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Ignorar a concorrência e fazer promoções fora de hora são deslizes que podem acabar com a sua empresa

Toda decisão tomada pelos empreendedores afeta o negócio. Uma liquidação, por exemplo, pode ser uma excelente estratégia para diminuir as perdas na época da troca de estoque. Baixar os preços sem justificativa, por outro lado, pode ser fatal para a empresa.

Para os especialistas, muitos desses erros de gestão que são prejudiciais ao negócio acontecem por falta de planejamento. Uma divulgação que promete o impossível, o corte de custos que aumentaria o lucro, mas reduz a receita, e o desespero por manter a empresa aberta sem conhecer seus principais indicadores fazem com que o negócio perca competitividade.

Confira a seguir quais são os principais erros de gestão que podem levar sua empresa para o buraco e como se prevenir.

Ignorar a concorrência

Muitas vezes, o empreendedor confia tanto no diferencial do seu produto ou serviço que se esquece de analisar a concorrência. Para o consultor do SEBRAE/SP, Julio Alencar, o cliente leva em conta diversos fatores na hora de decidir sobre uma compra. “É como uma rua com diversas concessionárias de automóveis. Os carros que você vende podem ser especiais, mas se o vizinho oferece o pagamento com maior número de prestações, seu negócio já perde competitividade”, sugere o consultor. Antes de definir o preço e as condições de venda do seu produto, tente descobrir se o cliente já passou pela concorrência.

Baixar o preço sem critério

Um erro bastante grave é baixar os preços sem um estudo, só para garantir o faturamento e tentar atropelar a concorrência. Apesar de atrair os clientes, esta estratégia pode fazer a empresa perder competitividade. A queda de preços pode fazer criar uma nova demanda, que a empresa não está pronta para atender. Isso prejudica os prazos e a qualidade do serviço.

Se os preços caírem sem critério, fica difícil manter o faturamento para garantir o pagamento de custos fixos, por exemplo. Outro problema, ainda mais sério, é se a estratégia não funcionar e sua empresa tiver que subir os preços. Isso vai afastar a clientela. Um consumidor mais fiel vai notar o sobe e desce de preço e pode perder a confiança. “Ele vai se sentir lesado e não vai querer mais comprar lá”, diz Alencar.

Acumular empréstimos

Se não houve controle para ter dinheiro suficiente para pagar as contas do mês, a saída é recorrer a um empréstimo. Se surge qualquer eventualidade e novas despesas, as dívidas fogem do controle e põem o negócio em risco. “O erro é pegar o dinheiro e não saber onde usar, nem como pagar, já que o valor não pode ir para o preço do produto ou do serviço”, comenta Julio Alencar.

O melhor procedimento é saber a produção que tem para identificar onde usar o dinheiro e quanto poderá pagar no mês sem deixar de acertar as demais contas. O professor de gestão estratégica do Insper, Davi Kallás, diz que o descontrole das contas também acontece quando a empresa cresce muito rápido. “Ela não consegue atender processos e isso pode provocar atrasos e queda na qualidade”, diz Kallás.

Não saber esperar o lucro

A impaciência pelo retorno financeiro rápido pode forçar os empreendedores a adotarem estratégias erradas, como o aumento de preços. O consultor do SEBRAE/SP alerta para a confusão entre investimento e lucro.

Segundo ele, qualquer melhoria que exija dinheiro à empresa e implique no aumento futuro das vendas não deve ser considerada como custo, mas sim como investimento. “O empresário não vê que o lucro é resultado de um novo equipamento que ele comprou, por exemplo,” diz. O retorno virá, porém, em um prazo maior.

Não prever épocas críticas

Perto do final do ano, muitos empresários começam a correr atrás do prejuízo e contam com a sorte para conseguir pagar o 13º dos funcionários. Se as vendas não chegam ao esperado, muita gente recorre à venda de bens ou parte para um empréstimo.

Para o especialista, o empresário deve ter em mente que o cronograma será o mesmo e, assim, se preparar antes. “Organize para guardar 1/12 do salário dos funcionários por mês”, afirma.

Misturar a conta física e a jurídica

A principal consequência de misturar a conta física com jurídica é não saber identificar em que o dinheiro é gasto: na empresa ou em casa. Para evitar este problema, a dica do especialista é sempre identificar onde o dinheiro foi gasto. Dessa forma, a análise sobre a situação da empresa não estará comprometida e é possível saber se ela dá lucro ou prejuízo.

Não administrar o capital de giro

Tão importante quanto saber o faturamento da empresa é conhecer quando acontecem as entradas de dinheiro. Este controle evita o desequilíbrio das contas.

Para isso, é preciso estimar o tempo médio que um produto levará para ser comprado e o dinheiro chegar à empresa, considerando pagamentos em cartões, cheques e boletos. Se não tem ideia do tempo de saída do produto, será pior tentar aumentar as vendas enchendo o estoque.

Desconhecer os indicadores do negócio

Custo e tempo de produção são os dois principais indicadores que os donos de pequenas empresas devem conhecer. Se você vender por um preço mais baixo do que o custo mínimo de produção ou prometer a entrega antes do tempo para que o produto fique pronto, os clientes vão ficar insatisfeitos e o prejuízo pode ser grande. “Não pode ser promessa, tem que ser compromisso”, define Alencar, do SEBRAE/SP.

Achar que funcionários são custos

Quando as contas apertam, o empresário pensa na demissão como uma das primeiras opções para cortar despesas. “Dispensar funcionário é um erro, pois na verdade o que estará sendo cortada é a receita da empresa”, comenta Alencar, sobre a redução da produção ou atendimento, que compromete a entrega ou a qualidade e reduz as vendas.

Fonte: Exame, por Camila Almeida – 08/11/2011

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