Você certamente já ouviu falar de Stephen Hawking, físico teórico britânico, que teve sua vida retratada no filme indicado ao Oscar “A Teoria de Tudo”. Ele faleceu em março deste ano. Mas além de sua dedicação à academia, ele também entendia sobre carreira. Em uma entrevista ao telejornal da ABC World News, o cientista foi questionado sobre qual conselho ele daria a seus filhos. Ele afirmou que o “trabalho dá significado e propósito, e a vida está vazia sem ele”, segundo informações da BBC.
Essa filosofia pode se aplicar a todos nós? A vida fica vazia sem um emprego que não apenas dê dinheiro, mas que também seja uma realização pessoal?
Para Anat Lechner, professora de administração da Universidade de Nova York, o que Hawking afirmou pode se aplicar a qualquer pessoa. Para ela, é uma questão de compreender o que você gosta de fazer para conseguir ter essa realização pessoal no emprego. Quando você gosta muito do que faz, é mais difícil separar o hobby do trabalho, e por isso fica mais fácil ser feliz mesmo com as dificuldades do dia a dia.
Sally Maitlis, professora de comportamento organizacional e liderança da Universidade de Oxford, pensa de outro jeito. “Se você gosta do que faz, pequenos problemas que eventualmente vão aparecer não afetam, nem fazem você desistir. É bom para o indivíduo e para a empresa. Mas quando você ama isso ao ponto de ser absolutamente essencial para como você se entende e sobre qual é a sua contribuição para o mundo, isso pode ser prejudicial”, diz.
Maitlis explorou essa noção em conjunto com Kira Schabram, professora de administração da Universidade de Washington, em um estudo sobre 50 trabalhadores de abrigos de animais nos EUA. Segundo elas, muitas pessoas foram atraídas pelo emprego por causa de um amor infantil por animais ou pela crença de ter as habilidades certas para fazer a diferença.
Como resultado, os trabalhadores faziam horas extras, se ofereciam para turnos noturnos, compartilhavam ideias constantemente. Mas muitos eventualmente se esgotavam ou ficavam frustrados. Eles tinham que lidar com a eutanásia em animais, ou a falta de recursos e a má gestão dos abrigos. Alguns eventualmente desistiram.
Ainda assim, Maitlis concordam que escolher uma carreira que lhe dê uma bússola interna de propósito tem absolutamente efeitos positivos em sua vida. Mas encontrar um trabalho que seja assim pode ser difícil para muitos.
Amy Wrzesniewski, professora de comportamento organizacional na Universidade de Yale, também aponta para uma visão de mundo auto-sabotadora que proíbe as pessoas de encontrarem as coisas de que gostam.
Algumas pessoas pensam que “você tem que descobrir o que gosta, o que ama – quase como se fosse necessário para formar uma identidade no mundo”, diz Wrzesniewski. “Só que essa pressão pode se transformar em ansiedade e não ajuda em nada”, afirmou. Ao invés disso, o processo pode ser mais experimental, por tentativa e erro, segundo ela.
Buscar o que você ama pode lhe dar a energia bruta que combina carreira e identidade. Isso permite que o seu trabalho lhe dê maior significado e propósito além de perseguir promoções ou pagar contas. “Quando você está tão imerso no faz, você se torna parte daquilo. Eu acho que Hawking tinha isso”, diz Lechner.
Fonte: InfoMoney - 16/05/2018