Não é difícil achar ambientes de trabalho em que responder e-mails fora do expediente e levar trabalho para casa se tornaram parte da rotina. Um novo estudo da Universidade de Zurique, no entanto, chega como alerta para quem adotou esse estilo de vida.
Pessoas que não criam limites entre a vida pessoal e profissional reportam níveis mais baixos de bem-estar e mais altos de exaustão. Fazer atividades voltadas para o relaxamento e lazer é, segundo os pesquisadores, essencial para garantir a saúde.
A pesquisa, publicada no “Journal of Business and Psychology”, teve participação de quase dois mil funcionários de empresas de diversos setores localizados em países germânicos. Deles, metade disse trabalhar mais de 40 horas por semana, enquanto 37,7% trabalhavam entre 30 e 39 horas/semana. Eles responderam questionários sobre a frequência com que levavam trabalho para casa, trabalhavam nos fins de semana ou se preocupavam com atividades profissionais durante o tempo livre.
Os participantes também indicaram se tinham tempo para relaxar participando do que os especialistas consideram “atividades restauradoras”, como socializar com amigos ou a família, praticar esportes ou hobbies e dedicar qualquer período ao relaxamento. O nível de bem-estar dos participantes foi medido com base no nível de exaustão física e emocional e no senso pessoal que cada um reportou de equilíbrio ente trabalho e o resto da vida.
Os participantes que não organizavam uma separação clara entre o trabalho e o tempo livre acabavam participando com menos frequência de atividades que os permitissem relaxar e se recuperar do trabalho. Isso os levou a registrar mais exaustão e menos senso de bem-estar em diversos aspectos da vida.
Para Ariane Wepfer, pesquisadora do Instituto de Epidemologia, Bioestatísticas e Prevenção da Universidade de Zurique e uma das coautoras do estudo, faz parte do interesse das empresas garantir que sua cultura organizacional e políticas internas ajudem os funcionários a gerenciarem os limites entre a vida profissional e pessoal com sucesso – do contrário, os efeitos podem eventualmente aparecer nos resultados financeiros. “Ter o bem-estar debilitado leva à redução de produtividade e da criatividade”, afirma.
Fonte: Valor Econômico - 18/12/2017