Se a crise econômica e a queda na renda levaram o consumidor a deixar de lado suas preferências no supermercado, em função do orçamento apertado, a comparação em termos de qualidade tem levado os produtos de marcas líderes de volta aos carrinhos de compras do público, que tem ido com mais frequência aos estabelecimentos. Essas são tendências demonstradas em sondagem realizada pelo Sincovaga (Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios do Estado de S. Paulo) em todas as regiões da capital, no período de 4 a 6 de outubro de 2018.
O levantamento mostrou que 69,6% dos consumidores entrevistados experimentaram outras marcas de produtos no supermercado, exceto as líderes, nos últimos seis meses. As categorias em que houve mais marcas substituídas foram higiene e limpeza (87,7%) e mercearia (65,8%), seguidas por laticínios (58,9%). O preço foi a maior motivação para essa mudança de hábito, na opinião de 84,5% dos consumidores.
Essa tendência já era percebida na sondagem realizada pelo Sincovaga em fevereiro de 2016, quando 35,8% dos consumidores entrevistados à época afirmaram não se importar com marcas, mas sim com preços mais baixos, enquanto 27,5% informaram que tinham marcas de preferência, porém já haviam aberto mão delas em razão dos preços. Entretanto, a recente sondagem mostra que este movimento está tomando o rumo contrário, pois 66,2% dos entrevistados disseram já ter voltado a consumir as marcas premium, a maioria do setor de higiene e limpeza (68,1%), seguido por mercearia e laticínios (44,7% cada) e bebidas (23,4%).
Na sondagem anterior (fevereiro de 2016), a maior resistência dos consumidores era na troca de marcas do setor de alimentos (44,6%), seguido por higiene pessoal (15,2%), limpeza (9,8%) e bebidas (8,3%).
Mas se o preço foi a maior motivação para a troca de marcas há pouco mais de um ano, agora é a qualidade de traz esse público de volta às marcas premium ou líderes de mercado. Para 78,7% dos clientes ouvidos pelo Sincovaga, a qualidade comprovadamente melhor desses itens foi a vantagem mais considerada, seguida por preço mais atraente (8,5%) − que pode evidenciar uma parceria maior entre o varejo e a indústria −, e o custo-benefício (6,4%).
A maior parcela de respondentes da pesquisa está concentrada na faixa de renda familiar de 1 a 3 salários mínimos (33,3%), seguida pela faixa de 3 a 5 salários mínimos (26,5%), e pela faixa de 5 a 10 salários mínimos (17,6%).
Frequência das compras – A maioria do público faz pesquisa de preços antes de ir ao supermercado (66,7%), utilizando principalmente folhetos (63,2%), internet (39,7%) e anúncios de TV (11,8%) para tomar suas decisões.
Dos formatos de varejo preferidos, a maioria opta pelos supermercados (31,4%), seguidos pelos atacarejos (22,5%), hipermercados (20,6%); e lojas de vizinhança de grandes marcas e mercadinhos de bairro, cada um com 12,7% das respostas.
Convidados a avaliar o que mais gostam nesses equipamentos de varejo, conveniência e preço receberam a maior quantidade de notas altas no grau de importância, ou seja, tempo e orçamento ainda são os fatores mais estimados pelos clientes. Todavia, atendimento, sortimento e qualidade dos produtos não são, de forma alguma, irrelevantes.
A sondagem do Sincovaga consultou os consumidores também em relação ao número de vezes em que realizam suas compras ao longo do mês. A maioria dos consumidores entrevistados (38,2%) afirmou ir uma vez por semana ao supermercado, seguidos por duas vezes por semana e uma vez por mês, ambas as opções com 24,5% das respostas, sendo que 12,7% vão mais de duas vezes por semana ao supermercado.
Este aumento de frequência denota por um lado a diminuição por parte do público do hábito das compras de mês, assim como abre aos varejistas oportunidades de desenvolver estratégias de promoção. Nesse sentido, adquirir apenas o que necessita para a semana foi a opção de 35,3% dos respondentes, seguida pelo hábito de aproveitar promoções e planejar as compras para o mês, ambas as respostas com 26,5%, enquanto 11,8% adquirem apenas o que precisa para um ou dois dias.
Finalmente, perguntados sobre a expectativa em relação à economia, 29,4% dos respondentes acham que vai melhorar; 35,3% que vai piorar e 35,3% que vai ficar como está. O consumidor está ainda muito cauteloso, e não é para menos em um ano tão cheio de incertezas como 2018 tem sido. Após as eleições, a tendência é que esse quadro se torne mais claro e, quem sabe, as respostas fiquem mais otimistas.
Fonte: Portal Newtrade - 22/10/2018