A retomada do varejo após a crise do coronavírus mostrará um setor muito diferente daquele que chegou a fevereiro de 2020. “Estamos passando, em poucas semanas, por mudanças que normalmente levariam anos para acontecer”, afirmou Alberto Serrentino, fundador da Varese Consultoria e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), em live realizada na tarde desta terça-feira (07/04). “A digitalização e a transformação digital das empresas tiveram uma aceleração decisiva, por força das circunstâncias, já que a maior parte do varejo está com as lojas fechadas”, comentou.
Durante a live, realizada pela Associação Brasileira de Franchising (ABF) com a participação do presidente da entidade, André Friedheim, e do presidente do Conselho da associação, Ricardo Bomeny, Serrentino apontou ainda outra grande janela de oportunidade trazida pelo coronavírus. “É claro que a grande preocupação das empresas é a gestão do caixa, pois isso define a intensidade das medidas a serem adotadas. Mas se todo mundo olhar só para isso, teremos um colapso sistêmico. Vejo movimentos muito importantes de empresas que estão cuidando de seus stakeholders, evitando demitir ou adiar unilateralmente os pagamentos de prestadores de serviços e fornecedores. Quem conseguir equilibrar o curto prazo com sua responsabilidade em toda a cadeia de valor construirá relações muito mais sólidas e vai conseguir sair desta crise fortalecido”, explica.
Ricardo Bomeny, presidente do Conselho da ABF, compartilha a opinião de Serrentino. “O momento de pânico já passou e agora é hora de enfrentar uma crise que é muito séria, que é mundial e é humanitária”, comenta. Para ele, a solução para a crise depende de um tripé formado pela saúde, pela economia e pela política. “É preciso coordenar esforços nessas três áreas para termos uma saída rápida e segura desta situação”, acredita.
Para Serrentino, o mais difícil neste momento é projetar os cenários de saída da crise, pois ainda não existe uma visão clara de como o coronavírus irá atingir a população. Em sua visão, porém, a recuperação não se dará de forma instantânea. “Acredito em uma retomada do varejo em forma de U, com uma barriga longa. Mas é importante lembrar que não estamos vivendo esta situação de forma homogênea e, com isso, a saída também não será homogênea. Algumas empresas vão se recuperar mais rápido que as outras, dependendo do setor, do comportamento dos consumidores e do relacionamento que foi cultivado com os stakeholders durante este momento mais duro”, analisa.
Fonte: NewTrade – 08/04/2020