenho realizado palestras em eventos de inovação para apresentar meu projeto e obter retornos para aprimorar a solução.”

Caroline afirma que a inquietude é necessária para reinventar e criar coisas novas. “Nosso maior ativo são as pessoas, nada mais coerente que essas pessoas sejam propositoras. Essa dinâmica é possível pelo agrupamento de diversos perfis, formações e competências. Relações complementares potencializam o florescimento de ideias.”

Especialista em finanças na Vagas.com – licenciadora do software para a gestão de processos seletivos –, o administrador Wesley Barreto já apresentou vários projetos nos quatro anos em que está na companhia. Um em especial, ele considera emblemático.

“Há dois anos, identifiquei a oportunidade de resolver um problema do nosso RH. Soube que eles tinham grande dificuldade para reunir dados distribuídos em diversos sistemas da companhia, para que pudessem fazer análises e tomar decisões.

Convidei um ‘sócio interno’ e desenvolvemos um software que resolveu a questão. Desde então, a solução é utilizada pelo RH”, conta.

Segundo ele, dentro do contexto de resolver problemas com criatividade, diversas propostas de funcionários já foram colocadas em prática na empresa, principalmente na área de automação de atividades.

Características podem ser desenvolvidas

Segundo a consultora organizacional e professora universitária Maria Augusta Orofino, a inovação é o que faz as empresas se manterem atuais e terem sucesso constante. “O intraempreendedor é considerado um agente de mudanças, busca a melhoria dos processos e a criação de novas oportunidades de negócio. São de pessoas com esse perfil que as empresas precisam para crescerem e se

Maria Augusta acrescenta que não existe uma personalidade empreendedora ou intraempreendedora, mas sim algumas características inerentes a essas pessoas tais como: autonomia, autoconfiança, flexibilidade, independência, criatividade e lideranças. “E isso pode e deve ser desenvolvido. É com esse objetivo que muitas empresas treinam seus funcionários e colaboradores atualmente.”

Empresário criou a expressão nos anos 1980

Maria Augusta diz que o termo intraempreendedorismo é atribuído ao empresário Gifford Pinchot, que cunhou a expressão em 1985. “Para ele, dentro de uma organização, o intraempreendedor tem a função de transformar ideias em projetos rentáveis, promovendo a inovação empresarial.”

Ela afirma que intraempreendedores, além de criativos, são pessoas facilitadoras do compartilhamento do conhecimento, que possuem visão e olham à frente, abrindo os caminhos. “Intraempreendedores são profissionais que, dentro das organizações, promovem a inovação e transformam ideias em produtos aceitos pelo mercado. Eles são apaixonados pelo que fazem, gostam da singularidade e de se destacarem no grupo. Também almejam serem reconhecidos, admirados, referenciados e imitadas”, afirma.

Fonte: Estadão - 09/04/2018