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head wework

Ambiente descolado, cerveja e café liberados, mesas compartilhadas. O WeWork não se parece nada com um escritório tradicional. Para muitos, esse será o futuro do trabalho. Pessoas de diversas empresas trabalhando lado a lado, com mais colaboração e flexibilidade. Será? Por enquanto, os coworkings têm feito sucesso no Brasil. Dez meses depois de desembarcar por aqui, o WeWork já tem sete unidades abertas, em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Lucas Mendes lidera as operações do WeWork no Brasil e fala sobre as novas formas de trabalho e os planos da empresa para o Brasil. “Torço para que essa cultura se espalhe mais como um movimento. Claro que há o esforço para o WeWork crescer, mas a gente quer humanizar o ambiente de trabalho”, diz.

Como foi a aceitação do WeWork aqui no Brasil? Vocês esperavam um crescimento tão acelerado?

Acho que a mensagem de comunidade e compartilhamento é fácil de explicar aqui no Brasil. As pessoas já gostam e entendem a questão de um jeito novo de trabalhar, mais leve, o que não quer dizer que não é sério, e há uma preocupação grande com o bem-estar do funcionário. É uma tendência macro que a gente viu acontecer aqui no Brasil e abrange todo o tipo de empresa. Vale tanto para empresas menores quanto para grandes empresas. Hoje, quase 40% das vendas no Brasil são para empresas com mais de 500 funcionários.

Vocês não esperavam essa busca tão grande das corporações? Esperavam apenas as empresas menores?

Eu participei da criação do Cubo, lá no Itaú, então eu já via o interesse das grandes empresas em participar disso. Mas foi mais rápido do que eu pensei. Já temos Bradesco [com o prédio do inovaBra, feito em parceria com o WeWork], temos centenas de posições do Facebook, outras empresas de tecnologia. Outra coisa que aconteceu no Brasil é que muitas empresas têm nos procurado para se conectar com esse ambiente de inovação, de startups.

Você vê alguma diferença na forma de trabalhar do brasileiro em relação ao resto do mundo?

Fizemos uma pesquisa aqui no Brasil perguntando por que as pessoas vêm para o WeWork, e 65% delas disseram que era para fazer parte da comunidade e, no mundo, a média era mais ou menos 40%. Esse conceito de comunidade não é particularmente novo no Brasil – as pessoas já têm o grupo que vai no estádio, na igreja. É um conceito que as pessoas já vivenciam no dia a dia, mas não imaginavam usar esse conceito no ambiente de trabalho. Quando a gente misturou essas duas coisas, os brasileiros assimilaram rápido. Mais do que um escritório que é acessível, bonito, há a ideia de um lugar onde você vai se sentir parte, vai poder desfrutar daquilo. Eu diria que a questão de abraçar a comunidade foi muito intensa no Brasil.

Recentemente, estamos falando muito sobre as novas formas de trabalho. Como você vê essa forma de trabalhar no futuro?

O ser humano é muito criativo, vai criando formas de trabalho novas o tempo inteiro. O legal de trabalhar no WeWork é ver isso acontecer. Quando as pessoas falam no futuro do trabalho, ficam muito receosas com automação. Até acho que algumas profissões vão passar por revoluções com o uso da inteligência artificial, mas estamos vendo outras profissões surgirem. Eu vejo também que é um futuro mais tolerante. Nos nossos espaços, tem gente de terno, tem gente de dread, tem gente de tatuagem, e ninguém acha isso importante. Os talentos e a mão de obra são escassos, se você começa a descriminar, além de ser errado, não faz sentido porque vai perder muitos talentos.

Como o WeWork reflete isso?

A relação que as pessoas têm com o trabalho mudou. As pessoas não querem mais ter uma vida pessoal de um lado e a vida profissional de outro. Você quer pertencimento, viver bem no próprio trabalho. Nosso espaço acaba refletindo isso. A gente não inventou nenhum dos móveis, trouxemos todos de ambientes que não eram corporativos e colocamos no escritório. E as pessoas também buscam mais propósito, querem um trabalho de que sintam orgulho.

Como você imagina os escritórios do WeWork nos próximos 5-10 anos?

Eu imagino uma expansão desse jeito de trabalhar, que ainda é muito minoritário. Por mais que a gente venha crescendo, que sejamos o maior inquilino de Nova York, Londres – e provavelmente alcançaremos essa marca em São Paulo em breve –, a gente ainda ocupa muito pouco espaço olhando para o mercado de escritórios. No Brasil, especificamente, eu nos vejo em praticamente todas as grandes cidades. Nossos fundadores já falaram que olhar para o WeWork com um coworking é igual olhar para a Amazon como uma livraria. Estamos olhando para essas questões de compartilhamento, de nova economia e para como esse movimento vai mudar o jeito que a gente vive e trabalha. A gente tem iniciativas como o FiDi, que é uma academia e espaço de bem-estar dentro do ambiente de trabalho, tem o WeLive, que é um jeito de viver com pouca área individual e muita área compartilhada.

Há planos para trazer esses outros projetos para o Brasil?

Plano talvez não seja a melhor palavra. A gente tem ideias, já estamos trazendo para o Brasil um produto novo que se chama WeWork Labs, que é nosso produto focado na aceleração de startups e plataforma de incubação. Tem também o Powered by We, que vamos lançar. É um serviço em que vamos ao escritório da empresa e damos essa cara toda diferente, criamos essa comunidade e mudamos a forma como as pessoas da própria empresa interagem.

Fonte: Época Negócios - 07/05/2018

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