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Jovens com potencial para a liderança costumam apresentar sinais dessa inclinação em atitudes do dia a dia. Mas não porque possuam um talento nato para a gestão: na verdade, eles simplesmente têm o desejo genuíno de obter resultados de forma coletiva. “Um futuro gestor precisa ter vontade de ocupar esse cargo, precisa ter o sonho de mobilizar outras pessoas na direção de um objetivo”, diz André Duhá, coordenador do MBA online em liderança, inovação e gestão da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul).

Nem todo mundo tem essa intenção — até porque, a despeito do salário e do status, a vivência da chefia pode ser extremamente custosa e angustiante. A vida dos gerentes, por exemplo, anda infernal com a crise, diante das fusões de cargos e do processo de horizontalização nas empresas. “Antes você tinha analista, supervisor, gerente. Muitas empresas demitiram e fizeram a fusão de posições”, explica Ricardo Basaglia, diretor da Michael Page. O gerente acaba sobrecarregado por tarefas e pressões, para não falar na dificuldade de motivar sua equipe com poucos recursos.

Isso explica por que não é incomum que um profissional seja convidado para uma posição de comando, mas prefira não aceitá-la. Não é de estranhar também que tanta gente busque a carreira em Y, que permite a ascensão ao cargo de especialista técnico — que tem salário e status comparáveis aos de um chefe, porém está livre da missão de liderar.

Embora certas atribuições da gestão possam ser desenvolvidas, a vontade de exercê-la não é algo treinável. “Você precisa genuinamente se interessar pelas outras pessoas e saber escutá-las”, diz Eduardo Abreu, sócio da consultoria Unique Group. Com a ajuda de Duhá e Abreu, reunimos outros hábitos que sinalizam que você está no caminho para a liderança. Confira a seguir:

  1. Você busca “sarna para se coçar”

Quando surge um impasse no trabalho, você costuma esperar que outra pessoa o resolva ou toma para si a responsabilidade de solucioná-lo? Segundo Duhá, profissionais com potencial para liderança são atraídos por problemas — ou desafios, como preferem entendê-los.

Essa é, afinal, a principal missão de um gestor. “O líder é a pessoa que vai mudar, renovar, aperfeiçoar processos”, explica o professor. Se um jovem demonstra insatisfação com o status quo e luta para alterá-lo de alguma forma no cotidiano, há grandes chances de ter sucesso como gestor no futuro.

  1. Tem um ouvido sensível

O grande diferencial dos bons líderes é a capacidade de escuta, isto é, a sensibilidade para perceber necessidades, desejos, angústias e motivações das pessoas ao seu redor. Se você tem facilidade para esse tipo de diagnóstico, é provável que tenha um alto grau de inteligência emocional, o que facilita (muito) a ascensão a um cargo de comando.

“Futuros líderes têm o hábito de observar seus pares e chefes, e ler o que está implícito no ambiente”, diz Abreu. “A partir dessa escuta, eles muitas vezes dão conselhos informais que trazem impactos positivos para o negócio”.

  1. Acompanha e valoriza o trabalho alheio

Você costuma se interessar pelos resultados dos seus colegas? Oferece ajuda e feedback quando necessário? Vibra com suas próprias vitórias, mas também com as alheias? Em caso afirmativo, garante Duhá, é bem provável que esteja na trilha certa para se tornar um grande líder.

Isso porque, quando se torna chefe, um profissional deixa de obter resultados apenas por meio do seu próprio trabalho: ele passa a perseguir objetivos por meio da atividade de outras pessoas. “Um bom líder está sempre atento aos seus funcionários e trabalha para desenvolvê-los”, diz o professor da PUC-RS.

  1. Fala só quando tem certeza

O hábito de buscar o máximo possível de embasamento para suas afirmações em reuniões, apresentações ou outras situações profissionais é outro sinal típico de que você está ficando pronto para ocupar a cadeira do chefe.

“Um líder em potencial costuma se aprofundar nas informações, ele nunca é superficial nas suas falas”, diz Abreu. Quando ocupar um cargo de gestão, essa preocupação com a correção e a consistência das suas falas será essencial para ter credibilidade diante da própria equipe e da empresa como um todo.

Fonte: Exame.com - 01/03/2018