O ato de levantar a mão é ensinado no início da jornada educacional, como uma maneira educada de chamar a atenção do professor ou da professora para tirar dúvidas, fazer comentários ou pedir favores. Treinamos as crianças para que elas aprendam a chamar a atenção de maneira silenciosa e respeitosa. Mas esse ato não fica restrito apenas à infância. Temos que levá-lo para nosso dia a dia profissional.
Por muitos anos, trabalhou-se com o pressuposto de que a gestão da carreira era responsabilidade da empresa, da chefia e da área de recursos humanos. Isso fazia com que as pessoas adotassem uma atitude passiva em relação às oportunidades: era preciso esperar o convite do superior imediato para avançar.
Falar com colegas e chefes sobre as próprias realizações ou mencionar um curso importante era visto como “marketing pessoal”. Nesse cenário, cometiam-se dois erros. O primeiro era inibir a pessoa de divulgar suas realizações; o segundo, dar sentido pejorativo a uma ciência fundamental às organizações, o marketing.
Com o passar dos anos, foi ficando claro que a trajetória de carreira pertence a cada um dos profissionais e que cabe a nós administrar nossa evolução na empresa.
Mas essa mudança de paradigma trouxe um desafio: ensinar aos trabalhadores o velho ato de levantar a mão para chamar a atenção dos líderes. “Olha eu aqui! Terminei minha pós-graduação e estou pronto(a) para novas oportunidades”; “Olha eu aqui! Terminei meu curso de inglês e estou pronto(a) para discutir uma expatriação”; “Olha eu aqui! Estou fazendo um trabalho voluntário que reforçou minhas habilidades pessoais.”
Tudo isso parece simples. Mas não é. Os anos de passividade e o fato de ainda termos uma ou duas gerações de chefes que pensam que são os donos da carreira de seus subordinados dificultam até hoje o exercício de levantar a mão.
Os jovens millennials, por sua vez, já entram nas companhias com os dois braços erguidos, clamando por chances e falando de si mesmos com propriedade. Lideranças antigas, infelizmente, tentam desclassificá-los — dizendo que não passa de uma geração imediatista.
Mas os profissionais não devem se intimidar. É preciso levantar a mão! Exponha suas realizações, fale sobre as atividades extras que realiza fora do escritório, mostre que está pronto para novos desafios. Não fique esperando ser conhecido — ou reconhecido. A carreira é seu maior patrimônio. Zele por ele.
Fonte: Exame.com - 09/04/2019