Contratar bufê infantil, fazer orçamento da reforma do sofá ou da pintura do carro e, até mesmo, marcar hora no salão de beleza. Pelo menos sete de cada dez pequenos negócios no país já fazem todas essas tarefas pelo WhatsApp, serviço de troca de mensagens pelo celular. O aplicativo tornou-se a ferramenta de trabalho mais usada por esse universo de empresários e desbancou o Facebook, maior rede social do mundo. No Brasil, ele já é utilizado por 120 milhões de usuários mensais.
Pesquisa feita pelo Sebrae mostra que 72% das pequenas empresas do país já utilizam o WhatsApp como ferramenta de trabalho. Apenas 40% têm perfil no Facebook, e 27%, um site na internet. O levantamento foi feito com 6.022 pequenas empresas do país, no primeiro semestre. O aplicativo, segundo a pesquisa, é utilizado principalmente para disponibilizar informações de produtos, atender clientes e vender. “Na crise, o uso dessa ferramenta cresceu. O empreendedor que não tem uma loja física, trabalha no mundo virtual ou tem um pequeno home office, usa esse aplicativo, que não tem custo e amplia o universo de clientes”, explica Guilherme Afif Domingos, presidente do Sebrae.
Este é o caso do tapeceiro Antonio Ribeiro Pádua, que tem um pequeno estabelecimento de reforma de estofados na Zona Sul de São Paulo. Ele avalia que, depois que ingressou no mundo digital, por meio do WhatsApp, a procura por seus serviços praticamente triplicou: “Hoje, atendo clientes de diferentes regiões da cidade. Muita gente passa em frente à loja, anota o número do WhatsApp e depois pede orçamento. Antes, estava mais restrito às pessoas do bairro que vinham pessoalmente à loja”, diz.
100% digital
A Allwood, que produz óculos com armações em madeira, praticamente nasceu no mundo digital. Quatro anos atrás, seus sócios, Jorge Lutfi e Mariana Lutfi (pai e filha) moravam em São Paulo e Porto Alegre, respectivamente, e só se falavam via WhatsApp. “Mandávamos fotos das planilhas, dos arquivos, do pagamento de contas. Hoje, participo de feiras, e, depois, a maior parte dos contatos é feita via WhatsApp”, conta Mariana.
Ela atualmente usa a versão business do aplicativo, lançada em janeiro no Brasil e que permite aos empreendedores separar clientes e fornecedores em grupos distintos, agendar mensagens e criar respostas automáticas, tudo por um número telefônico do próprio aplicativo e não de uma operadora. A ferramenta expandiu a atuação da empresa em países como EUA, Suécia e Itália. Segundo dados do WhatsApp, pelo menos três milhões de usuários no Brasil já utilizam a versão business.
Para Rodrigo Ricco, presidente da start-up Octadesk, especializada em relacionamento com consumidores, o uso excessivo do WhatsApp pode ser ruim, assim como aconteceu com as malas diretas por e-mail. “Essas mensagens indesejáveis acabaram virando o spam. Com o WhatsApp pode acontecer a mesma coisa. É preciso bom senso”, avalia Ricco.
Fonte: O Globo - 12/09/2018