Por Christiane Berlinck, diretora de Recursos Humanos da IBM Brasil
Sentimos na pele como as novas tecnologias estão transformando significativamente as nossas vidas. Hoje, podemos estar em uma sala de aula virtual com pessoas de diferentes etnias e países em tempo real, comprar um produto de uma comunidade distante ou até trabalhar para uma empresa do outro lado do mundo.
Desde a primeira revolução industrial, os avanços vêm determinando a forma como vivemos, estudamos e trabalhamos. O que mudou de lá para cá? A velocidade com que essas mudanças ocorrem. E, acredite, elas estão cada vez mais aceleradas.
No curto período de três anos, aproximadamente 120 milhões de profissionais em todo o mundo precisarão ser requalificados para acompanhar as mudanças da era digital. Isso não quer dizer que as profissões vão acabar ou que seremos substituídos pelos robôs, como vemos nos filmes. Mas a forma como trabalhamos vai se transformar completamente. E para melhor, na minha visão, pois passaremos a ter foco em atividades mais estratégicas e perderemos menos tempo com as automáticas e rotineiras que podem ser facilmente conduzidas por uma máquina.
Essas mudanças vêm mexendo com todas as áreas das empresas, mas acredito que a transformação na gestão e na cultura da área de recursos humanos é crucial para que essa mudança ocorra dentro da organização. A área precisará atuar cada vez mais como um agente ativo na transformação digital de suas companhias. Com isso, será necessário ter uma estratégia diferenciada no que diz respeito à retenção de talentos, recrutamento e engajamento de funcionários, utilizando o potencial das novas tecnologias, como inteligência artificial, automação e blockchain.
O grande desafio dos gestores será a preparação dos seus colaboradores para essa nova era, por meio de treinamentos e capacitações cada vez mais personalizados. A forma de recrutar também já é diferente e vai mudar ainda mais. Já há ferramentas com inteligência artificial que fazem o cruzamento das vagas existentes com os candidatos mais apropriados. Outras analisam a personalidade do profissional por meio de seus textos e ajudam o recrutador a tomar a melhor decisão de acordo com o perfil da posição aberta.
A alta demanda por talentos com as habilidades do futuro exige que as instituições de ensino também estejam alinhadas a essa nova realidade. Proporcionar um currículo acadêmico adaptado, desde cedo, que prepare os estudantes para as profissões do futuro e combine conceitos teóricos e ensinamentos práticos, ou seja, aprendizagem em sala de aula com experiências no ambiente corporativo, possibilita a formação de candidatos aptos para entrar no mercado de trabalho e equipados com as habilidades certas que os empregadores estão à procura.
O potencial de produtividade de um país é mensurado pela força de trabalho e suas competências. O papel das empresas e das instituições de ensino será crucial para preparar os profissionais com as habilidades e as novas formas de trabalhar, impulsionando essa mudança na era digital.
Fonte: Estadão - 25/01/2019