O sistema de transporte de mercadorias evoluiu muito nos últimos anos face à crescente necessidade das empresas em otimizar e racionalizar os seus processos e serviços, procurando cada vez mais atender as necessidades dos seus clientes intermediários ou finais.
O transporte de bebidas deve assegurar que a qualidade intrínseca do produto e de sua embalagem seja mantida, que o prazo e local de entrega sejam respeitados, que o custo do transporte seja o menor possível.
À primeira vista, parece fácil suprir todas as características acima mencionadas, mas a realidade é outra. As distâncias continentais do Brasil, o mau estado da malha viária (estradas e ruas), a limitação de trânsito de veículos de transporte em determinados horários e locais nas grandes cidades, as dificuldades na carga e descarga (muitas vezes manual) dos veículos de transporte, a lentidão em se padronizar os tamanhos das embalagens, paletes etc, são algumas das dificuldades enfrentadas.
Outdoor móvel
Os fabricantes de veículos de transporte nacionais têm procurado atender as necessidades dos clientes. Na Europa e Estados Unidos, esta preocupação em se projetar e construir um veículo adequado às necessidades específicas de cada cliente já existe desde a década de 80, quando surgiram várias firmas especializadas no desenho e construção de carrocerias adequadas às mais diversas aplicações. Essa diversificação de carrocerias já chegou ao Brasil, onde hoje podemos ver em nossas ruas caminhões desenhados especialmente para conhecidas indústrias de bebidas (inclusive multinacionais), que além de serem adequados ao uso a que se destinam, ainda funcionam como “outdoors” ambulantes, levando a logomarca da empresa a todos os lugares.
Esta tendência de se utilizar a própria carroceria do veículo de transporte como propaganda móvel é um modo criativo, com um custo acessível, de se divulgar a própria marca.
Estudos realizados nos Estados Unidos e na Alemanha, por conhecidos institutos de pesquisa, provaram que com a propaganda efetuada com a própria frota de veículos, mais consumidores são atingidos (62%) do que com anúncios, rádio ou outros meios de comunicação. Apenas a televisão possui maior alcance (70%). Também as chances de se fazer contato com o consumidor através de propaganda móvel aumentam consideravelmente em comparação com os outdoors fixos: no período de 15 minutos, no centro de uma grande cidade ao sul da Alemanha, 97 passantes foram “abordados” pela propaganda em colunas e placas; contudo, através da propaganda móvel motorizada, 674 pessoas foram atingidas.
O estudo The Visual Impact of Trucks in Traffic da Associação Americana de Caminhões, demonstrou que um caminhão é notado até 16,3 milhões de vezes no período de um ano, sendo que 45% movimentando-se no trânsito e 55% estacionado e na carga / descarga.
A rápida visualização da mensagem do anúncio é primordial: cor de fundo contrastante, texto com tamanho de letra correto, que permita leitura fácil e que se limite ao conteúdo básico (marca, produto, lema, empresa). O nome e o endereço completos da empresa podem ser aplicados também na traseira da carroceria do veículo, de modo que os ocupantes de outros veículos possam visualizar a mensagem.
É oportuna a utilização de legendas nos tetos dos veículos de transporte e entrega nos centros urbanos, onde os produtos são entregues à direita e à esquerda em ruas ladeadas de prédios de vários andares. As logomarcas (legendas) podem ser aplicadas através de pintura ou por adesivos que possuem alta resistência mecânica e química (luz, jatos de água – inclusive quente e exposição ao tempo – vento, sol e chuva).
Os custos do transporte
O transporte de diversos tipos de bebidas exige veículos apropriados para isso. Por exemplo, necessita-se que o produto seja protegido da ação climática (vento, chuva, calor, luz), de modo que as suas características de qualidade permaneçam inalteradas.
As bebidas são acondicionadas em vasilhames de vidro, plástico, latas, “bag in box”, tambores de post-mix, barris etc. Os vasilhames, por sua vez, são transportados em bandejas de papelão, caixas de papelão, garrafeiras plásticas, embalagens múltiplas com filme plástico etc.
Esse transporte pode ser efetuado por intermédio de caminhões baú (frigoríficos ou comuns); caminhões com carroceria comum de madeira ou alumínio – onde a carga é protegida com lona comum ou isotérmica e amarrada; caminhões dotados de carrocerias especiais (teto móvel – tipo “asa”, teto rígido fixo – com as laterais móveis flexíveis em lona, teto rígido com as laterais rígidas escamoteáveis etc) e caminhões-tanque (onde o produto é transportado a granel).
Os dois fatores de custo que influem no uso da frota de transporte são o tempo e a distância. O fator distância depende do mercado e pode ser influenciado pela introdução de um plano de rota. O fator tempo depende do carregamento na indústria, do plano de rota e da disposição da frota.
Desse modo, utiliza-se veículos de transporte com grande capacidade de carga (carretas e truque) para o transporte dos produtos – geralmente paletizados – entre as fábricas e os depósitos ou revendas; e veículos menores (caminhões “toco” e furgões) para a entrega dos produtos nos pontos de venda ou de distribuição (de modo a assegurar a agilidade na entrega). Esses veículos devem ser concebidos de modo que a sua carga / descarga possa ser realizada com o mínimo de esforço, e sejam dotados de plataformas hidráulicas, facilitando o manuseio das mercadorias.
A padronização (NBR) do tamanho dos paletes (medidas: 1.050 mm x 1.250 mm), para o uso em bebidas facilita o manuseio, o transporte e a armazenagem dos produtos.
A utilização da informática (computadores de bordo) e do rastreamento por satélite abre novos horizontes para a racionalização e otimização do uso da frota de transporte. O acompanhamento diário das rotas de transporte, com a comparação entre o trajeto previsto e o realizado, permite que sejam tomadas medidas corretivas e preventivas, conforme o caso.
Experiências práticas demonstram que, através de um planejamento periódico de rota e da introdução da venda por telefone pode se atingir significativa racionalização (redução de 5 a 10% nos custos com o transporte). O nível do potencial de racionalização depende decisivamente do grau de organização da empresa.
Fonte: Matthias Rembert Reinold
Mestre Cervejeiro Diplomado