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equipe 16 08

Por Elisabete Adami Pereira dos Santos, professora da PUC

Nos dois últimos artigos tratei da questão que afeta basicamente os jovens no mercado de trabalho, e que foram produzidos, aqui no Brasil pelos impactos da taxa de emprego, pela queda da produtividade e pelas políticas de definição do piso salarial.

Independentemente da questão relacionada às políticas econômicas, temos um problema que acredito da maior seriedade, que é o comportamental.

Esse faz com que as pessoas de mais idade (membros mais velhos da minha geração) sintam que devam ser privilegiados pela idade, ou pelo tempo de casa. Isso, junto com as políticas equivocadas de “inclusão”, faz com que tenhamos o “ageísmo” ao contrário, levando o preconceito contra o jovem nos espaços de trabalho.

Meritocracia passou a ser vista por uma parcela de teóricos brasileiros como alguma coisa que pode não ser muito boa. Já li artigos, brasileiros, dizendo que a meritocracia é não inclusiva. E, por que isso? Basicamente, porque nossa cultura é patrimonialista, e o patrimonialismo cultua os privilégios, sejam por idade, sejam por senioridade e outros piores como status social, econômico, racial, étnico, vínculos familiares, etc.

Machado de Assis tratou muito bem desses temas em vários contos, e isso ocorreu no final do século 19. Convido todos a visitarem, ou revisitarem, o conto Teoria do Medalhão, em que o patrimonialismo e a defesa dos privilégios são tratados de forma crua. Além dele, Lima Barreto, com Os Bruzundangas, de 1922, denunciava essa prática da sociedade brasileira…Parece que não aprendemos nada em mais de um século!

Nada contra a senioridade, mesmo porque me encontro nessa faixa etária, mas tudo contra a forma que sua defesa tomou. Um profissional não é bom porque é mais velho, ou porque tem mais tempo de casa e sim pelas suas competências conseguidas e desenvolvidas ao longo do tempo. E, principalmente, pelas suas experiências e realizações.

Os últimos enaltecimentos que temos visto sobre a contratação de “talentos grisalhos”, neste mundo do desemprego, mostram que eles são especialistas no que fazem, falam diversas línguas e têm um currículo cheio de “entregas”.

Não exaltam sua idade, mas sua experiência.

Fonte: Estadão - 02/05/2018

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