O planejador financeiro Carl Richards sempre se considerou um profissional produtivo. Escritor de livros sobre finanças e colunista do jornal “The New York Times“, ele passa a maior parte do tempo em seu escritório em casa. Certo dia, sua esposa o fez uma pergunta que chegou a deixá-lo ofendido: “Quanto tempo você passa semitrabalhando?” Oi, como assim? Richards estava dando duro de verdade — escrevendo, planejando, gravando. Ele não estava “semitrabalhando”. Estava trabalhando, ponto.
O profissional decidiu então investigar a fundo quanto tempo estava desperdiçando (se é que estava). O melhor: as técnicas usadas por ele nessa jornada podem ser replicadas por qualquer pessoa que esteja reclamando por falta de tempo.
“Claro, passava algum tempo semitrabalhando enquanto checava o Twitter ou lia o site da ESPN, mas certamente não devia ser tanto tempo assim”, escreveu Richards no “NYT”. “Ainda assim, dada a séria acusação de minha esposa, decidi que era hora de provar que eu não estava desperdiçando meu tempo.”
Para fazer uma medição precisa dos minutos que ele estaria jogando fora, instalou um aplicativo em seu computador chamado Rescue Time. Trata-se de um programa que mapeia automaticamente tudo que você faz. O usuário pode ainda categorizar atividades e sites como produtivos ou improdutivos. Como as atividades de Richards envolviam quase sempre o computador, era uma boa maneira de medir.
A fim de garantir que ele não iria se distrair com o celular, decidiu apagar quase todos os aplicativos que não fossem de extrema importância. Assim, ficava mais difícil interromper o trabalho para dar aquela olhada no Instagram. Todo o resto não mudou — Richards tentou utilizar o computador da mesma maneira de sempre.
No fim do mês, olhou o resultado. E ficou desolado. Sim, sua esposa estava certa. “Eu passei 45 horas e 38 minutos em coisas que eu categorizei como improdutivas. Procurei por possíveis erros na análise e não encontrei nenhum”, diz Richards. Isto é, naquele mês, tinham sido duas horas e meia por dia de trabalho só fazendo… o que não era trabalho.
Os resultados vieram como um alerta e Richards decidiu escrever sobre a experiência. “Encontrar tempo é difícil. Muitas vezes, eu penso em todas as coisas que faria se pudesse encontrar tempo”, relata. E dá um conselho: “Saia em sua própria caçada por tempo.”
O raciocínio é bem simples: se você não consegue encontrar tempo, está na hora de sair para procurar onde ele se escondeu.
Fonte: Época Negócios - 19/07/2017