A logística e o supply chain existentes hoje no Brasil não devem ter vida longa em função de novas tecnologias como blockchain, inteligência artificial, digitalização, utilização de robôs. Essa sensação-certeza ficou clara após a segunda edição do “Global Supply Chain Roundtable, the Digital Age”, organizado em São Paulo no dia 17 de agosto de 2018 pela consultoria KPMG, com apoio da Associação Brasileira de Logística.
Pedro Francisco Moreira, presidente da Abralog, disse que todas tendências e novas tecnologias sempre merecem muita atenção da Associação, mas afirmou que a onda disruptiva recente foi tratada com muito maior interesse e preocupação: “Ficou claro que não mais seria possível fazer logística sem tecnologia. A chamada quarta revolução industrial é muito complexa e com velocidade avassaladora. Desde então, temos utilizado a maior parte de nossas atividades divulgando, abrindo para os associados esses caminhos, alertando para uma situação irreversível”.
Segundo ele, os logísticos têm de estar em aprimoramento e aperfeiçoamento constantes. “Temos inúmeras ações locais e também missões internacionais, como a que acabamos de apoiar à University of Souther California. Também estamos montando a estrutura da visita ao Global Supply Chain Summit 2019, que será realizado em agosto nos Estados Unidos, em Los Angeles, para o qual pretendemos levar uma grande delegação brasileira.
Nick Vyas, professor da University of Southern California e conselheiro de um grupo de trabalho sobre logística criado nos Estados Unidos pelo governo Trump, lembrou na palestra Blockchain in Supply Chain, que em até cinco anos, 25% do consumo global que está em constante aumento estarão concentrados em 60 megacidades. “O comportamento do novo consumidor que exige maior eficiência, conectividade e agilidade ‘obriga as empresas a investir em sistemas de inteligência, assim como já existe nos EUA, por exemplo por meio de caminhão que faz entregas guiado apenas por inteligência artificial, sem a necessidade de um motorista no trajeto”, destacou.
Novas tecnologias devem chegar ao Brasil
Bernardo Madeira, CEO da empresa Smartchains, associada à Abralog, ao apresentar as tendências em tecnologia que estão impactando o setor de logística no mundo, debruçou-se sobre Blockchain, Realidade Aumentada e Internet das Coisas (Iot, Internet of Things, na sigla em inglês). Segundo ele, essas ferramentas conseguem conferir maior eficiência, redução de custos nas rotas de entregas, economia de combustível, visibilidade das cargas, controle de estoques, maior segurança contra roubos, entregas em até um dia, entre outros benefícios.
“Nos próximos três anos a cinco anos, essas tecnologias que já estão em pleno funcionamento em alguns países, vão mudar rapidamente as formas de fazer negócios e entregas no Brasil, além da substituição de algumas funções burocráticas e repetitivas que não precisam necessariamente da intervenção humana, fazendo com que algumas funções deixem de existir e exigindo atuação mais estratégica dos profissionais”, explicou. A parte final da frase de Madeira é importante e crítica: vai haver, sim, eliminação de postos de trabalho, o que sempre ocorre com o advento de novas tecnologias.
Robôs estarão cada vez mais presentes
O assunto foi abordado também na fala de Carlos Itani, diretor da consultoria KPMG, durante a palestra RPA (Robotic Process Automation) in Supply Chain. Itani, citando pesquisas recentes, disse que nada menos que 120 milhões de trabalhadores do conhecimento serão substituídos por robôs até 2025. Por trabalhadores do conhecimento, entenda-se pessoal de formação qualificada.
Itani, por outro lado, apresentou em detalhes as transformações que as novas tecnologias estão trazendo: há armazéns robotizados com a alocação de apenas uma pessoa em ambientes que há pouco tempo exigiriam 500; desde 2014 a Amazon vem adicionando anualmente 15 mil robôs em suas unidades; caminhões de cerveja autônomos entregam o produto no estado americano do Colorado; até 2016, Tesla e Google haviam acumulado cerca de 1 milhão de milhas em trajetos percorridos com carros autônomos; e há ainda enorme potencial para a utilização de robôs, pois apenas 20% dos armazéns são automatizados.
O diretor da KPMG também lembrou aos presentes que com as novas tecnologias, a palavra robô adquiriu novos significados. “Hoje, consiste num programa dotado de ampla gama de recursos para imitar e complementar o comportamento humano, com uma fidelidade jamais verificada”.
Fonte: Portal Newtrade - 21/08/2018