Arianna Orland se define como uma “criativa”, consultora e artista. Fundadora da In/Visible Talks, conferência de design para estimular a criatividade, ela gosta de refletir sobre aquilo que define como a “síndrome do impostor criativo”. “Como designer autodidata, muitas vezes me senti como uma ‘impostora criativa'”, diz. O rótulo “profissional criativo” sempre lhe soou estranho, conta em artigo publicado na Fast Company. Mesmo depois de 20 anos de carreira, ela diz que ainda se sente desconfortável quando a inserem nessa caixinha.
Arianna, no entanto, começou a pensar no que a palavra criativa representava quando um ex-chefe perguntou: “O que você faz para estimular sua criatividade?”. “É uma loucura que algo tão instintivo para uma criança, simplesmente seguir sua curiosidade e imaginação, possa parecer tão estranho quando se é adulto. Quando eu era mais jovem, procurava maneiras de experimentar e apreciar a criatividade, desde viagens e museus com meu pai até revistas e arte. Eu procurei as artes visuais antes mesmo de ter palavras para descrevê-la”, disse.
À medida que foi crescendo, ela percebeu que, sem buscar novas inspirações de forma contínua, o burnout (esgotamento profissional) era inevitável. “Você precisa recarregar energias e se dar ao direito de fazer isso.” No artigo à Fast Company, Arianna compartilhou algumas lições que foram apresentadas no In/Visible Talks para lidar com um possível bloqueio de inspiração, fortalecer a criatividade e não se sentir um “impostor criativo”.
Seja egoísta. Entregue-se à inspiração
Permita-se fazer o que você precisa — seja caminhar, ler um livro antigo ou entrar em um curso diferente. Muitas vezes sentimos culpa ou arrependimento por fazer algo “sem necessidade” ou gastar muito tempo com o lazer. Lute contra seu crítico interno e participe do jogo. Seja egoísta com você mesmo.
Siga suas obsessões
Arianna diz que devemos seguir aquilo que define como “trilhas de curiosidade”. Se de repente você se interessa pela história do Brasil, madeira ou detalhes sobre os lançamentos espaciais da NASA, vá atrás desse conhecimento. Arianna, por exemplo, cultiva a obsessão de realizar trabalhos manuais, por isso, começou um negócio fazendo “Letterpress” (impressão tipográfica). Além disso, ela recomenda: visitar museus, galerias e feiras de arte é outra ótima maneira de buscar novas obsessões.
Limpe a sujeira ao seu redor
Arrumar sua mesa pode, sim, gerar clareza de pensamentos e ideias novas, garante Arianna. “Quando você sentir a inspiração indo embora, elimine a desordem — seja organizando sua mesa, limpando o armário, desligando o computador e aproveitando o espaço aberto.”
Faça atividades que não estão relacionadas ao mundo do seu trabalho
Você é um arquiteto que ama desenhar cartoons? Um médico que ama cozinhar? Tenha um projeto para chamar de seu. O “jogo pessoal” pode estimular o seu lado criativo e é um depósito de enegia.
Pergunte para outra pessoa como ela está fortalecendo seu “eu criativo”
“Olhando para aquela tarde com meu chefe, percebo que sua pergunta pode ter sido direcionada para ele mesmo. Muitas vezes, fazemos perguntas quando estamos buscamos as respostas para nós mesmos. Investigando e ouvindo o que desperta os outros, você pode acender algo em você mesmo”, diz Arianna.
Fonte: Época Negócios - 07/05/2018